terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Não durmo

Não durmo
Estás aqui
Deitada comigo
Não te toco
Tenho medo que vás
O teu cheiro
O teu respirar
Aqui perto de mim...
Não durmo
Não posso dormir
Porque estás aqui
O teu corpo
Aquecendo o meu
Mas não te toco
Tenho medo que vás...
Os teus olhos
O teu cabelo
Tudo em ti
Estou feliz
Porque estás aqui
Em silêncio sorrio
Estou imóvel
Não te toco
Tenho medo que vás
Não abro os olhos
Tenho medo que seja sonho...

5/Dezembro/2004

És tu

Estava frio
Vagueando pela estrada
Senti o meu olhar nublado...
E no meu corpo a insegurança da noite...
Procurei o mar... como noutras lágrimas...
Encontrei-o sereno... Esperando-me...
Perguntei ao mar pelo sentido da vida
Mostrei-lhe os meus olhos tristes
E o mar murmurou nas suas águas as letras do teu nome
E a minha alma sentiu o mesmo arrepio que me percorre
Sempre que beijo a tua pele...
A meus pés... as ondas adormeciam serenamente
Deixando na areia as pégadas do teu caminho...
E procurei-te....
Senti o teu cheiro...
Disse ao mar que te amava
E ele desenhou o teu rosto com a luz da lua...
Pedi-lhe guarida para as lágrimas...
Prometeu-me que as levava com ele...
Para as entregar nas tuas mãos...
O sentido da vida
Percebi-o nas ondas do mar...
Onde vi o meu sonho... onde vi o meu amor por ti...
És tu, minha princesa... és tu...

11/Dezembro/2004

Escrevo

Escrevo-te estas linhas
Na esperança de que me ouças gritar o teu nome...
Deixo em todas as letras cada um dos meus pensamentos por ti
Esperando que vejas como te guardo dentro de mim...
Escrevendo vou voando pelos meus sentimentos
Em cada palavra que desenho... imagino os teus olhos
Fazendo parte de tudo quanto te quero dizer...
Fico desejando que possas entender
Porque respiro ao ritmo dos teus passos...
Escrevo-te um beijo com cores de saudade
E não resisto a juntar-lhe uma lágrima
Na esperança de que te comovas
E me sorrias como só tu sabes sorrir...
Escrevo...
Porque escrevendo sinto a coragem dos heróis
Esqueço os medos que me roubam o luar das noites...
Porque escrevendo olho em teus olhos
E te deixo navegar nos mares que se revolvem em mim
Cada vez que meu corpo nervoso se sente perto do teu...
Escrevo-te meus desejos... meus sonhos... minhas fantasias
A maneira como te contemplo
Como te reinvento noite após noite...
Escrevo a tua beleza... a tua suavidade
A tua forma de seres única...

28/Outubro/2004

Folha em branco

Convidei uma folha em branco a ouvir o meu amor
Queria muito falar-lhe de ti
Da paz que consigo viver ao teu lado..
E nessa folha em branco fui tentando descrever
Todas as emoções que diariamente recordo como se as vivesse nesse instante.
Fui tentando relatar todos os olhares que descobri em ti
Todas as lições que me ensinaste
Toda a música que teu corpo toca
Todo o céu que me pertence sempre que nos meus sonhos
Louco me sinto voando para ti...
Escrevo linhas sem fim
Porque cada momento contigo
É um conjunto de coisas extraordinárias
Inexplicáveis por simples palavras
Cada toque na tua pele é um somatório de experiências
Que só perto de ti se podem viver.
Escrevo sobre o prazer
De sentir o mundo parar quando te olho
De sentir uma brisa que me percorre inteiro
Quando me aproximo de ti
Sobre o prazer de pegar a tua mão
Sentir a delicadeza da seda
E beijá-la como se fosse uma flor...
Folha em branco...
Se ao menos ela soubesse o tanto que te quero dar
O tanto que te quero amar...

20/Outubro/2004

segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Amanhecer por ti

Ver-te
Fim de viagem
Amanhecer por ti
Dar-me...
Todo...
Inteiro...
Sem me querer
Sem me retalhar...
Ver-te
Alma trémula
Mãos inseguras
Chorar por chorar
Ver-te
Emudecer...
Esquecer...
Aprender...
Ver-te...
Ter-te...
Querer-te...
Sempre...
Para sempre...

30/Janeiro/2005

Até sempre

Como me sinto?
Não sei...
Não sinto nada
Mas sinto tudo...
Tudo prestes a nascer.
As flores espreitam
Os pássaros afinam os últimos acordes
O sol insiste em me dar a luz
Não sinto nada!
Mas estou perto de sentir tudo...
Estou tranquilo...
Vejo um caminho
Sigo-o...
Sem a certeza de que é o certo
Mas vou tranquilamente
Seguro de que, voltando
Encontrarei o rumo
Que me trará de volta ao ponto de partida...
Digo até já...
Secretamente, despeço-me até sempre...

Dezembro/1999

Frio estranho

Um frio estranho gelou meu coração
No escuro um labirinto de sombras desconhecidas
Apagou teu rasto... levou teu cheiro...escondeu teu olhar...
Vi-me sozinho junto a um abismo
Que tantas vezes quis saltar.
O meu mundo não existe mais...
Procuro nas gavetas
Pormenores de ti...
Percorro todos os recantos
E em nenhum deles te ouço...
Versos de amor trazem-te de volta
Numa recordação... numa saudade imensa
Que não quero medir... que não posso medir...
Em mim és saudade... dor...
Sorriso tristeque por ti espera
Olhar sem chama que te aguarda...

24/Setembro/2004

domingo, 29 de janeiro de 2006

Onde estás?...

Onde estás?

Onde estás?
Procuro-te nos meus braços e não te encontro...
Procuro-te nos nossos lugares
Nos caminhos que sabemos de cor
E não te encontro...
Onde estás?
Onde estás, meu amor?...
Quero mostrar-te esta saudade
Esta dolência em que repouso
Desde que o Sol abandonou o céu
E levou com ele a Lua e as estrelas
Onde estás?...
Quero pintar o teu corpo nas minhas mãos
Ouvir no vento a doçura da tua voz...
Quero mostrar-te a vida que construí
Com a saudade dos nossos momentos...

9/Fevereiro/2005

Estás tão longe

Uma noite destas conversei com a Lua
Perguntei-lhe se te via
Lá do seu lugar no céu...
Respondeu afirmativamente
Dizendo que dormias...
Perguntei-lhe se continuavas bela
Como na última memória que guardo de ti...
Se o brilho do teu sorriso ainda lhe provocava inveja...
Acenou num gesto... dizendo que sim...
Pedi-lhe que desenhasse os contornos do teu rosto
Para que te pudesse ver...
Ela pegou em todas as estrelas
E pacientemente foi construindo
Os teus traços, princesa...
Sentei-me à beira do mar
E ouvindo o murmurar das ondas
Fui-te descobrindo no céu...
Os teus cabelos macios
Teus olhos adormecidos
Teus lábios serenos...
Enquanto chorava de felicidade
Relembrei todas as imagens que de ti guardo...
Com o olhar cheio de lágrimas vejo-te no céu...
Milhões de estrelas desenhando o teu rosto...
Quero... tocar-te... sentir-te...
Mas estás tão longe...
A Lua abraça-me
E o seu luar acalma o meu coração...
Peço ao vento que te leve um beijo meu
E nesse instante...
As estrelas compõem o teu sorriso
E nos meus lábios
Sinto a frescura da tua pele...

25/Novembro/2004

Perdido

Perdido me sinto…
Sem ti…
Sem sangue que me corra nas veias
Sem amanhã que me sossegue...
Sem ti…
Perdido me sinto…
No centro do Mundo
Sem Mundo…
No meio de olhares
Sem olhos…
Tocado por mãos
Sem tacto…
Sem ti…
Sem paz...
Com ferida no peito
Com dor na alma...
Perdido me sinto
Sem ti…
Sem o brilho das coisas brilhantes
A beleza das coisas belas
Sem um sonho... um caminho... ou um tesouro…
Sem ti…
Perdido me sinto…
Perto de um mar que secou
Sentindo um vento que não sopra
Olhando um céu sem estrelas nem Lua…
Sem ti…
Perdido me sinto…
Desejando que me encontres…

3/Dezembro/2004

Confissões

Eu confesso...
Amar-te é loucura
Que sinto e não meço...
É luz que perdura
Na noite em que te espero
É sono que não tenho
Beijo em que te quero
É pedaço de vento
Em que vou e venho
É esquecido lamento
Num sorriso inventado...
Amar-te é doçura
É compasso ritmado
Longínqua amargura...
É mão que te sente
É olhar que chora
Por teu corpo ausente...
É sonhar um gesto teu
É face que cora
Por um beijo que se deu...
Amar-te é magia
É invejar o teu dia
É viajar à tua lua
Adormecer num abraço
Declamar-te num traço
Pintar-te nas paredes da rua...
Amar-te é pensamento
É guardar-te no Sol
Sonhar-te ao luar
É doce momento
Que gosto de recordar
No meu coração mole
Amar-te é sorriso
É sentir que te preciso
Correr para te ver
Para te cheirar
Para te sentir e te ter
É batida acelerada
Que não consigo acalmar
É longa madrugada
Em que te completo
Amar-te é coração repleto
De canções de amor
É peito cheio de dor
Com a mágoa da saudade
É sonho sem idade
Carinho que te dedico
Estado de alma em que fico
Quando te olho assim
Como flor num jardim
Amar-te é destino
É desejar-te sem tino
Querer-te loucamente
É olhar que não mente
É lágrima que te sente
Amar-te é loucura
De que vivo e me alimento
É tua voz no vento
É tranquilidade que dura
É razão de existir
Porque amar-te é vida
É poção, é elixir
É ter a alma perdida
Amar-te é como me sinto
É verdade que não finto
E a ti me entrego sem hesitar
Sem sequer ousar pensar
Que um dia poderás partir
Desaparecer do meu mundo...
Deixar-me num sono profundo
De que jamais quererei sair...

6/Novembro/2004

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Perto de ti

Perto de ti
Sou tudo...
Perto de ti
Sou alto... sou bonito... sou forte...
Mas também baixo, feio e fraco...

Ao pé de ti
Sou capaz de ser tudo
Sem deixar de ser apenas eu...
Sou poeta... sou pintor
Sou um riso alegre... um choro com dor...

Perto de ti
Estou quase a ser tudo
Sem chegar a ser coisa alguma
Sou carente... sou triste... sou dormente ou cheio de vida...

Perto de ti... sou tudo...
Sabendo que continuo a ser eu mesmo...

15/Setembro/2004

Dormes

Olho para ti
E vais dormindo…
No silêncio fico ensaiando
Mil maneiras de te falar do que sinto…
Em nenhuma delas tive a coragem...
Já escrevi e reescrevi tantos poemas de amor
Que não passam da primeira linha...
Enquanto te pinto,
Nos meus sonhos vou sentido a tua pele nos meus beijos,
O teu respirar nas minhas mãos...
Vais dormindo…
E vejo-te sorrindo…
Em silêncio fico desejando que seja por mim…
Que mesmo sem o ter dito
Tenhas descoberto
O que trago comigo para ti…

13/Setembro/2004

Impossibilidade

Não sei como pretendes
Passar despercebida aos meus sentidos
Mas aviso-te de que é impossível...
Quem te manda ser
Água, ar, pedra, flor e montanha...
És tudo em ti...
Nada além de ti...
Aviso-te de que é impossível...
Esconderes-te atrás desse espelho que não te reflecte
Essa névoa que constróis à tua volta
E onde desenhas os teus defeitos...
Já há muito te descobri...
Já há muito sei da harmonia do teu movimento...
És tu quem amo...
A mulher de doce mar
Os olhos de ternos beijos
A mulher que sabes existir em ti
Mas que enclausuras em labirintos de medo...
És tu quem amo
E aviso-te de que é impossível
Acreditar nos teus fantasmas
Aceitar as roupas negras com que te vestes e te mascaras
Apenas para enganar o teu dia...
Porque já te senti essência
Já te senti corpo e alma passeando em minhas mãos...
O verdadeiro tu que amo...

13/Abril/2005

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Amor contigo

Fiz amor contigo...
Não de corpos suados... de beijos loucos...
Mas um amor de olhares
Um amor de gestos...
Em que suavemente beijei
Todos os recantos do teu rosto...
Um amor em que eras flor
E eu... água borrifada em tuas pétalas

Fiz amor contigo
Mas não um amor frenético feito de instintos e paixão...
Antes um amor sereno
Construído com as nuvens...
Amor em que tu és o Sol
E eu o céu que iluminas...
Um amor tecido de seda
Um amor inocente...
Onde a minha mão e a tua timidamente se tocam...

Fiz amor contigo
Sem o coração acelerado
Sem a loucura do desejo...
Um amor feito de sonho e sorriso...
De insantes tão doces que todo o mundo pára
Invejando a paz que emanamos...

Fiz amor contigo no meu sonho
Um amor profundo...
Em que te dei a minha alma...
Em que cada toque no teu rosto
Foi emoção incontida...

Fiz amor contigo
Na mais bela das suas formas
As formas com que te revelo o meu coração...

25/Novembro/2004

Na rua chovia...

Na rua chovia

Na rua chovia
A água caía
E eu nada via

Virei-me para ali
E foi quando me vi
Tão perto de ti

Com tanta emoção
Deixei pelo chão
O que tinha na mão

Fiquei sem saber
O que havia de fazer
Só queria te ver

A tua mão beijei
O teu rosto olhei
E para dentro chorei

Lembrei-me do mar
Da solidão ao luar
E de tanto te esperar

Lembrei-me da magia
Do teu olhar de alegria
E uma lágrima corria

Abracei-te no vento
E naquele momento
Senti-me sedento

De todo o desejo
De sentir um beijo
Do amor como o vejo

Então vi-te partir
Querendo te seguir
Mas sem conseguir

Vi a tua imagem
Perder-se na paisagem
Como uma miragem

E sozinho fiquei
Sem saber se sonhei
Se num pesadelo entrei

Resta-me a vida
Tantas vezes sofrida
Tantas vezes ferida

E uma ténue esperança
Como um sorrir de criança
Enquanto a alma se não cansa

Guardei a tua luz
Que tanto me seduz
E à menoridade me reduz

Tenho-te em mim
E sempre será assim
Minha flor, meu jardim

29/Dezembro/2004

Tortura

Lembro a cor do teu beijo...
O teu sabor...
Da sede em meus lábios...
Fecho os olhos para melhor te provar…
Estremeço…
Quase enlouqueço…
Suave tortura que me deixa feliz…

13/Abril/2005

Salvação

Quem me salva?
Quererei eu salvação?
Preciso mesmo de ser salvo?
Sei lá...
Sinto-me bem...
No fundo sinto saudades
Das minhas lágrimas frias,
Das noites de solidão
Em que as paredes do quarto
De tão geladas me aquecem a alma... me aconchegam o pensamento...
Sinto saudades da tristeza
Saudades de olhar e não ver nada.
Que prazer tão sem prazer que me faz tão feliz...
Eu e o mundo...
Que felicidade suprema...
Eu e o mundo, não...
Apenas eu...
Nem o mundo me quer...

Junho/1999

Recordações

Lutar é vontade que não tenho,
Lutar é solução que não alcanço,
É vento em que vou e não venho,
É estrada em que ando e me canso

Lutar pelo que não acredito,
Lutar por um amor maldito
Que me corroeu o coração
E me trouxe de volta a solidão

Não, chega de tentar fugir
Da verdade que tenho de viver
Não, chega de querer iludir
O que o destino tem para oferecer

Sonhar... sim, mas já nem isso.
A noite escureceu assustadora
E tenho tudo o que preciso
Para uma melancolia tentadora

O amor é agora impossível,
A sua visão torna-se nublada,
A sua falta adivinha-se terrível
Para a minha alma dilacerada

Nada pode ser como era,
Não quero voltar a sofrer.
O meu mundo é uma esfera
Onde procuro me esconder

A emoção está controlada,
O coração foi aprisionado
Por uma razão já cansada
De um amor condenado

Estou solitário, sou solitário
E tento expiar minha amargura
Nestes versos sem destinatário
Testemunhos da minha loucura

Loucura que não enlouquece,
Sede que não pode ser saciada,
Uma verdade que não aparece
Quando a vida é menos que nada

A solidão não me dá dor,
A solidão é-me até familiar,
É antes uma forma de amor
Para a minha mágoa aliviar

Os meus olhos imploram chorar
Para que possam finalmente
Conseguir em paz descansar
De olhares que me deixam dormente

A esperança já não abunda
Num coração profundamente ferido
E é a alma que se afunda
Entre pensamentos sem sentido

Já nem sinto triste a tristeza,
Em nada muda o meu dia.
E contudo, sempre a certeza
De que é pouco mais que sombria

Escrevo o que sinto,
E vou sentido o que escrevo.
Falo de mim mas minto,
Não falo a verdade, não me atrevo

Vivo mas não respiro,
Olho mas não vejo
Quando nada a que aspiro
É aquilo que desejo

É triste? Não, é a vida.
São os caminhos errados,
Noites de alma sofrida,
De sonhos já toldados

Em tempos tudo foi diferente,
A brisa trazia frescura,
O sol era resplandescente,
A alegria era imensa e pura

E tudo acabou
E tudo se desvaneceu.
O amor me abandonou
E o sonho se esbateu

Tinha uma vida e ela foi roubada.
Tinha um coração e ele morreu.
E agora que não tenho nada
Olho as cinzas do que ardeu

Recupero o que se salvou,
Procuro algo onde nada existe,
Procuro o que não se esfumou
Para não me sentir tão triste

Recordar é viver
E eu vivo para recordar,
Recordo para não morrer
E morro por só recordar...

Maio/1999

quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Facas de seda

Facas de seda...
Sinto-as leves no corpo…
Punhais de frases
De lâminas transparentes…
Seco a garganta
Em correrias loucas atrás do que corro atrás...
Afogo-me numa gota de água
Sem precisar da chuva
Sem necessitar da noite...
Adormeço numa peça de teatro
Com cenários de pensamentos
Com guiões de pesadelos
Entre actores desconhecidos...
Tenho nas mãos a vida que não sinto
E pergunto-me onde estou…
Se alguém me reconhece…
Se ainda me reconheço…
Ouço-te na plateia onde sempre estiveste
De onde nunca saíste…
Onde sei que sempre estarás…
E choro sorrisos tontos
Que guardas no teu coração…
E o frio acaba…

22/Abril/2005

Quero tocar-te...

Quero tocar-te

Eu quero tocar-te da cabeça aos pés
Explicar-te porque adoro o teu corpo inteiro
Quero dar-te um beijo... depois dar-te outro
E sentir-me assim louco quando não te vejo
Quero ver o teu sorriso e tê-lo só para mim
Sentir o teu coração bater perto do meu.
Quero guardar-te bem nos meus braços
Sentir-me estremeçer quando dizes que me amas.
Quero sentir a tua pele... fria... quente.
E sentir os teus lábios massajando a minha...
Quero ter-te nas minhas mãos e não te perder
Sentir o teu corpo chamando p'lo meu...
Quero amar-te devagarinho até à eternidade
Quero ouvir os teus olhos falando de amor
Sentir o teu toque falar de saudades
Quero sentir-te adormecer dentro do meu peito.
Para depois olhar para ti
E sentir-me feliz... muito feliz mesmo...

Maio/2000

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Amo-te

Amo-te em silêncio
Sem palavras...
Porque te olho e te amo
Porque te penso e te amo...
Amo-te quando adormeço
E te sonho uma flor...
Amo-te quando acordo
E o sol traz o teu calor...
Amo-te quando os ventos
Me segredam o teu nome
Quando os mares
Me refrescam com a tua pele...
Amo-te quando caminhas e me fazes seguir-te...
Amo-te quando me olhas e me embaraças com teu carinho...
Amo-te quando me tocas e estremeço de felicidade...
Amo-te quando sem ti desejo que venhas...
Amo-te em silêncio
Com todas as palavras...

19/Setembro/2004

Volta

Volta...
Volta para mim que estou aqui
Riscando todos os segundos
Num interminável calendário...

Volta...
Que te preciso...
Tanto que já não guardo o vazio que me doi no peito
A parte de mim que ficou perdida
Algures no caminho que traçaste...
Fecho os olhos para não ver a solidão
Para não ver os locais que não visitas
As frases que não dizes...
Ficou ouvindo canções de amor que me falam de ti
Em todos os acordes e em todas as notas...
Uma lágrima...
Depois muitas...
Trazem o teu sabor pelo meu rosto
E por instantes sinto um beijo teu...

24/Setembro/2004

Partes

Partes...
Vejo na esquina
A solidão que me espera...
Mas sinto a vontade de lhe dizer não...
A vontade de lhe fugir...
Porque tenho na alma
A serenidade da tua voz...

Vejo a solidão que me espera
Mas vou transformá-la em poesia
Vou enfeitá-la com as estrelas que brilham nos teus olhos
Vou moldá-la com os teus gestos...
Colocar nos seus passos a harmonia do teu corpo...

Vejo a solidão
Sinto-a tomar conta de mim
Mas vou mostrar-lhe
Cada momento que nos une
Partilharei com ela
O teu rio que corre em mim...
Vou dizer-lhe
Que nunca mais me sentirei só
Mesmo que esteja sem ti...
Chorando... sorrindo...
Mas nunca mais me sentirei só...

4/Fevereiro/2005

Incapacidade

A incapacidade de te absorver inteira
Remete-me para as paisagens de um mundo quase perfeito
Onde a insignificância do que sou
Se perde perante a vastidão das belezas eternas...
Perto de ti são inexplicáveis
Todas as coisas explicáveis
Porque em nenhuma delas
O conteúdo que as faz acontecer
Se assemelha ao que tens em ti.
Onde tu estás o tempo não existe
Porque és a dona de todas as horas
E o Sol e a Lua esperam ordens tuas
Para se revezarem no azul do céu...
Porque és...
É inevitável o amor por ti...
Consequência lógica
De entender o que te compõe
E que faz de ti a flor
E que faz de ti a música
E que faz de ti a ternura
Porque és...
Pertences a todos os momentos
E tudo o que te rodeia vive porque tu também vives
Porque és...
Fazes de mim louco apaixonado
Com sede de palavras para te idolatrar
Porque és...
Digo amo-te...
Porque a negação do sentir
É pior dor do que não chegar a sentir...

13/Outubro/2004

Alma que padece

Queria falar-vos do que sinto
Para que me entendam...
Queria mostrar-vos a minha dor
Para que me ajudem.
Mas como posso fazê-lo
Se nem eu a consigo medir...
Queria falar-vos dos meus olhos
Daquilo que eles não vêem,
Falar-vos das minhas mãos
E das carícias que elas escondem...
Falar-vos dos meus lábios
E dos beijos que já esqueceram
Queria mostrar-vos o meu sorriso
Mas não sei onde o perdi...
Queria mostrar-vos onde vivo
Mas não vivo em parte alguma...
Queria estender a mão e agarrar-vos com vigor
Mas a força que me resta é insuficiente para o fazer...
Queria beijar toda a gente
Mas deixaram-me só...
Queria a luz do sol
Mas escurece...
Queria dormir com a Lua
Mas hoje não há luar...
Queria apenas viver
Mas sinto a minha alma padecer...

Dezembro/1999

E amar-te

Os mares
As montanhas
As árvores
E amar-te...

O Sol
A Lua
As estrelas
E amar-te...

Um sorriso
Um abraço
Um sonho
E amar-te...

Ver
Sentir
Tocar
E amar-te...

4/Fevereiro/2005

Sabes o amor...

Sabes o amor, querida?
Aquele local inabitado, inóspito
Que a todos amedronta?…
É para lá que vou…
Guiado pela Lua em quem muito confio…
É para lá que quero ir
Sem medo de me abandonar
Sem receio de me esgotar…
Já não consigo voltar atrás
Já não posso voltar…
Já não quero voltar atrás…
Tenho este sorriso que aprendi contigo
Esta paz que me ajudaste a descobrir…
É impossível desamar-te…
Tanto quanto é impossível viver sem coração…
Tudo tem razão de existir se tu existires…
És a transparência dos rios
O azul salgado do mar…
És indescritível
Porque és feita de sonho…
És feita de rimas
Tudo é alma se te sentir
Tudo é vazio se te perder…
Amo-te com olhos de lágrimas
Com braços de saudade
Amo-te com brisas do pensamento
Com silêncios de melodia…
Amo-te por todas as razões
E por nenhuma razão…

6/Abril/2005

Mar de saudade

Repouso num mar de saudade
Desde que vi teu rosto pela última vez...
A lua confessa-me que já vai longa a noite
Interminável como todas as outras...
Mas que posso eu fazer
Se em todas as estrelas
Vejo a luz que teu sorriso erradia...
Se em toda a memória
Coloco uma parte de ti...

O mar fala-me do teu sabor
E de como o senti nos meus lábios
Fala-me da frescura da tua pele
E de como a senti nas minhas mãos...
De como flutuei nos teus braços
Como se fosses tu o próprio mar...

Encontrei o vento
Perguntei-lhe por ti
Pedi-lhe que me trouxesse
O aroma dos teus gestos
O cheiro das tuas palavras
Neste mar de saudade
Pude sentir a magia dos teus olhos
De como vejo através deles
De como vejo imagens de raras pequenas grandes coisas
Que fazem o que és...
Pequenos pedaços da tua alma
Que me fazem sentir a verdadeira saudade
De ti que estás sempre comigo
E que guardo no melhor lugar que tenho,
Onde nenhuma dor... nenhuma mágoa... nenhuma lágrima ousará importunar-te...
Neste mar de saudade onde repouso
Fico olhando para ti
Neste coração onde te guardei...

17/Outubro/2004

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Simplicidades...

Ama como a estrada começa...


por Mario Cesariny

Decorei as cores

Decorei todas as cores
Para as dizer um dia
No teu coração...
Colhi todas as flores
Para numa noite de melancolia
Te perfumar a solidão...

Pintei todas as ruas
Para nelas caminhares
E as sentires como tuas.
Esculpi todos os granitos
Para que todos os teus pesares
Se tornem mais bonitos...

Toquei todas as melodias
Para te adoçar o mundo
E te encantar com magias.
Dei-te todo o amor que tinha
Para que o visses profundo
Sempre que estivesses sozinha...

Dei-te tudo
E agora não tenho nada
Excepto um choro mudo
Na alma abandonada...
Dei-te o que era meu
Com a alegria de me ver teu
Como se a minha vida
Fosse então tua
E em ti encontrasse guarida
Longe do frio da rua...

Dei-te o meu coração
Para não sofrer
Agora olho à minha volta
E sem uma recordação
Sinto-me morrer
Sem dor, sem revolta...

Dei-te tudo o que tinha
Sou eu... sou assim
É uma história muito minha
É o meu céu, o meu mar
O meu pequeno jardim
Em que sonho o meu amar
Onde choro os meu lamentos
Onde a paz me vem abraçar
Quando todos os meus tormentos
Me impedem de respirar...

Vou ficar por aqui agora
Não quero rir, não quero olhar
Mandarei os sonhos embora
Para que não me volte a enganar
Para que não volte a cair
Nas tentações que a toda a hora
Doces me vêm seduzir...

Despeço-me do amor
Viro as costas para não o ver partir
Enquanto acarinho a dor
De nunca mais o querer sentir...

10/Setembro/2004

Gaveta

Abri a gaveta das palavras escondidas...
Soltei-as…
Entreguei-as ao vento para que as leve
Às bocas que delas necessitem…
Deixei de lhes pertencer...
Deixaram de me pertencer...
Procuro novas palavras
Antes que meus lábios emudeçam...
Antes que a noite caia e eu não saiba dizer...
Estou vivo!...

23/Janeiro/2006

domingo, 22 de janeiro de 2006

Vida passageira...

Vida passageira

A vida passa e eu fico.
Voando vai contente
Voando vai feliz e nem me vê.
Estou aqui olhando-a
Sem forças para a seguir
E ela nem dá por mim...

Nada do que tenho me faz feliz
Nada do que sinto me faz sonhar.
O que procuro?
O que preciso?
Não sei...
Nem sei se preciso...
Apetece-me ficar só
Só para sempre.
Apetece-me fugir para longe de tudo
para longe dos sorrisos...
De acidente em acidente
Vou sobrevivendo
Na esperança de morrer num deles
Sem dor, sem mágoa, sem lágrimas...

De esquina em esquina
Vou esperando que me atropelem
E me levem sem saber para onde.
Em cada olhar me despeço da vida,
Em cada abraço me despeço do mundo
Me despeço de mim...

O vento refresca-me a cara,
Gela-me o coração,
Gela-me a alma.
Fecho os olhos e vejo o abismo,
E sinto um mórbido prazer.
Vejo o fim e sorrio...
Estou pronto...

Agosto/1999

Menino feliz

Adormeci no teu luar
Depositaste uma estrela nas minhas mãos...
E senti-me menino feliz...
Com desejos do firmamento inteiro...

25/Janeiro/2005

Amor é triste

O amor...
Ilusão...
Paixão...
Dor...
Vazio...
O vazio quando acaba,
O vazio quando o perdemos
O amor...
Injusto, cruel,
Domina a nossa alma,
A nossa mente.
O amor é triste...
Amar porquê?
Se quando tudo acaba
A dor é imensa,
Se quando tudo acaba,
O sol já não ilumina o dia,
A lua já não embeleza a noite.
Amar porquê?
Ilusão consciente,
Culpa inocente de sentir
Que a vida pode ser melhor
Do que na verdade é...
Outra vez, não...
Quando se perde algo,
Nada mais se encontra...
Quando se perde um amor
Perde-se a vontade de amar.
As árvores não dançam com o vento,
O canto dos pássaros é triste,
A água é amarga como lágrimas de uma solidão anunciada.
Nem sequer é angustiante,
Nem sequer é desesperante,
É um estado de alma...
É uma forma de vida...
Custa tanto e não custa nada...
Basta viver, basta saber chorar,
Basta tirar da vida,
A pouca coisa que ela ainda nos dá.
As noites melancólicas,
A recordação de um sonho desmoronado,
Sorrir sem vontade,
Com uma triste canção de amor para alegrar a alma...
Para sentir que estamos vivos...
Que nos sentimos penosamente vivos...

Dezembro/1999

Toma este coração

Tenho este coração para ti
Não tem nada de especial
Não é bonito
Não bombeia mais sangue do que os outros...
Nem sequer é cantor romântico
Mas gostava de o oferecer a ti...

Às vezes é tonto...
Às vezes chora sem parar...
Noutras ainda, sorri... adolescente
Sempre que pensa em ti...
Não tem nada de especial este meu coração...
Mas gostava que ficasses com ele...

Gosta de te dar flores
Mas não sabe fazer surpresas...
Sabe que te ama
Mas gagueja quando te tenta dizer...
Este meu coração não é nada de especial...
Apenas tem umas feridas que gostaria de sarar
Umas lágrimas que ainda precisa chorar...
Mas não tem nada de especial...

É quase uma criança
Quando sonha com aquilo que talvez nunca venha a ter...
O meu coração é assim...
Mas eu gostaria que o aceitasses...
Porque ele me fala imenso de ti...
Do teu jeito meigo...
Do teu olhar deslumbrante
Do teu sorriso cheio de luz...

Sabes?
Eu acho que o meu coração te ama mesmo...
Ainda esta noite, muito a medo
Me pediu para ir para junto de ti...
Que tonto!
Mas conto-te um segredo...
Vi-o ontem enquanto dormia...
Sorria e cantarolava o teu nome...
Ele ama-te!
Eu conheço o meu coração...

2/Março/2005

Toma esta lágrima

Toma esta lágrima, amor
Chorei-a agora mesmo
Pega, é para ti
Guarda-a, por favor
Guarda-a com carinho
Nela vai todo o meu amor por ti
Todos os sorrisos que tenho vontade de te oferecer
Nela vão pedaços de todas as dores
Que senti neste caminho que me trouxe
Para junto de ti

Nesta pequena lágrima
Vai o meu coração, a minha alma
E também esta vida que só tem razão de acontecer
Se fizeres parte dela.
Guarda-a, por favor
E diz-me que a tratas bem.
Nela estão todos os meus medos
Todos os meus fantasmas
Toda a solidão que tantas vezes me procurou
E que umas vezes acarinhei... outras repeli

Nesta lágrima
Vai toda a minha esperança
Todas a alegria que ainda quero viver
Toda a felicidade que ainda quero experimentar

Guarda-a no teu coração
Nela vão todas as outras lágrimas
Que ainda tento esconder dentro de mim
E que, de vez em quando, me surpreendem
Quando junto de ti, me sinto feliz.
Lágrima que me turva o olhar ao escrever estas linhas
Com que tento descobrir coisas que nem sonho existirem.
A lágrima que me traz de volta os teus beijos, o teu corpo, a tua pele

Toma esta lágrima
Que tantas vezes me percorreu o rosto
Ora refrescando, ora queimando,
Que tantas vezes foi a única forma de me sentir vivo.
Lágrima solitária
Chorada longe do mundo
Longe de tudo...
Lágrima reconfortante
Lágrima cruel...
Preciso muito que a guardes, amor.
Preciso muito de saber que no teu peito
Ela terá abrigo para sempre...

Maio/2000

Inspiração

Estás de volta, inspiração
Que bom sentir-te aqui,
Companheira na solidão
Amor perfeito em meu coração
O que eu chorei por ti

Contigo posso ser tudo
Sem receio de não ser nada,
Contigo até de novo me iludo
Contigo sinto a alma renovada
Quando já a julgava abandonada

Estás de volta, inspiração
Onde foste, porque me deixaste?
Se eu preciso de ti como pão
Se sem ti fico perdido pelo chão
Porquê? Porque me abandonaste?

Estás de volta... para ficar
Não te vou largar facilmente
Quero-te para poder respirar
Amo-te demais para te ver partir
Quero-te comigo aqui presente
Quero-te para me consolar
Para aliviar o que estou a sentir

Outubro/1999

sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

No teu corpo

Nas formas do teu corpo
Senti-me esquecer todas as mágoas...
No calor dos teus poros
Perdi o frio que me gelava a alma...
Na tua língua
Saboreei o gosto de tantos sonhos
Que já tinha esquecido...
No abraço das tuas pernas
Senti a serenidade de um meigo rio
Sob um luar tão belo
Que se confunde com o teu rosto...
Na troca de olhares
Senti a cumplicidade
Dos mares reflectindo o céu...
Senti o planar dos pássaros
Num perfeito sincronismo com o mais forte dos ventos...
Na transpiração do teu corpo
Revi o meu suor
A minha respiração acelerada correndo para ti
Para te prender no mais doce dos beijos...
No teu adormecer ouvi uma paz
Que me levou para longe
Abraçado a ti num instante
Que parecia não acabar...
Enquanto dormias
Vezes sem conta
Revi o amor que fizemos
Até que num sorriso imenso
Adormeci também...

5/Outubro/2004

Ilha

Sinto-me uma ilha
Perdido no meio de um mar imenso...
Uma ilha desconhecida do mundo
Deserta de vegetação
Onde a única coisa viva
É o vento que raramente sopra em mim.
O mar que me rodeia prende-me
Esconde-me
De todos os barcos.
E não tenho força para vencer
A distância que desconheço...
Ao mesmo tempo que receio
Partir sem saber onde ir
Sinto-me atormentado por todos os medos
Apavorado nesta solidão que não largo...
E que sinto presente em todos os segundos.
Na beira de um penhasco
Procuro um caminho
Mas o único que descortino
É uma linha do horizonte
Sem uma mão estendida
Sem um chamamento
Sem um sorriso...
Sinto-me uma ilha
Rodeado por um muro
Que eu próprio construo
Com as lágrimas que choro...
Um muro que vou fazendo crescer
A cada desilusão... a cada dor no peito...
Uma ilha perdida
Desconhecida do mundo...

4/Outubro/2004

Carta...

Carta

Não falei contigo
com medo que os montes e vales que me achas
caíssem a teus pés...
Acredito e entendo que a estabilidade lógica
de quem não quer explodir
faça bem ao escudo que és...

Saudade é o ar
que vou sugando e aceitando
como fruto de Verão nos jardins do teu beijo...
Mas sinto que sabes que sentes também
que num dia maior serás trapézio sem rede
a pairar sobre o mundo e tudo o que vejo...

Desconfio que ainda não reparaste
que o teu destino foi inventado
por gira-discos estragados
aos quais te vais moldando...

E todo o teu planeamento estratégico
de sincronização do coração
são leis como paredes e tectos
cujos vidros vais pisando...

Anseio o dia em que acordares
por cima de todos os teus números
raízes quadradas de somas subtraídas
sempre com a mesma solução...

Podias deixar de fazer da vida
um ciclo vicioso
harmonioso do teu gesto mimado
e à palma da tua mão...

Desculpa se te fiz fogo e noite
sem pedir autorização por escrito
ao sindicato dos Deuses...
mas não fui eu que te escolhi.

Desculpa se te usei
como refúgio dos meus sentidos
pedaço de silêncios perdidos
que voltei a encontrar em ti...

É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é feita de papel
Nela te pinto nua
numa chama minha e tua.

Ainda magoas alguém
O tiro passou-me ao lado
Ainda magoas alguém
Se não te deste a ninguém...
magoaste alguém
A mim... passou-me ao lado...

por Toranja

Nada

Queria ser um grão de areia num imenso areal...
Queria ser uma gota de água no mais profundo oceano...
Queria ser uma folha de árvore na maior das florestas...
Mas nem isso consigo ser...
Não sou nada...
Queria ter um sorriso num pensamento alegre...
Ter força para me segurar...
Mas nem isso...
Nada...

Setembro/1999

O silêncio

O silêncio
Dentro de mim
Um deserto
Uma ilha
Uma gota
Faz-me voar
Pelos céus do meu viver.
Cada segundo
Cada hora
Vive
Arde
Sangra
Horizontes entreabertos
Escondem a luz
Mas também não a quero ver...
A paz perturbadora que me corrói
Prende-me aos lugares de que nunca saio
Como se os vivesse de novo.
O silêncio
Afinal... sou eu
Porque só sei ser eu
Em silêncio...

10/Setembro/2004

Hoje estive contigo

Hoje estive contigo
Em todos os rostos
Em todos os gestos
Senti-te
Em todos os corpos
Em todos os passos
Ouvi-te
Em todas as vozes
Em todos os sons
Sonhei-te
Em todos os mares
Em todos os luares
Chorei-te
Em todas as dores
Em todas as saudades
Amei-te
Em todos os momentos
Em todos os lugares
Hoje amei-te....

23/Setembro/2004

Perdoa

Perdoa
Se o egoísmo do amor
O sinto nos lábios…
Se a saudade nos olhos
Grita lágrimas de solidão…

Perdoa
A secreta amargura…
A dor do silêncio…
Perdoa
Se te persigo... se te procuro
Se me deixo fascinar
Se me deixo perder em ti…

Perdoa
Se tanto te falo de amor
Se a cada segundo descubro que te amo
Se não contenho as águas que me abraçam…
Perdoa
Se o teu olhar me arrebata
Se o meu corpo te pertence
Se a tua voz é minha guia…

Perdoa
Se todos os poemas que te escrevo
Me contam em segredo
Da loucura de te beijar…

Perdoa
Se choro... se rio... se sonho…
Perdoa
que te queira para mim…
Perdoa
que te ame…

28/Janeiro/2005

Papel

Os papéis?
Onde estão os papéis?
Preciso de os encontrar…
Preciso de descobrir o meu
Porque o vivo sem o saber...
Preciso de o conhecer... de o decorar... de o sorver…
Preciso do meu papel
Porque vivo de improvisos
Seguindo um rumo que sei certo
Mas sem cordas na cintura nem redes nos pés…
Preciso do guião da minha vida
Sei para onde vou
Mas não sei lá chegar…
Não me quero perder
Nem sequer me sentir morrer
Antes de alcançar o depois…
Sinto a voz que me acalma
A única certeza no meu olhar…
A única verdade deste papel que preciso encontrar
E onde alguém escreveu
Com letras pintadas a lágrimas…
Amo-te...

23/Março/2005

Dias como anos

Dias como anos
Longe de ti
Lágrimas como rios
Prantos como mares
Terra árida
Deserto sem água
Sem ti...
Silêncio que te grita
Noite que te esconde
Fico esperando teus passos
Olhando as sombras
Tentando completar-te
Ansiosamente sereno...

5/Fevereiro/2005

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Visão

Fechei os meus olhos
E ouvi uma viola falar-me de ti...
Apareceste diante de mim como visão
Estendi o meu braço e toquei o teu rosto
Pude sentir a tua pele...
Pude sentir os teus olhos...
Vi-te a mais bela mulher entre as mulheres...
Em silêncio,
O meu coração segredou-te uma mensagem nas estrelas...
Procurar-te-ei sempre...
Mesmo que me perca num mar de lágrimas...

1/Janeiro/2005

Sem ti

Estou triste
Amanhã estarei sem ti
Sem a alegria da tua voz
Sem o toque das tuas palavras...
Terei apenas as mãos
Com que susterei as saudades de ti
Que correrão pelo meu rosto...
Terei no peito a dor da tua partida...
Sinto os olhos escurecer
Enquanto o manto da solidão
Lentamente me envolve...
Amanhã estarei sem ti
E estando sem ti
Estarei sem coisa alguma
Porque o meu dia és tu
A minha noite és tu
O meu olhar és tu...
E estando sem ti estarei sozinho
Escondido nas sombras dos meus desejos...
Estou triste porque sem ti tudo é nada...
Porque sem ti
Guardarei todos os meus sorrisos
Junto às imagens com que te revejo...
Amanhã estarei sem ti
Mas permanecerás intacta...
E por cada lágrima
Que nascer nos meus olhos
Farei um poema...
Para te declamar ao coração
Os caminhos da minha tristeza
Onde te procurei na tua ausência...
Onde, em vão, segui o perfume da tua pele
E me deixei guiar pela luz do teu corpo...
Amanhã estarei sem ti
Mas terei este amor para me confortar
E ficarei esperando que voltes
Para te contar cada segundo da minha saudade
Para te dizer quantos beijos sonhei contigo...
Estou triste porque amanhã não te terei...
Mas tenho-te no coração
E é tudo o que preciso
Para não me sentir morrer...

2/Dezembro/2004

Espalhado no chão

Espalhei no chão
As memórias
Não senti cores
Sons ou odores
Apenas ilusão
Apenas histórias

Procurei alegrias
E vi fantasias
Projectos sem dono.
Senti mãos frias
Medo e abandono
Procurei pensamentos
Senti tormentos

Espalhei as memórias
Sentei-me com elas
Entre lágrimas e glórias
Fecham-se janelas
Corre-se a cortina
E a noite permanece
Fogueira que não aquece
Dor que me fascina

Durmo acordado
Como tantas vezes fiz
Serena, a dor
Deita-se ao meu lado
Olha-me feliz
Olha-me com amor

E sinto-me chorar
Sinto-me morrer
Sinto-me gritar
Sem um som libertar
Sem sangue verter

Reli os minutos que vivi
E adormeci de cansaço
Junto a uma luz
Que ainda não perdi
Que me espera no fracasso
E que longe me seduz

Acordei
Vejo o passado que juntei
Sorrio finalmente
Finalmente...

9/Setembro/2004

Luar...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Luar

Não sei quantas estrelas tem o teu luar
Não sei medir a intensidade do teu brilho
Porque quando a tua luz me ofusca e cega
Baixo sempre meus olhos
Escondendo o receio de que olhes dentro de mim
E encontres um coração dorido e triste…
Mas que consegue ser tão saudável e feliz
Por chorar com os seus próprios momentos…
Não sei quantas estrelas tem o teu luar
Mas passo noites inteiras tentando decorá-las
Escutando as suas histórias
Ouvindo o seu riso...
É como se te tivesse no meu abraço
E o teu luar fosse só meu…
Pertença de um sonho a que só eu tenho direito
A noite torna-me egoísta ou desprendido…
Não sei bem…
Ninguém tem lágrimas como as minhas
Ninguém te vive como eu…

10/Abril/2005

Amor contigo

Sento-me na cama,
Com o olhar adivinho o teu corpo
Entre as marcas que deixaste nos lençóis...
Lembro doces lábios beijando-me o corpo
Massajando-me a pele...
Sinto as tuas mãos puxando-me para ti
Roubando-me ao mundo
Levando-me a viagens sem rumo...
Fecho os olhos e vou contigo onde me levares...
Sorrio ao lembrar o teu corpo dançando junto ao meu...
A tua pele deslizando por mim...
As tuas pernas enlaçadas nas minhas...
O teu coração abraçando o meu...
Deito-me agora
Reparo nas sombras desenhando no tecto o nosso amor
E vejo-te
Vejo-nos
Fazendo amor...
Fecho os olhos e penso em ti
Tanto... tanto que me sinto de novo a fazer amor contigo
A sentir as batidas do coração em louca cavalgada até à exaustão...
Tenho o mundo ao alcance da mão
Agarro uma estrela e dou-te
Toma, é para ti...
Amo-te... desejo-te
Mais do que tudo...

Maio/2000

Preciso

Toda a dor...
Todo o medo...
No teu olhar perdi a noite
Juntei peças de um puzzle esquecido...
Mãos como passadeiras de veludo
Pés como suaves murmúrios
Tua voz como feitiço...
E a luz desconhecida
Apenas porque nunca vista
Leva-me com ela
Leva-me para o teu lugar...
E vou cegar-me em ti
Porque preciso...

24/Janeiro/2005

Olhos em chamas

Olhos em chamas
Ardem sem piedade
Sem amanhã
Sem ontem
Porquê este momento?
Porquê nenhum momento?
Vozes gritam...
Não as oiço
Apenas lábios mexem...
E os olhos que ardem
E as maos sem dedos
E o sangue que foge
O escuro...
A ausência...
Onde está o instante?
O instante principal...
Onde se meteu a loucura?
Preciso dela...

22/Janeiro/2005

Não me ouviste

Passaste por mim hoje...
Vinhas numa brisa do mar
Chamei-te...
Não me ouviste...
Trazias nos ombros as estrelas
E nas tuas mãos duzias de rosas
Não me ouviste...
Tinhas nos olhos o luar
E vi neles todos os vales onde cresce a esperança
Vi neles rios serenos
Todos os sorrisos ternos
Que guardas na tua alma
Chamei-te...
Chamei-te quando passaste por mim
Naquela brisa onde te senti...
Mas não me ouviste...
Trazias no corpo a revolta dos oceanos
E nos teus braços a espuma das ondas escreveu poemas com o teu nome...
Chamei-te...
Fiquei olhando para ti...
Até a névoa te roubar aos meus olhos...
Não me ouviste...

20/Janeiro/2005

Vida maldita

Vida maldita...
Para onde vais?
Por que mares navegas?
Porque me foges se eu te quero tanto?
Espera-me…
E fugiremos os dois ao sabor do vento…

Agosto/1987

Deixei em ti

Deixei nos teus olhos
A alegria do meu olhar
Deixei nos teus cabelos
A felicidade de meus dedos
Fiquei a ver-te
Contemplei-te pela última vez
E gritei baixinho
Amo-te...

Deixei no teu abraço
O calor do meu corpo
No teu sorriso ficou
A certeza dos meus sonhos
Fiquei a ver-te
Achei-te ainda mais bela
E gritei baixinho
Amo-te...

Deixei na tua presença
A força dos meus dias
Deixei nas tuas mãos
Todo o carinho que necessito
Fiquei a ver-te
Perdi uma lágrima
E gritei baixinho
Amo-te...

Deixei prisioneira de ti
Parte imensa do meu ser
Deixei no teu regaço
As revelações dos meus dias
Fiquei a ver-te
Senti tanto amor no coração
E gritei baixinho
Amo-te...

12/Outubro/2004

Musa distante

Penso em ti
Musa distante...
Penso em teu corpo
Visito-o a cada instante
És meu sonho,
Minha realidade...
Penso em ti,
Flor perfumada,
Flor desejada...
Aqueces o meu coração
Com tuas cores
Com teu fogo...
Penso em ti
Sonho contigo...
Onde estás? Existes?
Não, não respondas...
Deixa-me sonhar...
Deixa-me ser feliz...

Agosto/1999

Amizade...

Amizade

O meu coração chora a tua dor,
As tuas lágrimas correm em meu rosto.
O teu olhar distante e triste tolda-me a visão.
O aperto que sentes no peito não me deixa respirar.
A tua voz trémula fica-me presa na garganta.
A tua solidão faz-me sentir solitário.
A distância que nos separa aproxima-me ainda mais de ti.
E sem dar por isso,
Fico sofrendo com os teus males,
Fico sentindo as tuas mágoas.
Estendo-te a mão e tu não a queres,
Dou-te carinho e tu não o sentes.
Olho para ti sem te ver...
Os teus olhos pedem ajuda,
O teu coração pede consolo e tu tens medo.
De mim?
De ti?
Medo de ter ajuda?
Medo de que tenham pena de ti?
Eu não sinto pena...
Sinto carinho... amizade...
sinto, sinto... sinto que algo me falta,
sinto a tua falta.
Olho para ti sem te ver,
Estendo-te a mão e tu ficas a olhar para ela
Sem saberes o que fazer.
Agarra-a, eu espero por ti.
Tenho todo o tempo do mundo.
O dia aguarda-te,
A noite prende-te com todas as forças para lhe fazeres companhia
Porque se alimenta do teu sofrimento.
Sê forte e luta.
Tu és forte, por isso, luta...
Tu és especial...
Tu mereces muito mais do que o que tens...
Quem sofre por amor não pode perder a esperança...
Quem sofre por amor está mais perto de ser feliz no amor.
Porque sabe amar, porque sabe dar,
Porque sabe fazer feliz quem ama,
Porque sabe fazer feliz quem realmente merece ser feliz.
Quem sofre por amor
É humano, é grande, é generoso...
Quem sofre por amor
Pode ter momentos de infelicidade,
Momentos de fraqueza ou solidão
Mas está sempre pronto para amar de novo,
Para se sentir feliz por amar,
Se sentir feliz por dar...
Vive, amiga...
E lembra-te...
Deste lado há alguém que te quer bem,
Alguém que não te julga,
Alguém que não te acha egoísta,
Alguém que a única coisa que deseja
É ajudar-te a procurar uma luzinha na tua vida,
Ajudar-te a reconstruír o teu coração,
A sarar as tuas feridas, a reerguer o teu mundo.
A amizade é isto mesmo...
É preocuparmo-nos com quem gostamos.
Não importa se te conheço há dois dias se há dois anos...
O que importa é o que sentimos.
A amizade é muito mais forte que o amor.
A amizade é a união entre duas pessoas de forma desinteressada.
Sem pretensões, sem desejos, sem outras intenções que não sejam o ser amigo.
Ser confessor... disponível... presente...
Ser a ilha salvadora no meio do oceano.
A amizade é mais do que todas as palavras...
Muito mais do que o que julgamos ser.
A amizade não se explica,
Apenas se sente...
Apenas se sente...

Agosto/1999

(para ti, Sónia, onde quer que estejas)

Já não quero...

Já não sei sonhar,
Mas nem estou triste por isso
Porque não é de sonhos que preciso...
Já não sei amar...
Mas nem por isso meu coração desespera
Não é por amor que meu olhar espera...
Já não quero sonhar
Já não quero amar
A vida despediu-se com um abraço
E eu ganhei a solidão...
Resta-me olhar cada pedaço
Cada caminho deste labirinto
Que percorro sem convicção,
Em que o destino não finto,
Em que perdidamente vou ficando,
Sentado a um canto esperando...
Que venha veloz o vento,
Que a chuva lentamente caia
Que o mar no seu suave movimento
Refresque a areia da praia.
As noites iguais aos dias
Os dias iguais a nada...
E entre profundas melancolias
Vou fugindo da estrada...
Vou por caminhos acidentados...
Fugindo do mundo, das pessoas,
Com os olhos ensanguentados
Procuro sarar a falta de coisas boas...
Olho para o sol e sua luz.
Está mais poderosa, mais forte...
Seu brilho já não me seduz...
Sua cor lembra-me a morte...
Desvio o olhar...
Sinto a pele queimar,
No entanto, estou indiferente,
Sinto-me sem dor, sem esperança
Oiço o horizonte chamar...
Deixo para trás ninguém e toda a gente
E vou em busca da minha herança.
Já não sei sonhar...
Já não sei amar...
Já não quero sonhar...
Já não quero amar...
Já não quero...
Já não quero...

Setembro/1999

As cores

As tuas cores... o teu traço...
Diz-me...
Onde aprendeste a desenhar-te assim?...
As horas de te olhar...
Intermináveis...
Como o desejo de te sentir...
És tantas mulheres em ti...
Como seria possível não te amar?...

25/Janeiro/2005

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Mente demente

Mente demente
Água sem sede
Comida sem fome...
Olha para mim a noite...
Que mais quererá?
Vai-te...
Não sentes a indiferença?
Este silêncio que construo...
É só meu ou o partilho?
Não sei...
Ou sei?
Procuro...
Eu sei procurar
Eu sei o que procurar...
Talvez amanhã encontre...
Ou no dia seguinte...
Ou no ano seguinte...
Ou na vida seguinte...
Chamam-me...
Já venho!

22/Janeiro/2005

Descobertas

Estou perto de descobrir
Que não vivo sem ti...
Está quase...
Falta apenas que meia dúzia de lágrimas
Escrevam no meu rosto o teu nome
E que o seu sabor traga de volta
A doçura da tua pele...

15/Janeiro/2005

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Renascer

Tantas coisas para escrever
Tantas emoções para cantar...
Sinto no peito a dor da poesia
Mas poeta sei que não sou...
Apenas desenho o teu rosto...
Com as palavras que sinto
Apenas vivo da saudade
Que me vai contando os teus segredos...
Não quero fingir a minha dor
Nem sequer correr para longe dela
Porque preciso de a sentir em mim.
Preciso de cada lágrima
De cada lugar algum...
Porque em cada grito
O teu nome sonho...
Em cada sonho
A minha vida renasce...

9/Fevereiro/2005

Entregar

Entrego-me a ti
Mergulho na luz dos teus olhos
E sinto-me voar...
Atravesso os céus
Desenhando o teu nome
Com as cores do arco-íris.
A alma já não me pertence
Repousa tranquila nas tuas mãos
Enquanto o meu coração
Se senta a teus pés
Ouvindo histórias que o teu sorriso conta...
Entrego-me a ti
E dou-te o tremor dos meus braços
O carinho das minhas lágrimas
Dou-te os meus dias
Que secretamente guardei
Enquanto te esperava...
Mergulho no escuro dos meus olhos
E digo ao vento todas as palavras
Com que alimento este amor...
Entrego-me a ti
Com todos os meus sentidos
Porque cada um deles te sabe de cor
Cada um deles te ama
E por isso vives em mim
Fazendo da tua ausência dor mais suportável...
Porque não há minuto na minha vida
Em que os sons que não me tragam a tua voz
Em que na rua em que não veja os teus passos...
Entrego-me a ti sem recear
Porque o amanhã que procuro
É feito de ilusão e esperança
É feito de amor por ti...

29/Novembro/2004

domingo, 15 de janeiro de 2006

Palavras

Palavras como cordas perdidas da guitarra
Como ar que dá vida ao vento
E se consomem em fogos de doce e mel
Palavras...
Gotas de oceano...
Palavras repousadas no fundo dos sonhos
Gastas, descoloridas, inúteis...

6/Janeiro/2006

Sem te ter

Olho-te...
E sem te ver delicio-me com teus olhos...
Beijo-te...
E sem te tocar sinto o doce da tua pele...
Abraço-te...
E sem te ter sinto bater do teu coração...

Março/2000

Com pressa

Saio com pressa de não voltar
Não deixo portas abertas para não me tentar…
Saio com pressa de não olhar para trás
Deixo em cada lugar um pedaço da vida....
Para que não me persiga, para que não me roube
A pouca esperança que ainda mora no caminho que percorro...
Saio em busca do que não conheço
Saio em busca sem saber o que busco.
Preciso de saber o que preciso...
Todas as cores me são iguais,
Todos os olhares me atraiçoam...
Prefiro nem olhar
E caminhando vou fitando o infinito...
Sinto-me cansado...
Sinto-me capaz de parar
Preciso parar...
Não consigo...
E num súbito movimento
De novo corro como louco
Fugindo de nada, de tudo...
Fugindo de mim...
Sinto-me cansado...
Capaz de morrer...
Incapaz de sofrer...
Seguro nas mãos o tremor da minha alma,
Guardo em meus braços o silêncio que me sufoca...
Fecho os olhos...
Quero dormir...
Para quando acordar não sentir,
Simplesmente não sentir...
Se assim não for...
Prefiro dormir...
Para sempre...

Outubro/1999

Ausência

Ausência..
Vazio que te procura...
Olhos escuros
Sem luz...
Alma longínqua
Fora do mundo
Sem magia...
Ausência
Saudade na nuvem
Suspiro na neblina...
Leva contigo
Lábios que te cantam
Mãos que te acarinham
Olha o céu...
Lê o que escrevi para ti...

4/Fevereiro/2005

Acordei no mar

Acordei no meio do mar
Ainda bem…
Assim, as lágrimas que choro perder-se-ão para sempre…
Hoje estou sem cor
Com a alma em silêncio…
Espero-te…
Enquanto vou sustendo
Todos os suspiros que me sufocam…
Anseio o teu abraço…
A tua voz... As tuas mãos…
Para mergulhar neste mar onde acordei…
E nas profundezas desse oceano
Desabafar as mágoas que me preenchem o olhar…

20/Janeiro/2005

Amar uma mulher...

Amar uma mulher

Amar uma mulher
É entendê-la
Protegê-la do frio... do calor
É dar-lhe um beijo
Depois outro
Acariciar-lhe o rosto
E quando ela sorrir
Sorrir também
Só de a ver feliz...
Amar uma mulher
É torná-la um tesouro.
É senti-la... ouvi-la...
Amar uma mulher
É contemplá-la
Admirar-lhe a beleza...
Dos olhos... do sorriso.
É gravar na memória
Cada um dos seus gestos... cada palavra... cada riso...
Guardar intacto o perfume do seu cabelo...
Amar uma mulher
É fazer dela uma obra de arte...
Amar uma mulher
É fazer amor com ela
E sentir prazer nos seus beijos
No toque das suas mãos... no calor do seu corpo...
Amar uma mulher
É olhá-la nos olhos
E ver a vida neles...
Amar uma mulher não é nada disto...
Amar uma mulher é muito mais do que isto...
Amar uma mulher é partilhar com ela
O bater do coração...
É alimentar-se do seu olhar
É respirar o ar que a rodeia...
Amar uma mulher é tê-la em cada pensamento
É mostrar-lhe que ela é mais que tudo
Amar uma mulher é muito mais do que isto...
Amar uma mulher é cuidar dela
Limpar-lhe as lágrimas...
Beijar-lhe a alma... as mãos... o corpo... o rosto... os cabelos...
Amar uma mulher é muito mais do que isto...
É adivinhar-lhe os pensamentos...
É dar-lhe rosas quando está triste...
Abraçá-la quando tem frio...
Guardá-la enquanto dorme...
Amar uma mulher é saboreá-la... é adoçá-la...
Amar uma mulher é dar-lhe segurança
É estar com ela... é dormir com ela
Sentindo a sua respiração em nossos pulmões...
Amar uma mulher é perder-se em seus braços...
Viver dos seus beijos... chorar com seus carinhos...
Amar uma mulher é confiar nela
É acreditar nela... é dar-lhe o coração... para que ela o faça feliz...
Mas amar uma mulher é muito mais do que isto...
Muito mais do que tudo isto...

Novembro/1999

Esquecimentos

Minhas mãos esqueceram
Os contornos do amor,
O aroma das flores,
O calor de um corpo...
Meus dedos esqueceram
Caminhos percorridos
Um rosto desenhado
A luz de uma vela...
Os meus olhos perderam
As sombras de um sonho
As folhas de uma árvore
O canto das aves
O mar em sereno dormir...
O coração já não bate
Abandonou um sorriso
Desfaz uma lágrima...
É a voz do silêncio
Quando os braços que me agarram
São os braços que me largam
E me deixam assim...
O meu corpo arrefece
Um lago que seca
Neve que derrete...
Minhas mãos esqueceram
Os contornos do amor..
E choram...
Procurando conforto uma na outra...

Outubro/1999

Ver-te

Fui ver-te,
A medo mas fui ver-te...
Com medo de não querer voltar,
Com medo de te perder
No dia em que te encontrasse...
Já não podia viver sem ti
Sem saber ao certo quem eras.
Olhei-te os olhos... fixei-te os lábios
Senti-me preso pelo olhar,
Sedento da tua boca.
O coração em sobressalto
Suplicava-me que te abraçasse,
Que te beijasse... que te pedisse fica comigo.
Resisti ou hesitei,
Não sei bem.
Até que o coração venceu
Beijei-te... quase sem saber como.
E naquele instante
O mundo parou à minha volta.
Naquele instante
Quis-te para mim, para sempre.
O que nem sabia que procurava
Estava ali, nos meus braços,
Sorrindo só para mim...
Naquele instante
Fiquei a amar-te para sempre.
Naquele instante
E sem saber
Fiquei teu... só teu...
Naquele instante,
Tomaste o meu coração
E levaste-o contigo.
E agora, junto ao teu, bate feliz...

Janeiro/2000

sábado, 14 de janeiro de 2006

Caminhos errados

Encontrei uma sombra
Abriguei-me nela
Senti seu abraço
Seu calor
E deixei-me ficar.
Num sono profundo
Esqueci o meu nome
E fui qualquer um
Fui alto
Fui forte
Fui bom e mau
Fui doce e fui amargo...

Num sono profundo
Amei com nunca amei
Beijei com sede de céus imensos
Sorri com vontade de mil noites

Num sono profundo
Alimentei desejos
Realizei sonhos
Gritei ao mar
E nadei com ele

Num sono profundo
Fui o que não sou
O que nunca fui
O que queria ser
E o que não queria viver

De um sono profundo
Acordei sem alma
Sem mim
Vazio de dor
Vazio de alegria...
Sem hesitações
Deixei a sombra e corri
Rumo a coisa alguma.
Olhei para trás
Relembrei o caminho errado
Soltei uma lágrima
E percorri-o de novo...

9/Setembro/2004

sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

Em todos os lugares

Em todos os lugares procurei
Um sorriso como o teu
Uma voz como a tua...
Em todos os recantos
Procurei um coração como o teu.
Um rosto como o que te faz única...
E agora que te encontrei estás tão distante
Tão inalcançável...
Tão longe do toque dos meus dedos...
Tão longe do calor dos meus beijos...
Tão perto das lágrimas que escrevo.
Em todos os momentos
Procurei um abraço como o teu...
Um olhar como o que te torna bela.
E agora que sei existires não te posso contemplar
Não te posso querer para amar
Porque a vida me engana assim
Se te traz nos ventos
E te leva com as marés?
Porque a vida me trata assim
Se tanto te procurei
Julgando que eras a maior das ilusões?
Em todos os dias procurei
Um carinho, uma ternura
Como a que vive em ti...
Em todos os lugares te procurei
A ti... sem saber que eras verdade.
Porque a vida me trata assim
E te encontro
Quando já não te posso ter?
Porque tudo tem de ser assim
Se eu só queria ser feliz...
Contigo...

16/Setembro/2004

Sem dor

Sem dor
Escuto o fim de mim.
Tento entender
Os seus gestos... o seu silêncio.
Aceito o que não tenho
Como sequência lógica
De uma tormenta que atravesso
Desde que numa manhã destas
Acordei no meio de lado nenhum...
Olho descrente para o caminho que me falta percorrer
E nada vejo, além de um mar inultrapassável...
Nas minhas mãos junto restos de coisas esquecidas
Que envolvo em lágrimas quentes, lágrimas doridas...
Ouço ainda as vozes que tantas vezes me gritam
Que tantas vezes me alucinam
E me fazem saltar de abismo em abismo
Esperando que um deles me engula...
Sinto-me perdido no meu eu
Como se fosse desconhecido de mim próprio
Como se não reconhecesse
Todos os sinais da minha solidão...
Como se a ilusão de lutar
Não fosse apenas uma forma de fugir
Das noites de angústia
Que de tanto vividas
São já parte de mim
Parte do meu coração
Que lentamente vai batendo
Sem a esperança de que necessita
Sem um sonho que o faça viver...
Perdi a minha alma
Perto de uma fonte que secou
Quando dela tentei beber...
Fecho os olhos...
Esperando um abraço que nunca virá
Que sei que nunca virá!
Resta-me desistir de o ter...

25/Setembro/2004

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Luz que se apaga

Luz apagada

Dor feita lâmina
Afiada, fria…
Nem sangue nos pulsos
Nem alma para ferir…
Largo-me junto a um zero
A um nada... a um abismo
Tentador abismo
Estende sua grandeza
Perante meu olhar fechado…
O que chora ou o que não quer chorar?…
Não sei…
Mas sei da firmeza do chamamento
Que há uma vida finjo não ouvir…
Procuro raízes nos pés
Mas um incêndio queimou o campo onde colhia o pão…
O vento sopra forte em mim…
Sinto-me abanar…
Grilhões desenham gritos nas pernas…
E enlouqueço…
Sinto-me livre, em queda
Nos braços do nada
Sentindo no rosto
Melodias do sonho que não cheguei a viver…
Vejo o pôr-do-sol cada vez mais perto…
Resta-me escolher a parte do corpo
Para o primeiro impacto…
A cabeça... talvez não…
Preciso de um último pensamento
Antes que a luz se apague…

23/Março/2005

Árvore do meu Natal

Fui até à árvore do meu Natal
Peguei e abanei cada presente
Procurei uma prenda especial
Porque na noite anterior
Me senti carente...
E um anjo veio falar-me de amor...
E ajudou-me a enfeitar
A árvore do meu Natal...
Tirou uma estrela ao luar
Que tinha teu nome gravado
E com ela iluminou a minha sala
O meu quarto, a minha vida
E deixou-me atordoado
E deixou-me quase sem fala
E deixou-me de alma despida...
Procurei uma prenda especial
Na árvore do meu Natal
O melhor dos meus Natais...
Aquele que ainda não vivi
Aquele com que sonho demais
Sem nunca demais ser
O Natal em te tenho a ti
Sem desejo teu por satisfazer...

Procurei em cada presente
O som do teu sorrir
O teu olhar que não mente
E que tanto me faz sentir...

24/Dezembro/2004

Louco

Louco... Insano
É o que sou
Não sendo...
Existes
És real
Por isso, insano não sou...
Loucura...
Era não te amar.
Mas a loucura de te amar
Deixa-me
Perdido em ti
Logo encontrado...
Inseguro em ti
Logo confiante...
Não sou louco
Mas estou enlouquecido
Por ti...

4/Fevereiro/2005

Universo

É noite...
No labirinto das sombras...
Movo-me sem me perder...
Como se as conhecesse...
Como se lhes pertencesse...
Vejo-as... sinto-as...
A solidão que me quer seu
Desafia-me para o abismo...
Hesito....
Algo me segura, algo me prende.
Olho o céu
Procuro as estrelas
Procuro-te numa delas...
Sorrio... pressentindo-te...
De súbito...
Sinto medos e tremores...
E se fores mais do que uma estrela?
E se fores o universo inteiro?

Dezembro/1999

Adormecido

Adormeci
E sonhei em estar contigo...
Vi-te sorrir... vi-te chorar...
Dei por mim segurando tua mão
Como se fosse uma flor...
Dei por mim contigo nos braços
Como se estivesses em perigo...
Peço ao teu cabelo
Para que não esconda teu rosto...
Peço ao teu coração
Que nunca me roube o teu sorriso...
Tentei não chorar
Mas uma lágrima teimosa
Insiste em te ver...
Olhei-te no meu sonho
E prometi-te a eternidade...
Acordei...
A tempo de fugir da resposta...

23/Setembro/2004

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

A Lua escuta...

Viajei até à Lua!
Fui contar-lhe
O meu mais secreto desejo...
Falei-lhe em surdina
Para que as estrelas não escutassem...
Disse-lhe do que me arde no peito
Das noites em que construo sonhos
Das insónias que me queimam os olhos...
Encostei a cabeça
Nas sombras do seu luar
E fiquei descrevendo
Todos os recantos desta memória
Que constantemente acarinho...
A lua abraçou-me com seu sorriso.
Olhou nos meus olhos
E mostrou saber das lágrimas da minha saudade...
Disse que conhecia
O carinho que meu coração abriga
Que todas as noites
Escutava os ecos da minha alma
Serena de amor por ti.
Deitei-me no regaço
Da lua quente
Aceitei o seu beijo no meu rosto
E adormeci contigo
Num abraço apertado...

4/Dezembro/2004

A Lua escuta

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Baú de palavras

Acreditas que eu pensava
Que para dizer que te amo era preciso usar palavras especiais?
Palavras de ouro ou platina...
Pensava mesmo que teria de as procurar
Num baú onde estivessem guardadas todas as palavras dos poetas…
Sou mesmo um tonto com estas coisas do amor…

13/Abril/2005

Um momento

Inexplicável...
Afinal, as flores perderam o perfume...
Onde está o cantar das aves?
E o rio que correndo
Me adormecia e fazia sonhar?
Onde está toda a gente?
Esperem-me
Não me deixem...
Terei culpa de ser assim...
Terei culpa de estar assim...
Esperem-me...
Apenas quero um olhar...
Esperem-me...
Não vêem que choro
Não vêem que preciso
Esperem-me
Preciso só de um momento...

Novembro/1999

A escolha

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Tão perto... tão longe

Oiço-te...
Vejo-te...
Sinto-te...
No entanto...
Não te oiço...
Não te vejo...
Não te sinto...
Vives nas recordações de um sonho...
Vives nas notas de uma música...
A tua voz...
O teu abraço...
O teu beijo...
Tão perto... tão longe...
Estendo o braço e não te alcanço...
Murmúrios sem fim
Prendem-me ao chão...
Sorrisos sem cor fascinam-me... seduzem-me...
Sem me fascinar... sem me seduzir...
Olho-te... imagino-te...
Mas não te imagino...
Beijo-te o rosto...
Beijo-te as mãos...
Beijo-te o coração...
Sinto os teus braços
Sem os sentir...
Sinto o doce do teu olhar
Mas estou sozinho...
Tu não existes...
Tu não estás em lado nenhum...
Tenho medo que apareças
E te perca para sempre...

Dezembro/1999

Se eu estiver feliz

Se eu estiver feliz
É por causa de ti.
Se eu conter minhas lágrimas
É por ti que o faço...
Se eu conseguir sorrir
É porque me lembrei de ti.
Tuas palavras me mimam,
Teu coração me dá carinho,
Tua voz me devolve a paz.
Tu cantando, sorrindo, escutando,
É o que preciso para continuar vivendo
Para continuar sonhando...
Se chorares
Que seja de felicidade,
Se chorares
Que seja por saudade...
Teu coração não merece sangrar,
O brilho nos teus olhos deve ser eterno...
Se soltares tua voz...
Deixa...
Eu ficarei esperando por ela...

Novembro/2000

(adaptado de um original de autor que desconheço)

Outro princípio!

Cansado de esperar

Já estou cansado de esperar
Farto desta vida sem vida
Dos sorrisos que não vejo
Dos beijos que não sinto.
Quero dormir eternamente
E sonhar com o que não tenho
Mas falta-me coragem
E por isso vivo...

9/Setembro/1988

Rumo

Tenho o corpo num grito
A voz no silêncio
Os meus olhos num quadro...
Tenho o amanhã já hoje
E adormeci o meu ontem...
Por entre sonhos remendados
Passa um vento que me gela...
Perco o passo
Perco os meus pés...
Voando em círculos
Perco também o rumo...
Ou simplesmente espero...
Ou simplesmente espero...
Afinal, encontrei o Norte
E todos os outros sentidos...

27/Janeiro/2005

A tua rua

Saltei de pedra em pedra
À procura de árvores de quinhentos metros de altura
Escondidas atrás de azeitonas
Da cor dos olhos azuis dos deuses...
Segui o traço negro das nuvens invisíveis
E atravessei uma ponte de lanças e pregos
Enquanto uma velha de capuz preto
Me prendia no cinto
Quantidade inaudível de camiões carregados de areia...
Transpirei mais de três mil gotas de suor
Que guardei em sacos sem fundo...
Encontrei um lápis de cor nenhuma
E pintei as minhas letras nas cerejas...
E decorei a tua rua
Com tantos ás, tantos émes, tantos ós e tantos érres
Que o teu acordar
Vai ser ao som de pássaros com mãos de veludo...

28/Março/2005

Vem!

Porque não é recta
A linha entre este ponto meu
E esse ponto teu?
Porque a distância se mede em lágrimas?
Porque a saudade se vive silenciosa?
Espero-te…
No nosso ponto…
Algures nos nossos braços…
Vem e traz nos lábios o meu nome
Que nos meus tenho o teu corpo…
Traz nas mãos
Coração que te entreguei
Porque o preciso para renascer…
Vou-me aquecendo nas memórias
Cobrindo-me com os teus passos…
Vem, por favor…
E traz na voz o abrigo da minha alma
Traz em ti cheiro a mar que me liberta…
Espero-te…
No nosso ponto…
Sob a nossa Lua…
Tenho comigo o sorriso
Que não vivi na tua ausência
Porque te pertence…
É teu…
Como eu…

5/Maio/2005

Desencontro

Solitária demência
Do fogo sem rastilho…
E os castelos de cartas
Salpicados por três ou quatro pingos de chuva
Que apagam os nomes das coisas.
Um adeus nesse longo mar que banha os olhos
Água de um repleta de reflexos do outro…
Sorrisos por decidir
Entre sonhos e pesadelos…
E houve um Sol que segredou a uma Lua
Porque é que nunca nos encontraremos?

27/Maio/2005

Amor e saudade

É tudo tão intenso
Tão arrebatador...
Cada dia, cada noite...
Percorrer tua voz
Como se a ouvisse...
Tocar tuas palavras
Como se falasses...
Procurar em cada lágrima
O doce do teu corpo...
Sentir em cada sombra
As silhuetas do teu gesto...
Amor que vive saudade
Saudade que vive amor...
Tão intenso...
Tão arrebatador...

9/Fevereiro/2005

Como sempre...

Perdi a alma
Na indiferença do teu gesto...
O teu silêncio
Ausenta-me de mim...
Queria ter-te...
Dentro do corpo
Sem a dor da distância...
Amo-te...
Como sempre...

28/Julho/2005

domingo, 8 de janeiro de 2006

Na beira da estrada

Tenho nas pernas
O peso da alma dorida
Viajei sem conta
Pelos dedos da esperada manhã
E hoje sentei-me na beira da estrada…
Fugiram de mim o sal e o açucar
Como se nunca fosse amargo
O silencioso rufar dos temores…
Desenho nas mãos o rumo incerto
Mas que é certo no seu final…
Foram tantos os impérios que conquistei
Tantas as estrelas que roubei…
Chegou a névoa…
E com ela a tormenta de não ser atormentado
Pelo frio das brisas nocturnas…
Levaram daqui as cores
E deixei o meu arco-íris por completar…

23/Novembro/2005

Despedida

Despedida
Momento correria
Loucura desmedida
Sem alegria
Olhos de vento
Vozes de lamento
E a despedida
E o fogo da ferida…
O amanhã não sei
O hoje não existe
Um reino sem rei
Jardim sem flor…
Um mar tão triste
Sem cheiro, nem cor…
Despedida…
Um aceno de mão
Lágrima escondida
Um beijo num suspiro
Alma sem paixão
Quarto de solidão
Onde me perco e inspiro…
Despedida…
Um até depois
Uma partida
Um até sempre
Um um sem dois…
Até que lembre
Que o tudo é o nada!
E deito-me na estrada
Olhando o quase tudo
Mas já não me iludo…

5/Maio/2005

A minha boca e a tua

A minha boca e a tua boca
Entrelaçaram os nossos lábios na nossa boca.
E o nosso corpo foi feito com o nosso suor
Os meus poros beijaram os teus poros
E a ânsia de mil mãos
Somou a tua pele à minha pele…
Os meus dedos e os teus dedos trocaram de mãos
Tocando as nossas notas num piano surdo.
E contámos as mesmas estrelas
E dormimos o mesmo sono…
E o nosso sol nascente
Encontrou-nos na nossa cama
Com o nosso olhar ainda em sonhos…
Num silêncio profundo
Os meus olhos disseram amo-te
E os teus olhos sorriram embaraçados…

3/Maio/2005

O Princípio!