Dor feita lâmina
Afiada, fria…
Nem sangue nos pulsos
Nem alma para ferir…
Largo-me junto a um zero
A um nada... a um abismo
Tentador abismo
Estende sua grandeza
Perante meu olhar fechado…
O que chora ou o que não quer chorar?…
Não sei…
Mas sei da firmeza do chamamento
Que há uma vida finjo não ouvir…
Procuro raízes nos pés
Mas um incêndio queimou o campo onde colhia o pão…
O vento sopra forte em mim…
Sinto-me abanar…
Grilhões desenham gritos nas pernas…
E enlouqueço…
Sinto-me livre, em queda
Nos braços do nada
Sentindo no rosto
Melodias do sonho que não cheguei a viver…
Vejo o pôr-do-sol cada vez mais perto…
Resta-me escolher a parte do corpo
Para o primeiro impacto…
A cabeça... talvez não…
Preciso de um último pensamento
Antes que a luz se apague…
23/Março/2005
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