sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

Sem dor

Sem dor
Escuto o fim de mim.
Tento entender
Os seus gestos... o seu silêncio.
Aceito o que não tenho
Como sequência lógica
De uma tormenta que atravesso
Desde que numa manhã destas
Acordei no meio de lado nenhum...
Olho descrente para o caminho que me falta percorrer
E nada vejo, além de um mar inultrapassável...
Nas minhas mãos junto restos de coisas esquecidas
Que envolvo em lágrimas quentes, lágrimas doridas...
Ouço ainda as vozes que tantas vezes me gritam
Que tantas vezes me alucinam
E me fazem saltar de abismo em abismo
Esperando que um deles me engula...
Sinto-me perdido no meu eu
Como se fosse desconhecido de mim próprio
Como se não reconhecesse
Todos os sinais da minha solidão...
Como se a ilusão de lutar
Não fosse apenas uma forma de fugir
Das noites de angústia
Que de tanto vividas
São já parte de mim
Parte do meu coração
Que lentamente vai batendo
Sem a esperança de que necessita
Sem um sonho que o faça viver...
Perdi a minha alma
Perto de uma fonte que secou
Quando dela tentei beber...
Fecho os olhos...
Esperando um abraço que nunca virá
Que sei que nunca virá!
Resta-me desistir de o ter...

25/Setembro/2004

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