quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Já não quero...

Já não sei sonhar,
Mas nem estou triste por isso
Porque não é de sonhos que preciso...
Já não sei amar...
Mas nem por isso meu coração desespera
Não é por amor que meu olhar espera...
Já não quero sonhar
Já não quero amar
A vida despediu-se com um abraço
E eu ganhei a solidão...
Resta-me olhar cada pedaço
Cada caminho deste labirinto
Que percorro sem convicção,
Em que o destino não finto,
Em que perdidamente vou ficando,
Sentado a um canto esperando...
Que venha veloz o vento,
Que a chuva lentamente caia
Que o mar no seu suave movimento
Refresque a areia da praia.
As noites iguais aos dias
Os dias iguais a nada...
E entre profundas melancolias
Vou fugindo da estrada...
Vou por caminhos acidentados...
Fugindo do mundo, das pessoas,
Com os olhos ensanguentados
Procuro sarar a falta de coisas boas...
Olho para o sol e sua luz.
Está mais poderosa, mais forte...
Seu brilho já não me seduz...
Sua cor lembra-me a morte...
Desvio o olhar...
Sinto a pele queimar,
No entanto, estou indiferente,
Sinto-me sem dor, sem esperança
Oiço o horizonte chamar...
Deixo para trás ninguém e toda a gente
E vou em busca da minha herança.
Já não sei sonhar...
Já não sei amar...
Já não quero sonhar...
Já não quero amar...
Já não quero...
Já não quero...

Setembro/1999

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