terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Coração, triste coração

Coração, triste coração,
Como te iludiste...
E agora estás ferido,
Sangrando pelo chão,
Lembras tudo o que sentiste,
E sentes-te perdido,
Profundamente enganado.
Sentes-te só, desesperado...
E eu, como achas que estou?
Que sonhos posso sonhar,
Se nem quero dormir?
Se já nem sei quem sou,
Se tudo o que tenho para me dar
É esta vontade de me extinguir.
A vontade de passar pela vida
Sem ela dar pela minha partida.

Coração, meu triste coração,
Bates sem saber porque o fazes
Vais lutando contra a desilusão
Sem saberes a dor que me trazes,
Sem saberes que cada batida
É faca que sinto cravada
É sentir a minha alma queimada
É mágoa que já me é querida.

Coração, ingénuo coração
Pensaste que era felicidade
Acreditaste na ilusão,
Ignoraste os sinais de verdade,
E, subtilmente, foste fugindo.
Julgando ser esse o teu destino,
Sem força foste perseguindo,
Uma alegria sem razão,
Com fé foste peregrino.
Mas a tua fé esgotou-se,
As forças duraram pouco
O milagre que pedias esfumou-se
E agora sentes-te como louco...

Coração, triste coração...
E eu, o que faço então?
Em ti confiei, em ti acreditei
E tudo o que tenho para viver
É a dura lembrança do que amei
É um terno ódio que me derrota
Esta sensação de estar a morrer
e em que já nada me importa...

Coração, triste coração...
Não te oiço mais...
Espero teres aprendido a lição...
Segue o teu caminho
Nem quero saber onde vais
Que eu fico... sozinho...

10/Setembro/2004

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