terça-feira, 29 de junho de 2010

Fuso desaparafusado

O argumento é sensível
A vida e o nevoeiro também
Restam-me duas voltas neste carrocel
Gostaria de me aprontar
Para o que por aí rebenta silenciosamente
Ontem estava distraído
Mas hoje... hoje...
Hoje é que é dia de ser grande dia
Hoje são flores e cheiros de alma
Comboios velozes cruzando a planície
Sim, hoje...
Hoje que o vento se constipou
Na vertigem do meu querer muito
Hoje...
Ou amanhã...
Porque a dúvida das chegadas
Pesquisa-me os sentidos
Baralha-me o fuso desaparafusado

29/Junho/2010

O Sol desceu

O sol desceu até mim
Dentro dos teus olhos
Olhou-me e serenou minha alma.
Andei perdido
Suspenso por pensamentos
E vieste...
Trouxeste o céu azul
Envolto em macias sedas
E acordei no meio de um abraço
E respirei todo o ar do mundo...
E vieste...
E fiquei feliz...

19/Setembro/2004

Corrente

Vou na corrente
Minutos esperados em vão
Risos... inutilidades
E palavras aos pedaços

Vou na corrente
Infinita de ansiedades
Prepotente no destino

29/Junho/2010

"Sem nome"

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Charles Chaplin

Soneto do Amor Total (Vinícius de Moraes)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Havia

Havia uma flor
E duas lágrimas cravadas na pedra
Havia uma dor
E uma luz ténue e dois candelabros apagados
Havia uma caixa vazia de pertences e ilusões
Havia a lembrança e a angústia
O pânico do esquecimento

Havia um dia
Cheio de sol e chuva
De vontade de anoitecer rapidamente


23/Junho/2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Mãos vazias...

Mãos vazias

Preciso destas mãos vazias
Mãos recomeçadas
Mãos reconstruídas
Preciso de um princípio
Que me mostre um fim
Que o meio logo invento
Preciso tanto mas tanto
Que daria tanto do que não preciso
Troco já duas caixas de hesitações
Por meia certeza absoluta
Troco já dois amanhãs em eterna pausa
Por esboço de um hoje completo
Preciso mesmo destas mãos vazias
De as fazer novas sem linhas nem temores
Preciso delas frescas e intactas
Para agarrar tudo o que passa por mim esvoaçando

26/Maio/2010

domingo, 4 de abril de 2010

Serei

Serei tão ridículo quanto as minhas palavras deixam entender?
Serei apenas reflexo vazio e surdo da minha própria sombra?

O que sou na essência? No sumo? Às claras? Em carne?
Alguma coisa que valha a pena tomar-se como palpável?
Acontecimento suficientemente importante para ser notado?

Serei dono das escritas por fazer?
Submisso das escritas impossíveis?
Atento no sentir mas desprendido no querer?

Serei o que as palavras sustentam?
Duas letras gastas e desorientadas?

Serei edifício reluzente e imponente?
Serei cabana soprada à mais leve das brisas?

Serei pergunta ou simplesmente comentário breve?


7/Abril/2010

domingo, 28 de março de 2010

Ser eu

É difícil ser eu
Quando o ter significa pertencer
É difícil ser eu
Quando recuso recusar o renegável
Quando procuro nos escombros da razão adiada
Esboços que tão cuidadosamente elaborei
É difícil ser eu
Quando o que sou bem longe daqui
É mais aceitável do que o que sou aqui tão perto
É difícil ser eu
Quando escrevo tanta linha desalinhada
Quando percorro de ponta ao meio
E acabo por morrer a meio da noite
É difícil ser eu
Se para ser eu deixo de ser imitação do eu
Se o verdadeiro modo de sentir-me eu
É Romeu sem conhecimento de Julieta
Paixão comedida no fulgor e excitação
É difícil ser eu
Se tanto de mim fugiu de mim próprio
Se tão pouco eu ponho, nas horas que ainda vivo


Novembro/2009

segunda-feira, 8 de março de 2010

Apressadamente

Saiam-me da frente
Que já me bastam os pés trocados
Saiam depressa
Porque apressadamente procuro chegar ali mais à frente
Onde me esperam desmoronamentos urgentes
Para sufocar este dia que já vai longo
Saiam depressa
Porque as pedras que trago ao pescoço
Impedem-me o olhar seguro


8/Março/2010

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Katie Melua, Eva Cassidy - What A Wonderful World

Algo vai ter de vir

Que saudade da voz que antes de ser minha
Viveu nos esquecimentos de todas as esquinas
Que saudade do matinal cumprimento vago e triste
Que saudade, sim, que a vida também é mar de espinhos
As envergonhadas palavras escondidas entre os olhares
As mãos suadas de tanto segurar os dias perdidos
Lembrei-me há dias que ainda não escrevi tudo
Por isso, fica aqui esta qualquer coisinha
Só para me lembrar que as vozes não se calam
Quando vivem para inventar palavras feitas de esperas
E eu já esperei e ainda espero e esperarei
Porque algo vai ter de vir...
Tenho a certeza...

12/Janeiro/2010

Eva Cassidy - Songbird

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Pequeno poema

Este é um pequeno poema
Apenas porque não me apeteceu fazê-lo maior
Um resumo do eu sem um princípio
Este é um pequeno poema
Mais ou menos de acordo com este dia
Pequeno de passos a compasso

Aborrecem-me as portas entreabertas
E os assobios do vento na janela
Deixem-me terminar este pequeno poema
Antes que fique grande demais.


28/Outubro/2009

Recordar...

Recordar

Recordar é viver
E eu vivo para te recordar
Recordo-te para não morrer
E morro por só te recordar


1986

Poesia perfeita

Ainda não fiz a poesia perfeita
Não sei se alguma vez a farei
Provavelmente... não
Porque poeta não serei
Alguns dirão
Ou então por falta de dor ou maleita
Por ausência de vontade expressa
De sofrer mil e alguns sofrimentos
Diluvianos e ternurentos
Nascentes de lágrima espessa
A poesia perfeitamente completa
Inalcançável meta
Para quem veste palavras insuficientes
Palavras repetidas e descrentes


27/Outubro/2009

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Por instantes

Não interessa o que tinha de acontecer
Mas a coisa que afinal é
Não importa o momento que ninguém viu
Ou até mesmo o sonho por fazer
Importa sim o talvez no horizonte
O rumo delineado sem cotas nem ângulos

Não interessa o amor não amado
Mas o amor dos dias e das noites
Sei lá do facto consumado ou da certeza absoluta
Mas sei do zero de que parto
Sei do caminho por todas as esquerdas e direitas

Não interessa o futuro do ontem
Mas o futuro que afinal é
Não importa o instante que esteve para vir
Mas o instante que num instante se esvai


25/Outubro/2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Persisto

Lá vem de novo esta encruzilhada irritante
Já lhe exprimi demasiadas vezes
A minha mais comovente sobranceria

Mas ela persiste...

Mas ela persiste inamovível e astuta
Acutilante no modo como me circunda
Como me estuda e ataca

Mas eu persisto...

Surdo aos lancinantes desejos do abismo
Seguro da ineficácia do rompante
Inconstante no tempo e na forma


25/Outubro/2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Quando amas

Quando amas
Sinto-me perdido em ti
Vagueando no teu coração,
Sinto a tua alma... tuas mãos
Tua pele dizendo-me
Tudo bem, eu estou aqui

Quando amas
Respiro o teu ar
Sonho os teus sonhos
Sorrio em teus olhos

Quando amas
A chuva não molha
O sol não queima
A noite não escurece.
Quando tu amas
Eu vivo
Eu sinto
Quando tu amas
Eu sou feliz


Outubro/2000

Outros sorrisos

Foi quando te conheci
Que dentro de mim um tremor
Me fez cair para aqui
E olhar-te com muito amor

Fiz-te um poema de parabéns
Que se perdeu na eternidade
Olhei para os olhos que só tu tens
E descobri então a felicidade

Desde essa altura
Que não deixo de admirar
A tua alma tão pura
A tua beleza de invejar

Desde essa altura
Que te comecei a amar
E esqueci a amargura
Que tanto me fez chorar

E vou ficando para aqui
Seguindo os teus passos
E vou olhando para acoli
Esperando pelos teus abraços

Agora vives no meu interior
Dentro do meu coração
Sinto-o bater sem qualquer dor
Ao ritmo da tua respiração

As minhas mãos só conhecem
Para o teu rosto o caminhar
Meus dedos só emudecem
Perante a luz do teu olhar

Tenho nos meus braços
Mil afectos para te dar
Para fortalecer nossos laços
E poder de ti cuidar

Nenhum dos adjectivos
Que servem para te elogiar
Conseguem ser objectivos
E a tua maneira de ser retratar

Mesmo que te diga adoro-te
É longe do que tu mereces
Meu Deus, eu imploro-te
Que ouças as minhas preces

Faz-me ser sempre romântico
Para a minha linda e doce flor
E tornar-lhe a vida um cântico
Encher-lhe os dias de amor

Só ficaria mais consolado
Se te sentisse sempre feliz
E te acompanhasse a todo o lado
Para ver o teu sorriso de petiz

É tão grande o amor que sinto
Que me arrebata sem piedade
Que não penses que te minto
E sintas a minha honestidade

És linda, és bela
E se te visse passar
Espreitar-te-ia da janela
Só para te contemplar

Só para te ver
Só para te adorar
Só para te proteger
Só para te amar

Tu és todos os lugares
Num só e único lugar
Tu és todos os luares
Guardados no teu olhar

Tu és toda a magia
Que encerra a natureza
Tu és fonte de alegria
De onde não brota tristeza


7/Janeiro/2005

Grito

Um grito
Um esgar
Um nada de inquietude
Aparente sofrimento

Um momento
Um meio segundo de espera
Silêncio apressado
Fugindo das minhas mãos
Instante impreciso
Sem voz nem pulsar
Refúgio algures
Que não sinto alcançar


21/Outubro/2009

Amália Rodrigues - Lágrima

Amarga

De todas as palavras
Com que me amarrei a ti
Ilusão foi a mais deliciosa
A mais quente
A mais amarga
A mais mortífera

21/Outubro/2009

Pedro Abrunhosa - Beijo

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Só me falta ser

Já percorri todos os pensamentos
Os úteis e os sem utilidade
Já me olhei vezes sem fim
Procurando uma espécie de verdade
Que junte estes solitários elementos
Que achei perdidos junto a mim.

Já vi duas estradas
Três caminhos e uma viela
Sonhei com criaturas aladas
Coroas de flores enfeitadas
Sorrisos felizes a uma janela.

Só me falta a vida futura
Só me falta o passo de gigante
Saltar o obstáculo final
Com arfar de emoção pura
Só me falta ser arrogante
Ser forte... feroz animal


7/Outubro/2009

Já não me importo

Já não me importo
Até com o que amo ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.

Nada me resta
Do que quis ou achei.
Cheguei da festa
Como fui para lá ou ainda irei

Indiferente
A quem sou ou suponho que mal sou,

Fito a gente
Que me rodeia e sempre rodeou,

Com um olhar
Que, sem o poder ver,
Sei que é sem ar
De olhar a valer.

E só me não cansa
O que a brisa me traz
De súbita mudança
No que nada me faz.

Fernando Pessoa

A tua dor

A tua dor

No meu peito sinto-a desmedida
Gigantesca... insuportável

Sinto a desilusão que te consome
As tuas lágrimas como cortantes diamantes
Que te rasgam o coração de forma precisa

Nenhuma palavra te serve de alimento...
Nenhum gesto...
Nenhum abraço te serve de alento

Uma chuva torrencial
Que te gela por completo
E sentes o teu corpo ser levado
Pelos vendavais que te inundam o olhar...

Estendes a tua mão
Mesmo sabendo que nada tens onde te agarrar
E choras em silêncio
Para que os sons da tua mágoa
Não te torturem ainda mais

Sinto-me impotente
Sem qualquer passe de mágica
Que te roube ao sofrimento

Tento partilhar as tuas lágrimas
Julgando, inocente, que assim te aliviarei

Tens essa dor que é tua
Já a sabes de cor
No entanto, é desconhecida do Mundo
É tua...
Apenas tua...


17/Dezembro/2004

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Realidade

Realidade
Sonho sem mácula
Desejo sem corpo
Virtudes de dois sóis
Namorando a mesma Lua

Titubeantes
As vozes de uma recôndita revolução
Entregam-se a inúteis atropelos
Tentando a luz ao invés da noite

Ali vai mais uma manhã
Mais um desespero
Mais um caminho por desbravar


14/Setembro/2009

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Dois pedaços

Dois pedaços de uma mesma dor
Duas cores no mesmo rosto

Corajoso na tormenta afundo-me nas águas
O meu esbracejar é intenso
Como intensa é a alegria da ansiedade


18/Agosto/2009

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Sem

Chamei-te aos gritos
Para que o teu silêncio enlouquecesse...

Queria que me olhasses sem os teus olhos...


17/Agosto/2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Odeio

Odeio
Odeio este cheiro a felicidade
Odeio o sorriso na boca dos outros
Odeio a alegria que insistem em mostrar
Nos beijos que trocam
Odeio esta minha inveja
Que me torna tão egoista.


16/Setembro/1988

Força para gritar

Sinto a nudez encoberta nos meus sentidos
E já nem sei se nos braços
Tenho ainda a força para gritar...

Que desapego é este?
Que anoitecer me sopra os pensamentos?

Procuro-me entre as roupas suadas de tanto correr
E já nem sei se nos olhos
Tenho ainda lágrimas por chorar...

Que insatisfação é esta que me satisfaz?
Que rumor de perdição é este que me algema o sono?


15/Julho/2009

Amor

Amo-te em todas as formas que desenhas
Soube-o ontem enquanto te olhava caminhando
E teu corpo dançava músicas que só eu sabia existirem.

Amo-te sempre que olhas para lugares que só eu vejo.
Sempre que respiras o mesmo ar que respiro.
Amo-te em cada toque no teu cabelo
Em cada beijo...
Amo-te quando adormeces em mim
E te aconchegas no meu olhar...

Vejo-te os sonhos que lutas por esconder.
Quero levar-te por caminhos de felicidade
De sonos profundos... de acordares maravilhosos...

Anseio sonhar contigo
Juntos num amor verdadeiro
Tu e eu...
Amo-te


4/Outubro/2004

Sorrisos...


Sorrisos

Tenho amor cá dentro
Por ti, linda mulher
Da minha vida és o centro
Faça eu o que fizer

Hoje quando acordei
Lembrei os teus olhinhos
Foi a forma que encontrei
De os meus não ficarem sozinhos

E deixei-me estar na cama
Para o meu coração sonhar
Contigo, mulher que ele ama
E que tanto me faz vibrar

Saio sempre para a rua
Com o olhar meio perdido
A minha alma é só tua
Sem ti tudo é descolorido

Todo o dia tenho presente
Traços da tua beleza rara
E procuro sempre carente
O teu rosto em cada cara

Procuro em cada esquina
O teu cheiro, a tua luz
O teu sorrir de menina
Que me encanta e seduz

Passo pela multidão
E me sinto deslocado
Só ouço uma canção
Que me canta ao teu lado

Olho para ti, querida
E sinto a inspiração
Escrever poemas de vida
Nas linhas do meu coração

E quando os passo ao papel
Uma lágrima de saudade
Sente a falta do teu mel
E cai plena de liberdade

Poeta não sei bem se sou
Porque escrevo o meu dia
O amor que me encontrou
Com seu toque de magia

Agora que sei que existes
A fasquia está muito alta
Não tenho noites tristes
Mas sinto tanto a tua falta

És o Sol que muito brilha
Em cada dia de Verão
És uma estrela nesta trilha
Que me guia pela mão

És Lua, flor e água
Todo o mundo vive em ti
Apagaste em mim a mágoa
Com que sempre convivi

És um poema imenso
És um sorriso tão terno
E sempre que em ti penso
Sinto o meu amor eterno

Desenho-te com candura
Em cada momento meu
E agradeço a tua doçura
Que esta vida me ofereceu

Não há outra mulher
Que tenha a tua riqueza
E eu farei o que puder
Para merecer a tua beleza

Se disser que te amo
E fixares o meu olhar
Ouvirás que teu nome chamo
Que és razão do meu sonhar

Desde que te conheci
Que me sinto tremeliques
Estar pertinho de ti
Faz-me ficar cheio de tiques

Meus dedos tremem tremem
Parecem de frio tiritar
Mas tudo o que eles temem
É não mais te poder tocar

Queria muito te mostrar
Como gosto de te amar
Mas não sei se consigo
Com as coisas que te digo

As palavras valem zero
Se forem apenas ditas
E por isso é que eu espero
Torná-las em coisas bonitas

Quer numa pequena flor
Ou num doce chocolate
Sentirás o meu amor
Sempre pronto a mimar-te

Gostava que o meu coração
Te falasse ao ouvido
que num momentode emoção
O teu se sentisse comovido

É essa a minha esperança
De que não quero desistir
E tenho-a sempre na lembrança
É ela que me faz sorrir

Quando estou perto de ti
Gostava de te dar o mundo
Mas o que sempre te ofereci
Foi só o meu amar profundo

Mesmo antes de saber
Que o amor já existia
Me sentia estremecer
Com as sensações que vivia

Este fogo que não cessa
Sempre que penso em ti
É amor que não tem pressa
E que igual nunca senti

Talvez nunca acredites
No que sinto no coração
Ou talvez um dia hesites
E me dês a tua mão

Todos os dias te mostrarei
Como és sensacional
Que nunca encontrarei
Alguém que tão especial

Dou-te todo o meu amor
Dou-te todo o meu viver
Afastarei de ti a dor
E em mim a farei morrer

Para mim poder amar-te
É motivo de felicidade
Mesmo que só em sonhar-te
Eu rebente de saudade

Queria juntar num só beijo
Todo o meu sentimento
E sentires como te desejo
As estrelas do firmamento

Aqui bem sentadinho
Ficarei no meu canto
E me deixarei sozinho
Levar pelo teu encanto

E agora para terminar
Um abraço bem apertado
E que sintas o palpitar
Deste teu apaixonado


4/Janeiro/2005

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Suor e lágrimas

Amor contigo
Inferno com as cores do paraíso.
Tumultos de alma doentia
Alma irreconhecível no suor e nas lágrimas

29/Junho/2009

Melhor de mim

Quero dar-te o melhor de mim
Cada palavra... cada gesto
A voz da minha alma...

Em todos os momentos
Guardarei para ti
Os raios do sol... o luar da lua

Quero dar-te o melhor de mim
Oferecer-te flores mesmo que não as peças
Dar-te carinho mesmo que não precises

Porque quero que o hoje
Seja melhor do que o ontem
E que o amanhã seja sempre inesquecível...

Queria dar-te o melhor de mim
Porque assim me pede o coração
E porque se não o fizer
Chorarei em silêncio...
A dor da luta que se perde
Sem nunca ter lutado...


17/Outubro/2004

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Vida

Suave toque do intocável
Nas minhas silenciosas mãos
E mergulhei na espiral do tempo

Revisitei-me
Sem a dor do momento passado
Sem a ilusão do futuro mais que perfeito

Abracei a vida
Para lhe dizer em surdina
Que a amo como nunca

21/Maio/2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sinto o amor

Sinto o amor
Amor liberto
Sem dor
Amor de liberdade
Amor de estar perto
Mesmo não estando
Olhar de verdade
Com que te vou amando…
Numa noite de luar
Fogueira que aquece
E vem confortar
O insuportável frio
De que a alma padece…
Mergulho nesse rio
Que teus olhos pintam
Teu corpo num abraço
Que se envolve no meu
Sem corações que mintam
Vinca-se o traço
Que este amor escreveu…
Nas ruas invento
Teu rosto numa esquina
Nas mãos o vento
Traz feliz o teu cheiro
A tua pele doce e fina
Que me alimenta por inteiro
Sacia a minha sede…
Enquanto teu nome ecoa
Escrito em cada parede
Pintura que não destoa
E que te retrata
Me tira desta solidão
Vida de pouca emoção
Que aos poucos me mata…
Sinto o amor
Em cada momento
Teu aroma em cada flor
No peito o alento
Com que não desisto
Se te olho e não te resisto…
Porque o Mundo não é Mundo
Neste sentir profundo
Onde só tu és mulher
Onde sempre te amarei
E sempre de ti cuidarei
Se teu coração quiser!
Amor
Liberto
Perto
Sem dor

18/Janeiro/2005

terça-feira, 5 de maio de 2009

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer,
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso,
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos,
Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam,
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
É vinho, é espuma, é fermento,
Bichinho álacre e sedento,
De focinho pontiagudo,
Que fossa através de tudo
Num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel,
Base, fuste, capitel,
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista,
Mapa do mundo distante,
Rosa-dos-ventos, Infante,
Caravela quinhentista,
Que é Cabo da Boa Esperança,
Ouro, canela, marfim,
Florete de espadachim,
Bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
Passarola voadora,
Pára-raios, locomotiva,
Barco de proa festiva,
Alto-forno, geradora,
Cisão do átomo, radar,
Ultra-som, televisão,
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
Que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança.


António Gedeão

Triste refúgio

Solidão
Triste refúgio dos infelizes
Que nunca ouviram o amor

1986

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Rimas

Insatisfeito rasgo todas as rimas
Que tinha para te oferecer
Pareceram-me ridículas
Pareceram-me dias sombrios
Dias de chuva intermitente
Indecisas no tempo e na vontade de serem rimas

23/Abril/2009

Ânsia

Vivo na ânsia de ser encontrado por aquilo que procuro

23/Abril/2009

Negar

Porque insisto em negar o que todo o meu corpo
Repete vezes sem conta cada vez que respiro
Porque tento não ouvir o que me cantam os olhos
Sempre que te vejo numa inventada esquina
Onde me cruzo contigo e me prendes os sentidos
Porque insisto em chorar se tanto de ti me preenche
O dia, a noite, o adormecer e o acordar...
Porque duvido eternamente
De todos os sorrisos que me ensinas
De todos os beijos que me roubas.
É como viver sem querer viver
Sempre rejeitando a vida para não morrer

Como se não fosse claro
Que preciso de sofrer para melhor te amar
Que preciso de chorar para melhor te cuidar
Porque insisto em negar que te amo
Se tudo à minha volta é uma infinita canção de amor
Que me leva até ao fim de todos os caminhos
Ao princípio de todos os mares
Num momento de amor que imagino partilhando contigo

Porque insisto em negar
Que te amo
Se tudo em meu redor
Já o descobriu...

16/Setembro/2004

Procuro sem cessar

Procuro sem cessar
Em todos os livros
Aquilo que muito te quero dizer
Como te vejo e sinto
Dizer-te como te espero

Sinto-me impotente
Receoso por qualquer palavra banal
Como se as letras inventadas
Não conjugassem tudo o que cresce em mim

Procuro sem cessar
Dizer-te do lugar que ocupas
Do lugar que te reservo
Do lugar onde te amo

20/Outubro/2004

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tempo...

Tempo

Falta-me o tempo
Que gastei com os dias inúteis
Faltam-me as lágrimas
Que chorei sem precisar
Falta-me a vida
Que finjo já vivida

22/Abril/2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Banalizei a dor

Banalizei as palavras
De tanto as querer minhas
Virei-as do avesso
Para vestirem o caminho ideal
Para o mais alto dos temores

Banalizei as palavras
De tanto as querer sentir
Fingi sofrimentos e amores
Para lhes dar vida
Para lhes dar corpo e alma

Banalizei a dor
De tanto que me doeu
Banalizei o sonho
De tanto o perseguir
Sem o entender... sem o rejeitar
Sem lhe reconhecer o pesadelo
Que seus braços me segredavam

6/Abril/2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Tudo de uma vez

Rebento com esta vontade
De escrever tudo de uma vez
Persigo as palavras que se escondem nas sombras
Procuro-as sem dó, sem piedade
Porque tenho peito profundo de sons
Ansiando por transcrições inéditas
De sentimentos gastos e ferrugentos

Desejo de liberdade que não quer ser livre
Medo de sorrir pelo medo de não saber chorar
Ai esta vontade de rebentar
De morrer pelas palavras que me fogem
E torná-las imortais


1/Abril/2009

Temo-nos

Tenho-te
Tens-me
Temo-nos
O caminho
Desenhos na Lua
Palavras doentes de silêncio
Gritos libertos em pó

Tenho-te
Tens-me
Presente meu e teu
Amarrando o futuro

Temo-nos
Irremediavelmente

1/Abril/2009

Um beijo...

Um beijo

Tentei um dia compôr-te um beijo
Lembras-te?
Tentei desenhá-lo com as cores do teu rosto
Para que o sentisses só teu
Faltou-me a voz dos poetas
Para o cantar no teu sono

Tantos dias depois
Tantas palavras depois
E ainda esse beijo navega em meus lábios
Ainda treme em minhas mãos
Esse beijo que nunca te dei
Foi amanhecer
Foi adubo na terra
Mão que na mão se entranha
E torna inseparáveis dois olhares

Tentei um dia compôr-te um beijo
Em forma de poema
Desenhado numa folha de papel
Mas o vento guardou-o para si
Arrancou-o aos meus braços

Relembrando com tristeza
O que o acaso levou consigo
Toma este beijo
Acho que está bonito
Enfeitado com a luz do teu olhar

1/Abril/2004

terça-feira, 31 de março de 2009

Respirar

Tenho dificuldade em respirar
Como se o que tenho dentro de mim
Fosse maior do que a vida
Como se o que tenho para falar
Viesse e me deixasse assim
Curando a minha alma ferida.

O que sinto no coração
É uma história de amor
É um pedaço de paixão
Escrito sobre uma antiga dor
É um olhar que me enternece
Ausência que me entristece

O que tenho em mim e já não seguro
É a vontade de te mostrar
A vida que ainda muito procuro
Todos os momentos e anseios
Que alguém me quis roubar
Enchendo meu sono de receios.

Quero muito conseguir dizer
O que tanto me sufoca o dia
E sem nada mais a fazer
Corro como se fosse louco
Suplicando a tua companhia
Quando tudo o que tenho é tão pouco.

Quero dizer que te amo
Porque a voz que sinto presente
É a voz com que te chamo
Voz triste, trémula, carente
Quero dizer-te a minha emoção
Quero dizer-te o meu coração

23/Setembro/2004

Rio

Rio gigante
Rio vivo
Nele me vejo antagónico
Rio seguro do destino
Inabalável no sentir
Contrário de mim

31/Março/2009

Reflexos

Lembro as palavras que nunca disseste
Cursos de água que não existem
Reflexos de futuros por viver

31/Março/2009

sexta-feira, 20 de março de 2009

Ainda...

Ainda me resta tanta ilusão
Ainda me atormenta tanto querer
Ainda...

quinta-feira, 5 de março de 2009

Inquietação

Quantas portas tem a saída?
Quantos rumos tem o futuro?
De quantos avanços e recuos
Se faz uma inquietação perfeita?
Insana é a tentativa de caminhar direito
Louca a vontade de procurar uma vontade

Reclamo hoje o espólio abandonado
Em todos os pedaços dos meus nãos

Junto-me para não me perder
Sereno nesta doentia inquietação
Que me deixa sedento de ar puro


5/Março/2009

segunda-feira, 2 de março de 2009

domingo, 1 de março de 2009

Quantas palavras

Amedrontei-me com as palavras
Juntei-as uma a uma
Procurando uma frase onde me abrigar
Um som onde reconhecer o Sol

Breves sorrisos entre breves lágrimas
E um mar imenso que abracei na minha voz

Quis contar-te
Mas não te encontrei
Não me encontrei


1/Março/2009

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Poema com pressa

Estas linhas escrevo-as com pressa
Pressa não sei de quê
Mas com vontade de ir não sei onde

Sim, com pressa porque tenho pressa
De partir para todos os lugares onde já morri
Pressa de viver com todas as ansiedades

Linhas escritas com pressa de chegar ao fim
Sem que nada diga ou queira dizer
Mas querendo dizer o tudo que ainda não sei

Guardei no mais profundo das mãos
Todos os espinhos com que me feri
Mas nesta pressa em que estou
Sinto-os... leve, dormente, indolor

18/Fevereiro/2009

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Passado

E as palavras que não as vivo?
E a loucura imensa de as sublimar?
E a mordaça que me sufoca a alma?

Onde estão as masmorras?
Onde está o nadar sem pé?
Carro desvairado resvalando no abismo

Onde está o doce do amargo?
E a dor de sorrir mais alto?

A inércia deste sentir o não sentimento
Falta-me a guerra pelo amanhã inexistente
Perseguição incessante do nada a troco de nada.

Já não tenho imagens de castelos nos bolsos
E perdi todos os rascunhos da alma

12/Fevereiro/2009

Tu e a Lua

A Lua tinha um brilho diferente
Tinha um brilho que todas as noites ilumina o meu quarto
Quando ouço a tua voz nos meus pensamentos

A Lua tinha um brilho diferente
Tinha o brilho dos teus olhos
Por isso digo que te vi na Lua

Também as estrelas cintilavam com maior intensidade
E vi nelas... as tuas mãos... os teus gestos

E senti-me aconchegado na noite fria
Senti um lábio teu na minha face
E adormeci

27/Dezembro/2004

Não existes

Tu não existes
Porque em nenhuma canção de amor
Ouvi versos que te cantassem

Tu não existes
Porque te olho e te vejo única
Atrás desse brilho cuja dimensão ignoras

Tu não existes
Mas, no entanto, és real
És real
Mas meus dedos não te alcançam
Pareces inatingível

Como se fosses rainha
E eu povo
Tu existes
Mas não existes
Para mim...

27/Novembro/2004

domingo, 12 de outubro de 2008

Jardim

Esqueci o jardim das loucas noites
Em que todas as rosas eram tuas
Em que todos os espinhos eram meus

12/Outubro/2008

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Este silêncio

Aconchega-me no teu sono
Que me doem as noites
Envolve-me no teu respirar que me esvaio sem fim

Toma-me esta inquietação
Esta efervescência que me atira ao abismo
E remenda-me os estragos
E cura-me a sofreguidão

Escuta-me o silêncio
Para que não tenha de o aprisionar

8/Outubro/2008

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Regressa

Sinto a tua falta
Mais do que imaginaria
Fico olhando a porta
Esperando teus passos
Em vão fico te adivinhando
Em todas as sombras
Sem convicção
Vou-me enganando
Como se a qualquer instante
Viesses sorrindo
De regresso a mim.
Sinto a tua falta
Muito mais do que necessitaria
Para entender a minha saudade
Muito mais do que necessitaria
Para querer só para mim
A luz que guardas em teu sorriso.
Sinto a tua falta
E vou-te esperando
Com uma dor tranquila
Que suavemente me perfura o coração
Fazendo correr as lágrimas
Que tanto queria conter
Sinto a tua falta
Mais do que qualquer outra ausência
Na minha vida...

24/Novembro/2004

Rio que sou

Para ti
Corre este rio em que me tornei
Feito de lágrimas e noites

Neste rio que sou
Guardo as chuvas e os vendavais
As folhas desavindas que perderam o seu ramo

Para ti
Corre este rio que agora sou
E nele vivem as sombras do meu quarto
Os gritos da minha alma que te espera em silêncio

Este rio em que me tornei
Corre a desaguar nos teus olhos
A banhar o teu sorriso
A provar o sal do teu mar

Este rio que sou
Tem nas águas a pureza do amor
A vontade do meu sonho

Para ti corre este rio que sou

8/Dezembro/2004

terça-feira, 29 de julho de 2008

Amanhã

O mundo acaba amanhã
Gritou-me a árvore com pés de cimento
Corre para os teus rumos desgovernados

O mundo acaba amanhã
E eu com tantos dias por escrever

29/Julho/2008

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Azul diferente

O teu azul acordou diferente
Sem a leveza da água
Sem o som da manhã

O teu azul está mais escuro
Mais perto de uma dor contida
De olhar inquieto e trémulas mãos
Azul de luz sombria
De lágrima redonda e carnuda
Sulcando as faces da vida

Deixa-me tocar
As fundações desse teu azul
Deixa-me abraçar
A noite que te corrói

Deixa este meu sol
Penetrar-te a melancolia
Reverter em lençóis de ouro
O mar gelado que te aprisiona

Esta manhã
O teu azul acordou diferente
Adormecido pelo silêncio
Seco pelo deserto...

21/Julho/2008

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Lua fria...

Lua fria

Inquietação
Vontade de partir
Para não chegar ao fim

Inquietação
Sobressalto no peito
De algemas nas mãos

Inquietação
Passos perdidos
Achados no tempo de não ter tempo

Inquietação
E a Lua que não me aquece
Que não me abraça.

26/Junho/2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

Coisas

Sou das coisas improváveis
Das flores ou do cimento
Sou dos amores
Dos sonhos e das quedas

Sou das coisas improváveis
Do opaco translúcido
Sou dos silêncios sem o saber
Porque falo o que ninguém ouve

Duas prováveis impossibilidades
Caíram-me no regaço
Uma sorri-me um não
A outra chora-me um sim

27/Maio/2008

terça-feira, 29 de abril de 2008

Num instante

Cheguei-me a ti
Para te dizer num instante
Esse dom que tens.

A estrada que lês
Em meia dúzia de segundos.

Dou-te os anos da memória
E as sombras que estreitam dores.

Muito rapidamente
Dizer-te que vou onde fores.

29/Abril/2008

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Mudança

Em vão, procuro entender
Que oceanos se revolvem dentro de mim
Que ventos me fazem derrubar
Vejo teus olhos e tento compreender
Porque a sua luz me cega
Porque o seu brilho me detém

Vejo teu sorriso e sem perceber
Sinto-me derrotado
Pelos meus velhos sonhos de amor

Ouço a tua voz e num truque de magia
Todo o meu mundo é musicado
E a ti fico ouvindo sem correria
Atento em teus gestos
Preso em todos eles
Sem vontade de me libertar

Estou a olhar para ti
E numa breve fantasia
Sinto-me dizer amo-te

23/Setembro/2004

quarta-feira, 19 de março de 2008

Nevoeiro Cerrado

Nevoeiro cerrado

No cimo da esperança
A revolta no grito

A dor dos outros
Que gravo na noite

Sinto a explosão
Sem sangue a escorrer
Sem cabeças a rolar

Nevoeiro cerrado
Enche os olhos de noites

Abismos escondidos
Sorriem-me a cada passo

Sento-me perto do mar
Esperando o ruir de castelos

E a lua grita-me
Sussura-me
E a lua beija-me

Que saudade de mim!

19/Março/2008

Solidão

Solidão
Porque não me deixas
Porque não procuras outra alma
A quem roubar a felicidade?
Porque insistes em me prender
Com teus macabros encantos?

Vai-te... deixa-me
Odeio-te com todas as forças que me restam
E que me dão esperança para lutar até ao fim

16/Setembro/1988

Pedra preciosa...

Pedra preciosa

És pedra preciosa na fortuna que não tenho
Estrela que brilha na minha escuridão
És pedaços de sonho em que vou e venho
Brisa suave numa noite de Verão

És conto de fadas que não existe
História de amor por acontecer
És pensamento alegre, pensamento triste
Mar em que navego sem me perder

É por isso que te quero tanto
Por isso é triste o meu pranto
Quando me sinto assim sozinho

Por isso é que a vida tem sentido
Por isso é que me sinto agradecido
Teres entrado em meu caminho

Dezembro/1987

A mão

Vou caminhando sem saber para onde.
Vejo ao longe o abismo
Chama-me... carente
E vou ter com ele

Sinto resignação
Ultrapasso obstáculos sem dificuldade... sem dor

Sinto uma mão que me segura
Que me impede de avançar.
Agarro-me a ela com a pouca força que ainda me resta
Tento lutar para não a perder

Talvez seja sôfrego demais
O desespero... maior do que imaginava

E ela foge...
A mão
Empurro-me para a frente
O abismo está cada vez mais perto

A mão
Sinto-a presente
E tão ausente
A tranquilidade que me traz
Igual ao desconsolo em que me deixa.

A mão que me embala me trata
Que me dá coragem
É a mão que depois me larga
E me aprofunda a dor

Estranho ou nem tanto
Talvez estranho fosse
Se fosse de outra maneira...

Novembro/1999

Impossíveis

É impossível esquecer-te
Porque em cada brisa a doçura da tua voz
Em cada momento te procuro meu redor

É impossível esquecer-te
Porque em cada lágrima um pedaço de mim
Em cada escuridão te procuro nas sombras
Em cada esquina os teus passos

É impossível esquecer-te
Porque em cada olhar os teus olhos
Em cada instante o teu corpo
Em cada céu o teu esvoaçar...

É impossível esquecer-te
Porque em cada flor o teu cheiro
Em cada mar o teu azul
Em cada árvore o teu verde

É impossível esquecer-te
Porque és o beijo de todos os lábios
Beleza de todos os rostos
O calor de todos os abraços

É impossível esquecer-te
Porque és o sangue de cada veia

É impossível esquecer-te
Porque és todos os meus sonhos
Todos os meus poemas

17/Outubro/2004

Inexplicável

Inexplicável
A razão do que sinto
O que me preenche
E não me obriga a correr
O que me faz sorrir
E não me desespera
Sinto e basta-me

Vou procurando todas as formas de chegar a ti
E acalmo o tremor das minhas mãos.
Não encontro explicação
Para serem teus os pensamentos
Para me sentir preso em ti
E ao mesmo tempo tão livre

Dou-te o melhor de mim
Sem de ti querer nada
Secretamente desejando que me dês tudo.
Não sinto a pressão da vida
Não sinto as lágrimas de ontem
Apenas sinto amar-te

Aqui
No silêncio onde te contemplo
No silêncio onde componho
Todas as linhas da minha emoção
Apenas sinto amar-te
Como um privilégio que me foi dado
Pelo amanhecer de um dos meus dias

É inexplicável
A razão do que sinto
Mas quero tanto sentir
Que adormeço embalado
Pela certeza do bater do meu coração...

23/Outubro/2004

quarta-feira, 12 de março de 2008

O teu mar...

O teu mar

A lua ilumina-te o rosto
E vejo-te reflectida nas ondas do mar
Na areia fico sorrindo às águas
Esperando poder banhar-me no teu abraço salgado

A luz das estrelas aquece todos os poros da minha pele
E apetece-me gritar por ti

Contar às sombras como descobri que te amava...
Correr pelas ruas pintando o sorriso onde te guardo

Vai amanhecendo
E na areia onde adormeci
O mar deixou escrito o teu nome
As nuvens desenham os teus olhos em tons avermelhados

Sinto-me invadido por imensa saudade
Quando recordo a cor intensa do teu universo

Os sons lembram-me a harmonia
Em que vivem todas partes de ti

Ouço a tua voz no cantar dos pássaros pela manhã
No descansar dos ventos

E adormeço de novo
Abraçando toda a dor da saudade

23/Outubro/2004

quarta-feira, 5 de março de 2008

Um só olhar

Olhar dorido
Cansado
Olhar de frente risonho
Escondido das névoas
Perdido nas ruelas
Olhar que mente e desmente
Que vive e morre
Quando o vento lhe assobia fins e princípios...

Olhar dormente
Esperando um beijo
Olhar silencioso
Gritando as cores dos sonhos
Olhar que flutua entre o sim e o não...

Olhar meu que é teu
Olhar teu que é único
Olhar nosso que construímos
Com tijolos de amor e sexo
Refrescante de luz e suor...

Olhar que perde rumos
Olhar que persegue fugas
Olhar que olha e não vê
Que olha e não quer ver

Olhar...
Um olhar e tantos olhares
Uma vida e tantas vidas
Tantos risos, tantos choros
Tantos olhares...
Num só olhar...

14/Fevereiro/2008

Querer

Queria escrever-te o amor como o conheço
Queria falar-te do amor como eu sinto
Pegar na tua mão e levar-te ao céu
Passear-te por todos os jardins... por todas as montanhas

Queria contar-te o amor como o conto
Uma flor
Um perfume
Um olhar deslumbrado

Queria dar-te o amor como eu o dou
Toque no rosto
Beijo demorado
Abraço sem fim
Amor de palavras simples

Queria mostrar-te o amor que me dói no peito
A saudade que sinto quando partes sem mim
A saudade que te espera
Te sonha e te anseia

Queria dizer-te do amor que queria sentir
Por ti...

19/Setembro/2004

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Vertigem

De novo a loucura
Passos descompassados
Dor inerte habitante de mim...

Soltam-me as algemas
Mas prendo as mãos uma na outra...
São as cores cheias de minutos
E as horas escassas de tempo...

Vivo bem na vertigem do que abandono...
Mas corrói-me... esgota-me...
Um passo acertado
E pulo para o cimo do sonho...

18/Fevereiro/2008

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Negação

Porque insisto em negar
O que todo o meu corpo repete vezes sem conta
Sempre que te vejo numa inventada esquina...

Porque insisto em chorar
Se tanto de ti me preenche...
Os sorrisos que me ensinas
Os beijos que me roubas...

É como viver sem querer viver
Rejeitando a vida para não morrer
Renunciando à vida para não sofrer
Como se não fosse claro
Que preciso de sofrer para melhor te amar
Que preciso de chorar para melhor te cuidar...

Porque insisto em negar que te amo
Se tudo é uma infinita canção de amor
Tocada no fim de todos os caminhos
No princípio de todos os mares...

Porque insisto em negar que te amo
Se tudo em meu redor já o descobriu...

16/Setembro/2004

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Livre

Libertei-me das penas
Que aprisionavam o tempo!
Vivo as marcas em chamas
Como momentos de vã loucura...
Olho-me...
Vejo perdidos tantos lugares da minha existência...
Agarro-os...
Mas já me faltam os dedos...
Fico incompleto...
Para sempre...

5/Fevereiro/2008

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Tempestade...

Tempestade

Encontrei-me com o amor
Já o sentia em mim
Já o vivia... já te amava...

Mas esta noite encontrei-me com ele...
Senti-o como tempestade...
Refrescar-me a alma
Fazer-me voar
Num abraço de todos os sonhos
Que perdi no vento...
Senti-me criança
Com tesouro acabado de descobrir...

Encontrei-me com o amor
E vi-te como nunca te vi antes
Amei-te como nunca te havia amado...
Olhei-te tão intensa e cheia de luz...
Olhei-te como parte de mim...
Palavra no meu pensamento
Guia no caminho que percorro...

Neste meu encontro com o amor
Ouvi o teu nome em todos os passos
Desta viagem cujo destino desconheço...
Levo comigo lágrimas e sorrisos...
Não olho para trás...
Porque para trás nada existe...
Vou perseguir este sonho...
Não o posso deixar correr sozinho...
Preciso de o viver...

1/Janeiro/2005

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Verdade

Porque não dizer que te amo
Se é o que sinto em mim
Se te recordo com um sorriso
Em cada esquina que cruzo...
Amo-te
Porque em cada noite
Te vejo nas estrelas
A Lua ilumina o teu rosto
Nas paredes do meu quarto...
Matando a sede infinita de ti...

Amo-te
Pela cor do teu sorriso
Por cada instante do teu ser...
Porque não dizer que te amo
Quando ouço o teu nome
Em cada batida do meu coração
Quando cada lágrima das minhas mãos
Acarinha um pedaço de ti...

Sim, amo-te
Porque quando o inexplicável acontece
Sobra-me a vontade de sentir...
A vontade de correr para qualquer lugar
Desde que seja o teu lugar...
Porque quando todo o meu corpo me diz aquilo
Que o mundo há muito me segredou
Não tenho como fugir... como recusar...

Amo-te
Pelas memórias que vivo
Pelo futuro que desconheço
Pelo prazer de te amar
Pelo que te faz mulher...

Amo-te
Sente o que sou
Vê-me transparente
Conhece todos os recantos da minha alma
Todos os meus sonhos secretos
Todos os receios que me amedrontam
Toda a verdade de te amar...

21/Outubro/2004

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Sonhei com um beijo teu

Sonhei com um beijo teu
Incansável, contemplava-te pela milionésima vez
Achei-te bela como sempre...
Com as minhas mãos tremendo de emoção
Acariciava tua face
Ao mesmo tempo que te idolatrava num sorriso
Um sorriso tantas vezes receoso de te não merecer...

Lentamente... os dedos pela tua pele
E o medo de te perder
A vontade de te guardar nas estrelas...

Em cada recanto do teu rosto
Supliquei à eternidade daquele momento...
Senti-te entranhar em mim
Fazendo-me viver secretos desejos...
Segurava teu rosto como pedra preciosa
Como Mona Lisa de Da Vinci...

E os meus lábios tocaram os teus
Num beijo que não cabia no céu...

Sonhei com um beijo teu...
Tão real, tão intenso, tão doce...

13/Novembro/2004