quinta-feira, 30 de abril de 2009

Triste refúgio

Solidão
Triste refúgio dos infelizes
Que nunca ouviram o amor

1986

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Rimas

Insatisfeito rasgo todas as rimas
Que tinha para te oferecer
Pareceram-me ridículas
Pareceram-me dias sombrios
Dias de chuva intermitente
Indecisas no tempo e na vontade de serem rimas

23/Abril/2009

Ânsia

Vivo na ânsia de ser encontrado por aquilo que procuro

23/Abril/2009

Negar

Porque insisto em negar o que todo o meu corpo
Repete vezes sem conta cada vez que respiro
Porque tento não ouvir o que me cantam os olhos
Sempre que te vejo numa inventada esquina
Onde me cruzo contigo e me prendes os sentidos
Porque insisto em chorar se tanto de ti me preenche
O dia, a noite, o adormecer e o acordar...
Porque duvido eternamente
De todos os sorrisos que me ensinas
De todos os beijos que me roubas.
É como viver sem querer viver
Sempre rejeitando a vida para não morrer

Como se não fosse claro
Que preciso de sofrer para melhor te amar
Que preciso de chorar para melhor te cuidar
Porque insisto em negar que te amo
Se tudo à minha volta é uma infinita canção de amor
Que me leva até ao fim de todos os caminhos
Ao princípio de todos os mares
Num momento de amor que imagino partilhando contigo

Porque insisto em negar
Que te amo
Se tudo em meu redor
Já o descobriu...

16/Setembro/2004

Procuro sem cessar

Procuro sem cessar
Em todos os livros
Aquilo que muito te quero dizer
Como te vejo e sinto
Dizer-te como te espero

Sinto-me impotente
Receoso por qualquer palavra banal
Como se as letras inventadas
Não conjugassem tudo o que cresce em mim

Procuro sem cessar
Dizer-te do lugar que ocupas
Do lugar que te reservo
Do lugar onde te amo

20/Outubro/2004

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tempo...

Tempo

Falta-me o tempo
Que gastei com os dias inúteis
Faltam-me as lágrimas
Que chorei sem precisar
Falta-me a vida
Que finjo já vivida

22/Abril/2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Banalizei a dor

Banalizei as palavras
De tanto as querer minhas
Virei-as do avesso
Para vestirem o caminho ideal
Para o mais alto dos temores

Banalizei as palavras
De tanto as querer sentir
Fingi sofrimentos e amores
Para lhes dar vida
Para lhes dar corpo e alma

Banalizei a dor
De tanto que me doeu
Banalizei o sonho
De tanto o perseguir
Sem o entender... sem o rejeitar
Sem lhe reconhecer o pesadelo
Que seus braços me segredavam

6/Abril/2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Tudo de uma vez

Rebento com esta vontade
De escrever tudo de uma vez
Persigo as palavras que se escondem nas sombras
Procuro-as sem dó, sem piedade
Porque tenho peito profundo de sons
Ansiando por transcrições inéditas
De sentimentos gastos e ferrugentos

Desejo de liberdade que não quer ser livre
Medo de sorrir pelo medo de não saber chorar
Ai esta vontade de rebentar
De morrer pelas palavras que me fogem
E torná-las imortais


1/Abril/2009

Temo-nos

Tenho-te
Tens-me
Temo-nos
O caminho
Desenhos na Lua
Palavras doentes de silêncio
Gritos libertos em pó

Tenho-te
Tens-me
Presente meu e teu
Amarrando o futuro

Temo-nos
Irremediavelmente

1/Abril/2009

Um beijo...

Um beijo

Tentei um dia compôr-te um beijo
Lembras-te?
Tentei desenhá-lo com as cores do teu rosto
Para que o sentisses só teu
Faltou-me a voz dos poetas
Para o cantar no teu sono

Tantos dias depois
Tantas palavras depois
E ainda esse beijo navega em meus lábios
Ainda treme em minhas mãos
Esse beijo que nunca te dei
Foi amanhecer
Foi adubo na terra
Mão que na mão se entranha
E torna inseparáveis dois olhares

Tentei um dia compôr-te um beijo
Em forma de poema
Desenhado numa folha de papel
Mas o vento guardou-o para si
Arrancou-o aos meus braços

Relembrando com tristeza
O que o acaso levou consigo
Toma este beijo
Acho que está bonito
Enfeitado com a luz do teu olhar

1/Abril/2004

terça-feira, 31 de março de 2009

Respirar

Tenho dificuldade em respirar
Como se o que tenho dentro de mim
Fosse maior do que a vida
Como se o que tenho para falar
Viesse e me deixasse assim
Curando a minha alma ferida.

O que sinto no coração
É uma história de amor
É um pedaço de paixão
Escrito sobre uma antiga dor
É um olhar que me enternece
Ausência que me entristece

O que tenho em mim e já não seguro
É a vontade de te mostrar
A vida que ainda muito procuro
Todos os momentos e anseios
Que alguém me quis roubar
Enchendo meu sono de receios.

Quero muito conseguir dizer
O que tanto me sufoca o dia
E sem nada mais a fazer
Corro como se fosse louco
Suplicando a tua companhia
Quando tudo o que tenho é tão pouco.

Quero dizer que te amo
Porque a voz que sinto presente
É a voz com que te chamo
Voz triste, trémula, carente
Quero dizer-te a minha emoção
Quero dizer-te o meu coração

23/Setembro/2004

Rio

Rio gigante
Rio vivo
Nele me vejo antagónico
Rio seguro do destino
Inabalável no sentir
Contrário de mim

31/Março/2009

Reflexos

Lembro as palavras que nunca disseste
Cursos de água que não existem
Reflexos de futuros por viver

31/Março/2009

sexta-feira, 20 de março de 2009

Ainda...

Ainda me resta tanta ilusão
Ainda me atormenta tanto querer
Ainda...

quinta-feira, 5 de março de 2009

Inquietação

Quantas portas tem a saída?
Quantos rumos tem o futuro?
De quantos avanços e recuos
Se faz uma inquietação perfeita?
Insana é a tentativa de caminhar direito
Louca a vontade de procurar uma vontade

Reclamo hoje o espólio abandonado
Em todos os pedaços dos meus nãos

Junto-me para não me perder
Sereno nesta doentia inquietação
Que me deixa sedento de ar puro


5/Março/2009

segunda-feira, 2 de março de 2009

domingo, 1 de março de 2009

Quantas palavras

Amedrontei-me com as palavras
Juntei-as uma a uma
Procurando uma frase onde me abrigar
Um som onde reconhecer o Sol

Breves sorrisos entre breves lágrimas
E um mar imenso que abracei na minha voz

Quis contar-te
Mas não te encontrei
Não me encontrei


1/Março/2009

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Poema com pressa

Estas linhas escrevo-as com pressa
Pressa não sei de quê
Mas com vontade de ir não sei onde

Sim, com pressa porque tenho pressa
De partir para todos os lugares onde já morri
Pressa de viver com todas as ansiedades

Linhas escritas com pressa de chegar ao fim
Sem que nada diga ou queira dizer
Mas querendo dizer o tudo que ainda não sei

Guardei no mais profundo das mãos
Todos os espinhos com que me feri
Mas nesta pressa em que estou
Sinto-os... leve, dormente, indolor

18/Fevereiro/2009

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Passado

E as palavras que não as vivo?
E a loucura imensa de as sublimar?
E a mordaça que me sufoca a alma?

Onde estão as masmorras?
Onde está o nadar sem pé?
Carro desvairado resvalando no abismo

Onde está o doce do amargo?
E a dor de sorrir mais alto?

A inércia deste sentir o não sentimento
Falta-me a guerra pelo amanhã inexistente
Perseguição incessante do nada a troco de nada.

Já não tenho imagens de castelos nos bolsos
E perdi todos os rascunhos da alma

12/Fevereiro/2009

Tu e a Lua

A Lua tinha um brilho diferente
Tinha um brilho que todas as noites ilumina o meu quarto
Quando ouço a tua voz nos meus pensamentos

A Lua tinha um brilho diferente
Tinha o brilho dos teus olhos
Por isso digo que te vi na Lua

Também as estrelas cintilavam com maior intensidade
E vi nelas... as tuas mãos... os teus gestos

E senti-me aconchegado na noite fria
Senti um lábio teu na minha face
E adormeci

27/Dezembro/2004

Não existes

Tu não existes
Porque em nenhuma canção de amor
Ouvi versos que te cantassem

Tu não existes
Porque te olho e te vejo única
Atrás desse brilho cuja dimensão ignoras

Tu não existes
Mas, no entanto, és real
És real
Mas meus dedos não te alcançam
Pareces inatingível

Como se fosses rainha
E eu povo
Tu existes
Mas não existes
Para mim...

27/Novembro/2004

domingo, 12 de outubro de 2008

Jardim

Esqueci o jardim das loucas noites
Em que todas as rosas eram tuas
Em que todos os espinhos eram meus

12/Outubro/2008

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Este silêncio

Aconchega-me no teu sono
Que me doem as noites
Envolve-me no teu respirar que me esvaio sem fim

Toma-me esta inquietação
Esta efervescência que me atira ao abismo
E remenda-me os estragos
E cura-me a sofreguidão

Escuta-me o silêncio
Para que não tenha de o aprisionar

8/Outubro/2008

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Regressa

Sinto a tua falta
Mais do que imaginaria
Fico olhando a porta
Esperando teus passos
Em vão fico te adivinhando
Em todas as sombras
Sem convicção
Vou-me enganando
Como se a qualquer instante
Viesses sorrindo
De regresso a mim.
Sinto a tua falta
Muito mais do que necessitaria
Para entender a minha saudade
Muito mais do que necessitaria
Para querer só para mim
A luz que guardas em teu sorriso.
Sinto a tua falta
E vou-te esperando
Com uma dor tranquila
Que suavemente me perfura o coração
Fazendo correr as lágrimas
Que tanto queria conter
Sinto a tua falta
Mais do que qualquer outra ausência
Na minha vida...

24/Novembro/2004

Rio que sou

Para ti
Corre este rio em que me tornei
Feito de lágrimas e noites

Neste rio que sou
Guardo as chuvas e os vendavais
As folhas desavindas que perderam o seu ramo

Para ti
Corre este rio que agora sou
E nele vivem as sombras do meu quarto
Os gritos da minha alma que te espera em silêncio

Este rio em que me tornei
Corre a desaguar nos teus olhos
A banhar o teu sorriso
A provar o sal do teu mar

Este rio que sou
Tem nas águas a pureza do amor
A vontade do meu sonho

Para ti corre este rio que sou

8/Dezembro/2004

terça-feira, 29 de julho de 2008

Amanhã

O mundo acaba amanhã
Gritou-me a árvore com pés de cimento
Corre para os teus rumos desgovernados

O mundo acaba amanhã
E eu com tantos dias por escrever

29/Julho/2008

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Azul diferente

O teu azul acordou diferente
Sem a leveza da água
Sem o som da manhã

O teu azul está mais escuro
Mais perto de uma dor contida
De olhar inquieto e trémulas mãos
Azul de luz sombria
De lágrima redonda e carnuda
Sulcando as faces da vida

Deixa-me tocar
As fundações desse teu azul
Deixa-me abraçar
A noite que te corrói

Deixa este meu sol
Penetrar-te a melancolia
Reverter em lençóis de ouro
O mar gelado que te aprisiona

Esta manhã
O teu azul acordou diferente
Adormecido pelo silêncio
Seco pelo deserto...

21/Julho/2008

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Lua fria...

Lua fria

Inquietação
Vontade de partir
Para não chegar ao fim

Inquietação
Sobressalto no peito
De algemas nas mãos

Inquietação
Passos perdidos
Achados no tempo de não ter tempo

Inquietação
E a Lua que não me aquece
Que não me abraça.

26/Junho/2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

Coisas

Sou das coisas improváveis
Das flores ou do cimento
Sou dos amores
Dos sonhos e das quedas

Sou das coisas improváveis
Do opaco translúcido
Sou dos silêncios sem o saber
Porque falo o que ninguém ouve

Duas prováveis impossibilidades
Caíram-me no regaço
Uma sorri-me um não
A outra chora-me um sim

27/Maio/2008

terça-feira, 29 de abril de 2008

Num instante

Cheguei-me a ti
Para te dizer num instante
Esse dom que tens.

A estrada que lês
Em meia dúzia de segundos.

Dou-te os anos da memória
E as sombras que estreitam dores.

Muito rapidamente
Dizer-te que vou onde fores.

29/Abril/2008

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Mudança

Em vão, procuro entender
Que oceanos se revolvem dentro de mim
Que ventos me fazem derrubar
Vejo teus olhos e tento compreender
Porque a sua luz me cega
Porque o seu brilho me detém

Vejo teu sorriso e sem perceber
Sinto-me derrotado
Pelos meus velhos sonhos de amor

Ouço a tua voz e num truque de magia
Todo o meu mundo é musicado
E a ti fico ouvindo sem correria
Atento em teus gestos
Preso em todos eles
Sem vontade de me libertar

Estou a olhar para ti
E numa breve fantasia
Sinto-me dizer amo-te

23/Setembro/2004

quarta-feira, 19 de março de 2008

Nevoeiro Cerrado

Nevoeiro cerrado

No cimo da esperança
A revolta no grito

A dor dos outros
Que gravo na noite

Sinto a explosão
Sem sangue a escorrer
Sem cabeças a rolar

Nevoeiro cerrado
Enche os olhos de noites

Abismos escondidos
Sorriem-me a cada passo

Sento-me perto do mar
Esperando o ruir de castelos

E a lua grita-me
Sussura-me
E a lua beija-me

Que saudade de mim!

19/Março/2008

Solidão

Solidão
Porque não me deixas
Porque não procuras outra alma
A quem roubar a felicidade?
Porque insistes em me prender
Com teus macabros encantos?

Vai-te... deixa-me
Odeio-te com todas as forças que me restam
E que me dão esperança para lutar até ao fim

16/Setembro/1988

Pedra preciosa...

Pedra preciosa

És pedra preciosa na fortuna que não tenho
Estrela que brilha na minha escuridão
És pedaços de sonho em que vou e venho
Brisa suave numa noite de Verão

És conto de fadas que não existe
História de amor por acontecer
És pensamento alegre, pensamento triste
Mar em que navego sem me perder

É por isso que te quero tanto
Por isso é triste o meu pranto
Quando me sinto assim sozinho

Por isso é que a vida tem sentido
Por isso é que me sinto agradecido
Teres entrado em meu caminho

Dezembro/1987

A mão

Vou caminhando sem saber para onde.
Vejo ao longe o abismo
Chama-me... carente
E vou ter com ele

Sinto resignação
Ultrapasso obstáculos sem dificuldade... sem dor

Sinto uma mão que me segura
Que me impede de avançar.
Agarro-me a ela com a pouca força que ainda me resta
Tento lutar para não a perder

Talvez seja sôfrego demais
O desespero... maior do que imaginava

E ela foge...
A mão
Empurro-me para a frente
O abismo está cada vez mais perto

A mão
Sinto-a presente
E tão ausente
A tranquilidade que me traz
Igual ao desconsolo em que me deixa.

A mão que me embala me trata
Que me dá coragem
É a mão que depois me larga
E me aprofunda a dor

Estranho ou nem tanto
Talvez estranho fosse
Se fosse de outra maneira...

Novembro/1999

Impossíveis

É impossível esquecer-te
Porque em cada brisa a doçura da tua voz
Em cada momento te procuro meu redor

É impossível esquecer-te
Porque em cada lágrima um pedaço de mim
Em cada escuridão te procuro nas sombras
Em cada esquina os teus passos

É impossível esquecer-te
Porque em cada olhar os teus olhos
Em cada instante o teu corpo
Em cada céu o teu esvoaçar...

É impossível esquecer-te
Porque em cada flor o teu cheiro
Em cada mar o teu azul
Em cada árvore o teu verde

É impossível esquecer-te
Porque és o beijo de todos os lábios
Beleza de todos os rostos
O calor de todos os abraços

É impossível esquecer-te
Porque és o sangue de cada veia

É impossível esquecer-te
Porque és todos os meus sonhos
Todos os meus poemas

17/Outubro/2004

Inexplicável

Inexplicável
A razão do que sinto
O que me preenche
E não me obriga a correr
O que me faz sorrir
E não me desespera
Sinto e basta-me

Vou procurando todas as formas de chegar a ti
E acalmo o tremor das minhas mãos.
Não encontro explicação
Para serem teus os pensamentos
Para me sentir preso em ti
E ao mesmo tempo tão livre

Dou-te o melhor de mim
Sem de ti querer nada
Secretamente desejando que me dês tudo.
Não sinto a pressão da vida
Não sinto as lágrimas de ontem
Apenas sinto amar-te

Aqui
No silêncio onde te contemplo
No silêncio onde componho
Todas as linhas da minha emoção
Apenas sinto amar-te
Como um privilégio que me foi dado
Pelo amanhecer de um dos meus dias

É inexplicável
A razão do que sinto
Mas quero tanto sentir
Que adormeço embalado
Pela certeza do bater do meu coração...

23/Outubro/2004

quarta-feira, 12 de março de 2008

O teu mar...

O teu mar

A lua ilumina-te o rosto
E vejo-te reflectida nas ondas do mar
Na areia fico sorrindo às águas
Esperando poder banhar-me no teu abraço salgado

A luz das estrelas aquece todos os poros da minha pele
E apetece-me gritar por ti

Contar às sombras como descobri que te amava...
Correr pelas ruas pintando o sorriso onde te guardo

Vai amanhecendo
E na areia onde adormeci
O mar deixou escrito o teu nome
As nuvens desenham os teus olhos em tons avermelhados

Sinto-me invadido por imensa saudade
Quando recordo a cor intensa do teu universo

Os sons lembram-me a harmonia
Em que vivem todas partes de ti

Ouço a tua voz no cantar dos pássaros pela manhã
No descansar dos ventos

E adormeço de novo
Abraçando toda a dor da saudade

23/Outubro/2004

quarta-feira, 5 de março de 2008

Um só olhar

Olhar dorido
Cansado
Olhar de frente risonho
Escondido das névoas
Perdido nas ruelas
Olhar que mente e desmente
Que vive e morre
Quando o vento lhe assobia fins e princípios...

Olhar dormente
Esperando um beijo
Olhar silencioso
Gritando as cores dos sonhos
Olhar que flutua entre o sim e o não...

Olhar meu que é teu
Olhar teu que é único
Olhar nosso que construímos
Com tijolos de amor e sexo
Refrescante de luz e suor...

Olhar que perde rumos
Olhar que persegue fugas
Olhar que olha e não vê
Que olha e não quer ver

Olhar...
Um olhar e tantos olhares
Uma vida e tantas vidas
Tantos risos, tantos choros
Tantos olhares...
Num só olhar...

14/Fevereiro/2008

Querer

Queria escrever-te o amor como o conheço
Queria falar-te do amor como eu sinto
Pegar na tua mão e levar-te ao céu
Passear-te por todos os jardins... por todas as montanhas

Queria contar-te o amor como o conto
Uma flor
Um perfume
Um olhar deslumbrado

Queria dar-te o amor como eu o dou
Toque no rosto
Beijo demorado
Abraço sem fim
Amor de palavras simples

Queria mostrar-te o amor que me dói no peito
A saudade que sinto quando partes sem mim
A saudade que te espera
Te sonha e te anseia

Queria dizer-te do amor que queria sentir
Por ti...

19/Setembro/2004

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Vertigem

De novo a loucura
Passos descompassados
Dor inerte habitante de mim...

Soltam-me as algemas
Mas prendo as mãos uma na outra...
São as cores cheias de minutos
E as horas escassas de tempo...

Vivo bem na vertigem do que abandono...
Mas corrói-me... esgota-me...
Um passo acertado
E pulo para o cimo do sonho...

18/Fevereiro/2008

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Negação

Porque insisto em negar
O que todo o meu corpo repete vezes sem conta
Sempre que te vejo numa inventada esquina...

Porque insisto em chorar
Se tanto de ti me preenche...
Os sorrisos que me ensinas
Os beijos que me roubas...

É como viver sem querer viver
Rejeitando a vida para não morrer
Renunciando à vida para não sofrer
Como se não fosse claro
Que preciso de sofrer para melhor te amar
Que preciso de chorar para melhor te cuidar...

Porque insisto em negar que te amo
Se tudo é uma infinita canção de amor
Tocada no fim de todos os caminhos
No princípio de todos os mares...

Porque insisto em negar que te amo
Se tudo em meu redor já o descobriu...

16/Setembro/2004

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Livre

Libertei-me das penas
Que aprisionavam o tempo!
Vivo as marcas em chamas
Como momentos de vã loucura...
Olho-me...
Vejo perdidos tantos lugares da minha existência...
Agarro-os...
Mas já me faltam os dedos...
Fico incompleto...
Para sempre...

5/Fevereiro/2008

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Tempestade...

Tempestade

Encontrei-me com o amor
Já o sentia em mim
Já o vivia... já te amava...

Mas esta noite encontrei-me com ele...
Senti-o como tempestade...
Refrescar-me a alma
Fazer-me voar
Num abraço de todos os sonhos
Que perdi no vento...
Senti-me criança
Com tesouro acabado de descobrir...

Encontrei-me com o amor
E vi-te como nunca te vi antes
Amei-te como nunca te havia amado...
Olhei-te tão intensa e cheia de luz...
Olhei-te como parte de mim...
Palavra no meu pensamento
Guia no caminho que percorro...

Neste meu encontro com o amor
Ouvi o teu nome em todos os passos
Desta viagem cujo destino desconheço...
Levo comigo lágrimas e sorrisos...
Não olho para trás...
Porque para trás nada existe...
Vou perseguir este sonho...
Não o posso deixar correr sozinho...
Preciso de o viver...

1/Janeiro/2005

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Verdade

Porque não dizer que te amo
Se é o que sinto em mim
Se te recordo com um sorriso
Em cada esquina que cruzo...
Amo-te
Porque em cada noite
Te vejo nas estrelas
A Lua ilumina o teu rosto
Nas paredes do meu quarto...
Matando a sede infinita de ti...

Amo-te
Pela cor do teu sorriso
Por cada instante do teu ser...
Porque não dizer que te amo
Quando ouço o teu nome
Em cada batida do meu coração
Quando cada lágrima das minhas mãos
Acarinha um pedaço de ti...

Sim, amo-te
Porque quando o inexplicável acontece
Sobra-me a vontade de sentir...
A vontade de correr para qualquer lugar
Desde que seja o teu lugar...
Porque quando todo o meu corpo me diz aquilo
Que o mundo há muito me segredou
Não tenho como fugir... como recusar...

Amo-te
Pelas memórias que vivo
Pelo futuro que desconheço
Pelo prazer de te amar
Pelo que te faz mulher...

Amo-te
Sente o que sou
Vê-me transparente
Conhece todos os recantos da minha alma
Todos os meus sonhos secretos
Todos os receios que me amedrontam
Toda a verdade de te amar...

21/Outubro/2004

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Sonhei com um beijo teu

Sonhei com um beijo teu
Incansável, contemplava-te pela milionésima vez
Achei-te bela como sempre...
Com as minhas mãos tremendo de emoção
Acariciava tua face
Ao mesmo tempo que te idolatrava num sorriso
Um sorriso tantas vezes receoso de te não merecer...

Lentamente... os dedos pela tua pele
E o medo de te perder
A vontade de te guardar nas estrelas...

Em cada recanto do teu rosto
Supliquei à eternidade daquele momento...
Senti-te entranhar em mim
Fazendo-me viver secretos desejos...
Segurava teu rosto como pedra preciosa
Como Mona Lisa de Da Vinci...

E os meus lábios tocaram os teus
Num beijo que não cabia no céu...

Sonhei com um beijo teu...
Tão real, tão intenso, tão doce...

13/Novembro/2004

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Seguro em ti

Quero sentir de novo os teus dias nos meus
A pressa de não ir a lugar algum
E estar só por estar...

Quero sentir de novo toda a magia de te olhar
Em cada instante cumplicidade que se constrói
Vinda de local desconhecido... trazida pelos mares
Nesse movimento incompreendido de luta contra as rochas...

Quero sentir de novo
Todas as horas em que te conheço
Em que te descubro e alcanço...

Quero sentir de novo
O que só senti perto de ti
E me fez viver o que não sabia existir...
Quero sentir-te de novo
E em cada uma dessas emoções
Achar-me perdido em ti
Achar-me seguro em ti

20/Outubro/2004

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Neste poema

Tenho um poema para ti
Escrevi-o agora mesmo com lágrimas de saudade
Lágrimas de olhos tristes
Aos poucos cegando sem te ver.

Neste poema
Sentimentos que te revelam em mim
A dor de te não ter
Peito cheio da tua ausência
Que me faz assim morrer...

Neste poema para ti
Escrevo o sorriso que te recorda
Quando em nenhum rosto
Encontro uma luz como a tua
Adormecendo o meu olhar.

Neste poema que és para mim
Penso e vivo-te
Torno-te presente
Nos dias da minha vida.

Quero falar-te das lágrimas
Com que componho este poema
A saudade que as faz correr por ti a todos os lugares.

Neste poema para ti
Todas as palavras que ainda não te disse
Todos os momentos que contigo ainda não partilhei
A voz presa pela emoção de sintir
Voz trémula pela fraqueza da alma.

Neste poema que fiz para ti
Amo-te
Por cada lágrima
Um pouco de mim
Por cada linha que te escrevo...

24/Outubro/2004

domingo, 14 de outubro de 2007

Se

Se não tivesse medo dos sons
Diria que te olho seduzido
Que o meu coração te anseia...

Se não receasse as palavras
Diria que te preciso a cada noite
Se não chorasse com todas as dores
Diria que és sonho que gostaria de sonhar
Beijo que gostaria de sentir
Abraço que gostaria de aconchegar...

Se não me sentisse tremer assim
Diria que me delicio com o teu sorriso
E que todas as noites o pinto nas paredes da solidão

Se eu não fosse eu
Nenhum medo me impediria...
De dizer que te amo.

15/Setembro/2004

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Falta-me

Falta-me o silêncio do teu corpo
Falta-me olhar-te
E encontrar a razão do amanhecer...
Percorro as memórias dos nossos passos
Abraço-as com vigor tentando revivê-las...

Faltam-me as tuas palavras
A serenidade da tua voz.
Falta-me a beleza que encerras
Nas fraquezas de que tentas fugir
Quero tocar a fragilidade das tuas mãos...

Falta-me o tremor dos meus dedos
Quando me perco de amor...

Falta-me o teu sorriso
O teu adormecer...
Falta-me oferecer-te um beijo...

Falta-me tudo
Sem no entanto faltar nada...
Quero muito ter-te
Num sonho que poucas vezes ousei
Porque me falta
Tudo o que és
Tudo o que não sabes que és
Tudo o que eu sei que és...

17/Outubro/2004

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Recomeços

Abraço a intranquilidade
Com a ternura de um olhar cansado...
E liberto-me para novas conquistas...

26/Setembro/2007

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Todos os segundos

Tenho para ti
Coração como abrigo
Abraço como céu de todos os teus sonhos...

Tenho para ti
Todos os segundos
De todos os minutos...

4/Fevereiro/2005

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Agarra-me esta noite

"Onde estiveres, eu estou
Onde tu fores, eu vou
Se tu quiseres assim
Meu corpo é o teu mundo
E um beijo um segundo
És parte de mim

Para onde olhares, eu corro
Se me faltares, eu morro
Quando vieres, distante
Soltam-se amarras
E tocam guitarras
Por ti, como dantes

Agarra-me esta noite
Sente o tempo que eu perdi
Agarra-me esta noite
Que amanhã não estou aqui

Agarra-me esta noite
Sente o tempo que eu perdi
Agarra-me esta noite
Que amanhã não estou aqui"

Pedro Abrunhosa

Sente

Sente o meu olhar no teu
E dentro de mim
Escuta esta voz que te suplica...

Conhece todos os caminhos
Onde deixei as minhas mágoas...
Lê nas minhas mãos
Todas as lágrimas que as lavaram...
Todos os carinhos que não sentiram...

Fecha os teus olhos
E sente como entraste em mim...

Escuta o silêncio
Enquanto te digo palavras por inventar...
Sente todo o meu corpo que te sonha...
Sente como os meus olhos
Mil vezes te desenham
Quando não estás em parte alguma...

Sente-me...
Com todo o tremor de te querer
Com todo o desejo de te ter
Com toda a alegria de te amar...

13/Abril/2005

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Momentos

Vou ler todos os momentos
E reconstruir-te
Com todos os pensamentos...
À luz de uma vela
Tentarei reproduzir-te
Vou imaginar-te sorrindo
Vou ver-te assim bela...
Ver-te-ei dormindo
Sonhando
Enquanto na janela
A chuva caindo
Os vidros vai beijando...
De olhar fechado
Beijo tua boca
De forma louca
Como coração apaixonado.
Coração adormecido
Que não quer ser vencido...
Vou pegar em todos as cores
E pintar-te-ei todas os dias
Subirei a todos as colinas
Colherei todos os odores
E em todas as melancolias
Voarei sobre as ravinas
Perdido pelos ares...
Desenharei em todos os luares
Os traços da tua luz
Contornos de uma sensualidade
Que me fascina e seduz
E me arrasta sem dificuldade
Para junto da loucura
Para perto da insanidade
Das doenças sem cura...
Pegarei em todos os segundos
E em todos eles te lembrarei
Reviverei com tremor
Sentimentos profundos
E as lágrimas que chorarei
Serão pedaços deste amor
Que sem pedir licença
Entrou no meu coração
E com completa indiferença
Invadiu minhas noites de solidão....
Hoje pegarei no teu rosto
E vou sonhar-te
E vou amar-te
E de fogo assim posto
Queimarei todos os medos
Saltarei de todos os rochedos
E deixar-me-ei cair
No vento, no céu, no mar...
E nos braços deste sonhar
Sentir-te-ei assim sorrir...

11/Outubro/2004

Os teus trilhos...

Os teus trilhos

Fiquei esperando pela noite
Para melhor te imaginar

Tento ver-te da melhor maneira que sei
Tento descobrir o que teus olhos temem
O que a tua alma chora

Compreender a vibração da tua voz
O significado dos teus gestos
Aprender a razão dos teus passos

Quero estar ao teu lado
E sentir-te partilhar o silêncio

Quero entrar na tristeza do teu olhar
Ouvir os teus gritos
As tuas raivas
As tuas lágrimas

Quero que te abrigues em mim
Com teus olhos fechados
Com teu adormecer profundo.

Quero saber quando dizes branco
E quando insistes no preto.

Quero-te nos sorrisos
E quando te sentires sombria

Quero saber de ti
Nos teus dias e nas tuas noites

Quero estar por perto
Quando de mim precisares
E ficar a olhar-te quando te sentires segura

Nesta viagem por ti
Vou sabendo das tuas brisas
Das tuas tempestades
Dos teus dias de sol

A certeza que me transmites
Em cada palavra
Traz até mim um pouco mais de ti

Alegremente vou-me sentindo conquistado
Pela tua presença
Pela tua ausência
Pelo puzzle que lentamente vou construindo
E que te vai revelando
Com todos os teus trilhos

24/Outubro/2004

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Desabafo

Encontrei um abraço
Beijado entre dois olhares...

Agarrei-o com força
Sublimando-lhe a alma
Para que não se esfume
Bebendo-lhe o sangue
Para que não me esvazie...

Encontrei um olhar...
Abraçado entre dois beijos...

Senti-o com força
Esfumando-me o medo
Que me sugava a alma
Esvaziando-me da noite
Que me corroía o sangue...

Encontrei um beijo
Abraçado entre dois olhares...

13/Setembro/2007

Ponte

Ponte do tempo
Do tempo que não passa
Do tempo chuvoso
Do tempo em que não havia tempo para nada...
Ponte que vai para lá
E que vem para cá
Sem nunca do sítio sair...
É a ponte com duas pontas
Com dois pilares
Com dois sentidos...
A ponte que me traz do ontem
E me leva ao amanhã...
É a ponte entre as noites
Segurando os dias...

13/Setembro/2007

Verdade

Tu és...
Coração apertado
Em lágrima de saudade

És Lua quente
Nas minhas mãos frias

Tu és...
Silêncio de gestos
Gestos com palavras
Música sonhada
Pinturas de alma...

Tu és...
Caminho
Destino
És aroma de flor
És beijo e abraço...
És cabelo e ondas
Corpo e montanha...

Tu és...
O amanhã
O dormir e o sonhar...
A vida...
A vida...

Tu és...
O meu tesouro
A minha lenda
A minha estrela...
És campos de trigo
És rio maior que o mar

Tu és...
Todo o meu olhar...
Toda a minha verdade...

29/Janeiro/2005

Aqui

Gostava que estivesses aqui
Para escutares as lágrimas
Que caem por ti

17/Setembro/2004

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Serenamente

Sereno rio que vive
Terna folha que alimenta...
De todas as nuvens
Escolhi a improvável...
Viagens sem rumo para todos os lugares
E o som alegre da alegria
E a noite fresca como lábios de mulher
Divirto-me...
E abraço-te...

30/Agosto/2007

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

domingo, 26 de agosto de 2007

Linhas do rosto

Em cada linha do teu rosto
Perdi-me de amor...
Em cada uma delas
Senti o doce de uma noite de luar...
Fico horas te olhando
Tentando dar-te vida
Num quadro que todos os dias contemplo.

Na beleza de teus olhos
Fiquei serenamente adormecido
Embalado pela luz que irradias
E que me faz seguir-te
Como se fosses farol que me guia...

Na fotografia onde te guardo
Sinto porque te quero e amo
Sinto porque te olho e desejo...

30/Outubro/2004

Vê-me

Gostava que visses
O brilho do meu olhar
Quando as nuvens
Escrevem o teu nome no azul do céu...

Gostava que lesses
As páginas do meu amor
Para entenderes a profundidade do meu sonho...

Gostava que soubesses
Que nos caminhos que cruzo
Te procuro em cada esquina,
Em cada banco de jardim...

Partilho contigo o medo
Que sinto nas minhas mãos
O tremor dos meus dedos
Quando toco a tua pele...
Não escondo de ti
Os vendavais que me devastam
Quando páro minha respiração
Para melhor te apreender...

Gostava que visses
O que vive dentro de mim
Gostava que visses
A verdade do que sou
A verdade do sofrimento que guardei...
Gostava que sentisses
A sinceridade das minhas lágrimas...

5/Novembro/2004

Viver sem ti

Olho para ti...
Tento imaginar como seria a minha vida sem ti.
Sem o amor dos teus olhos...
Sem o teu sorriso macio... sem os teus gestos...
Sem a tua boca que me atrai...

Como seria viver sem os teus lábios quentes,
Sem as tuas mãos...
Sem os teus braços que levemente mordo...

Como seria viver sem o teu coração perto do meu
Viver sem beijar todos os recantos do teu corpo
Viver sem sentir a tua pele que me deixa louco
Tão sedento de amor contigo....

Tento imaginar
Como seria viver sem te amar
Não consigo...
Viver sem ti...
Não, quero-te para sempre.
Tento imaginar
Como seria viver sem te ter.
Simplesmente...
Não seria viver...

Abril/2000

Pobre coração

O que sentes tu, pobre coração?
Não te chega já de desamor...
Porque insistes em te levantar do chão?
Porque não aceitas a tua dor?
Porque procuras o que sabes não poder ter?
Porque me martirizas assim?
Não vês que já não consigo viver,
Não vês que a minha alma sabe a fel,
Não vês que já não há flor neste jardim.
Apenas poemas esboçados num papel...

O que sentes tu, pobre coração?
O que a tua voz me diz?
Não a consigo ouvir
No silêncio desta escuridão.
Pedes-me para ser feliz...
Queres voltar a sorrir?
Também eu, meu amigo...
Mas como, pergunto?
Se tudo o que tenho para estar comigo
São quatro paredes vazias,
São conversas sem assunto,
Ouvir falar de alheias alegrias...

Será que voltaste a amar?
Não sei, nem quero saber...
Tudo está fora do meu caminhar...
Vou sem rumo, sem me conhecer...
Fujo de novas dores,
Saio em busca de nada
E em busca de tudo.
Fujo dos meus pavores
E vou alargando a passada.
O silêncio deixa-me mudo,
A solidão pede-me companhia
E eu dou-lhe a minha vida,
Dou-lhe o meu rir
Dou-lhe a pouca alegria
Que trago escondida...
Entrego-me a ela sem fugir...

Será que amo outra vez?
Não sei, talvez...
Mas tudo é tão distante,
Tudo é tão perto...
O sentimento que me trucida
É o sentimento que nesse instante
Que me traz a um rumo incerto...
E me prende de novo à vida...
Fujo, fujo, fujo sem hesitar...

Talvez ame alguém...
Talvez ainda possa acreditar
Mas fujo sem parar
Deste coração de ninguém,
Deste coração de toda a gente...
Talvez ame e não saiba,
E só o tenha descoberto subitamente,
Em quaisquer linhas escondidas,
Disfarçadas nesta minha raiva...
Raiva de não sentir o amor,
De sentir a falta de mãos estendidas,
De sentir a inesperada ausência
De alguém que esteve ao meu lado,
E com carinho selou minha dor...
Batendo com persistência
O coração segue compassado,
Como se não me obedecesse.
Vai de novo cego, sorrindo,
Como se nenhuma ferida lhe doesse.
Corre, corre sempre sorrindo...
Porque me fazes isto?
Porque queres o impossível?
Não presentes o caminho errado...
Volta, por favor, eu também existo...
Não o vês inatingível...
Não te lembras como amargurado...
Vives-te chorando, soluçando,
Vendo o fogo extinguir-se
O fogo que julgavas eterno.
Esqueceste meu corpo definhando
Não te lembras do inferno,
Da minha alma a consumir-se...

O que sentes tu, pobre coração?
Diz-me... será verdade?...
Ou será outra ilusão...
Com que foges da realidade?...
O que sentes tu, pobre coração?
Chora, eu estou aqui...
Tenho todo o tempo para ti...

Setembro/1999

Saudade

Cai a noite
Deito-me na cama
Procurando sonhos
Procurando asas.
Sem pressa
Deixo-me levar pela saudade...

Vejo-te,
Balançando o teu corpo,
Provocando-me...
Sinto vontade de te tocar,
De provar tua pele...
A saudade que me invade a alma
deixa-me triste, deixa-me alegre...

És o meu porto de abrigo,
Onde me refugio depois da tempestade.
Tu és o cobertor, és a brisa...

O coração como louco,
Tentando chegar-te...
A ansiedade tranquila que sinto em mim,
Faz-me sorrir...
Passo as mãos pela cama,
Na esperança de te descobrir...
Os lençóis que ainda guardam o teu cheiro,
Nas almofadas o teu sorriso
Ainda repousa suavemente.
Ainda sinto a leve pressão das tuas mãos...

Saudade...
Saudade...
Preciso de ti para viver,
Como de todas as partes do meu corpo.
Levas-me à loucura...
Quero fazer amor contigo...
Para sempre...

8/Abril/2000

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Duro caminho

O mais duro dos caminhos
Sentou-se à minha porta...
Eloquente no grito
Ardente de rasgos e luz...

Pensei-o durante mil sonos
Durante mais de mil lágrimas...

O mais duro dos caminhos
Sentou-se à minha porta
Mas vou vencê-lo
Mas vou vencê-lo...

23/Julho/2007

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Perto...


Perto

Perto de ti
Sem lágrimas
Sem sonhos irrealizáveis...
Sem ter no peito a dor da vida...

Perto de ti
As mãos em todas as estrelas
Toda a luz do Universo
E dentro do meu corpo
Terramoto que não controlo...
Transpira todas as minhas emoções...

Perto de ti
Prisioneiro do teu olhar
Navegando nos teus olhos
Visito os lugares onde estiveste
Sinto as tempestades que te sufocaram
O sol que te fez sorrir...

Atento a todos os teus gestos
Porque cada um deles te revela
É extensão do teu ser
Aprendo a ler-te
Em cada movimento...

Perto de ti
Nada além do espaço que partilhamos
Em redor estátuas sem vida
Sons do mundo
Serenos rios sem pressa

Perto de ti
Os mares são meus
O fôlego é maior que os ventos
Os caminhos terminam em ti...

Perto de ti
Incapaz de te deixar
Incapaz de te perder...

28/Janeiro/2005

Medo de perder

Tenho medo de acordar e não te ouvir
Acordar sem te dar os bons dias
Sem te enviar um beijo pela manhã...
Tenho medo de perder o teu sol...
Não quero que vás
Não quero que desapareças
Estás em tudo o que é meu...
Fazes parte dos meus braços
Parte das minhas mãos...
És o meu coração
Os meus olhos
As minhas palavras...

Tenho medo dos dias
Sem os teus sinais
Sem os teus passos
Sem o teu riso...

És um rio onde mergulhei
Uma gruta onde me abriguei
És uma vela que me aquece
E me guia as lágrimas...

Não quero ficar sem a tua Lua
As tuas estrelas
O teu céu inteiro
Onde me sento sonhador...

Não quero perder-te
Tenho medo de perder-te...

13/Dezembro/2004

Troca

Troquei os meus medos pela vontade de te amar
Ganhei coragem e contei todos os meus segredos ao mar
Senti minhas lágrimas perderem-se no sal das águas...
Em cada rebentar de ondas
Senti portas abrindo... senti novos cheiros...
E revelei ao mar a musa dos meus sonhos
A inspiração da minha caneta
E em cada revelação
Senti a liberdade invadir o meu coração
Penetrar em todos os meus sentidos
E levar-me num breve instante até perto do teu abraço...
Senti-me menino amedrontado tremendo de felicidade
Senti-me adolescente enamorado balbuciando mil palavras...

Olhei os teus olhos doces e não mais os esqueci
Toquei o teu rosto macio e ainda hoje o sinto em minhas mãos...
E voltei para junto do mar
Que sorridente me esperava...
Deu-me a força das suas correntes, a frescura das suas brisas...
E com a espuma das ondas vi teu nome escrito no meu corpo...

Olhei o mar uma vez mais
Ele sorriu-me
Nesse sorriso senti uma nova vida
E troquei os meus medos
Pela vontade de te amar...

25/Novembro/2004

terça-feira, 26 de junho de 2007

Dentro de ti

Tens dentro de ti
Todo o ar que respiro
Toda a cor da minha alma
Toda a razão de existir...

Tens dentro de ti
O destino das minhas lágrimas
O fim das minhas batalhas
A vitórias sobre os meus medos

Tens dentro de ti
A suavidade do coração que amo...

31/Outubro/2004

Todos

És todas as músicas
De todos os pássaros
Noite de amor
Noite de insónia
Rosa de mil cores...

És café na esplanada
Uma vela no escuro
Uma luz lá bem fundo
És olhar triste
Olhar alegre...

És todos os ventos
O múrmurio dos mares
És poema que rima
Poema que chora

És a ternura dos perfumes
Passeio pela montanha
Conversa de horas
És sereno sobressalto
Abrigo na tempestade...

És todos os rios
Cheiro das árvores
Calor nas ruas
És um adormecer num sofá
Acordar de madrugada

Tu és um beijo doce
Um beijo quente
Companhia predilecta
Jantar a dois

Tu és todas as palavras
Todos os silêncios... todas as falas
Caminhar pela estrada
Sentar num jardim
Um olhar que te contempla
A tranquilidade de todos os momentos

Tu és a doçura de todos os toques
És a pele de todos os desejos
Todos os sonhos... todos os amores...

Tu és todos os suspiros do meu coração..

7/Outubro/2004

domingo, 17 de junho de 2007

Artes

Gostava de ser poeta
Para falar da luz do teu sorriso
Do doce da tua boca...

Gostava de ser compositor
Para cantar o mel da tua pele
A suavidade do teu toque...

Ou então ser pintor,
Para retratar as ruas por onde caminhas,
Os jardins por onde passeias
As flores que te invejam o perfume...

Também podia ser escultor,
E esculpir...
Cada gesto teu... cada olhar...
A maneira como andas
Como me delicio só de te ver...

Queria ter o talento de fazer arte
Com tudo o que sinto por ti...
Mostrá-lo ao mundo...

Mas não tenho...
Tudo o que tenho
É a saudade de não te ter...

Dou-te o que de mais precioso tenho hoje.
Esta lágrima teimosa
Que me surpreende de vez em quando,
Que me faz sentir tão triste e tão feliz.
Guarda-a, toma conta dela...
É por ti que ela cai,
É para ti que ela cai...

Novembro/2000

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Mordaça

Amordacei os traços amarelados
Que vivi antes de viver.
Guardei-os no rio que passava
Para lhes afogar os gritos...
Senti a lua e o sol
Em cada uma das minhas metades...
E foi com um riso loucamente contido
Que voltei a caminhar..

31/Maio/2007

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Beijo...


Beijo

Preciso de um beijo teu
Para acalmar os mares revoltos
Preciso de um beijo teu
Para amenizar o calor que me queima a alma
Preciso de um beijo teu
Porque o tremor dos meus gestos é cada vez mais forte
Preciso de um beijo teu porque o mel dos teus lábios
Adoçar as lágrimas que venho chorando

Preciso de um beijo teu
Porque no teu beijo estão todos os sons que me fazem adormecer
Porque no teu beijo ouço mil canções de amor
Com as quais sonho todos as noites...

Preciso de um beijo teu
Porque no teu beijo sinto o prazer da vida...

4/Outubro/2004

quinta-feira, 22 de março de 2007

Lugares

A vida mudou-se
Lá para cima, penso eu...
Ainda pensei seguir-lhe o rasto...
Mas estou tão bem aqui
Perto do sol
E das muralhas do castelo
Finalmente...

22/Março/2007

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Palavras inventadas

Lembro...
As palavras inventadas
As palavras vestidas de noite
Sentidas de frio e estrelas...
Palavras tão fortes de ás e ós
Doces de solidão... verdes de orvalho...
Lembro...

10/Janeiro/2007

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Partida

Vejo-te partir...
Sigo os teus passos com o olhar turvo
Pela tristeza que de mim se apodera...
Vejo teu corpo tornar-se mar
A tua voz misturar-se na natureza...
Segues o teu caminho
E eu me escondo para que não vejas as minhas lágrimas
O coração suplica-me
Mas meus braços não podem impedir-te de partir...

Vejo ainda o teu cabelo ao vento
E no meu rosto a frescura da tua pele
É trazida pela brisa com que o mar me sopra poemas de ti...
Partes...
E nas mãos sinto o soluçar da minha alma...
Sinto a solidão que me aguarda serena...
Choro agora todas as lágrimas do mundo
Enquanto aperto no peito a ilusão do teu corpo
Enquanto beijo suavemente a lembrança dos teus olhos...
És linha do horizonte... desapareceste de mim...
Levaste as formas do meu sorriso...
E aqui estou agora
Procurando por ti...
Fixando o infinito
Esperando por ti...

2/Dezembro/2004

Súplicas

Suplico ao vento que te traga adormecida
Para o calor dos meus braços...
Para te olhar dormindo
E deliciar meus sentidos com as linhas do teu rosto...

Quero-te tanto
Que cada instante do dia que vivo
É um tormento que me adoça a alma
Um sofrimento sem dor que repousa no meu coração...
As lágrimas que choro em silêncio
São gritos em que desespero por ti...
Em que te canto o mais belo poema de amor
Em que te toco tão levemente que quase não te sinto...
São a simplicidade com que te amo...

Suplico ao sol que me ilumine com a tua luz
Que me aqueça com os teus olhos...
Que te traga inteira

Suplico ao vento que te diga a cor das minhas lágrimas
De como elas gritam o teu nome
Suplico ao mundo que te mostre a verdade de mim

Faltam-me as palavras e fico desejando que entendas
No meu gesto desajeitado... na tremura da minha voz
O sentimento que me arrebata
E me faz correr atrás de todos os momentos que ainda sinto tão vivos...

Fico desejando que entendas
Que te amo com a força deste mar que rebentou as muralhas
Do porto onde me refugiei... onde me escondi das tempestades...
Fico desejando que entendas
Que te amo... te cuido
Que te beijo
Em cada segundo... em cada inspiração...

21/Novembro/2004

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Penhasco

Sentei-me contigo na beira de um penhasco...
Observámos o Mundo inteiro com os mesmos olhos...
Sentimos no corpo a mesma vibração...
Voámos de mão dada sobre o mar partilhando os mesmos cheiros...

Em silêncio falámos
Dos nossos sonhos... das nossas mágoas...
Eu senti no meu peito a tua dor passada
E o teu coração chorou as minhas lágrimas...

Tudo ficou mais belo
Tudo ficou mais claro
Porque estavas comigo...
Na beira de um penhasco...

15/Janeiro/2005

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Poema

"Tu estás em mim como eu estive no berço
como a árvore sob a sua crosta
como o navio no fundo do mar"

Mário Cesariny

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Falar de saudades...

Falar de saudades

Se eu te falar de saudades
Será que sentes na minha voz a tristeza de todas as noites
O frio da insónia de te pensar?
Será que sentes na minha voz
A ilusão em que ouvi teus gestos ecoando pelo meu quarto
A solidão que me abraçou
Quando o teu sorriso ficou ainda mais distante?

Se eu te falar de saudades
Acreditarás nos suspiros do meu coração
Nos relatos da minha alma que vazia te quis sonhar
Te quis sentir... beijar?...
Se eu te falar de saudades
Acreditarás na dor que ficou quando te senti partir?...
Acreditarás na escuridão da minha vida sem ti?...

Se eu te falar de saudades
Sentirás o aroma das lágrimas que cegaram os meus olhos?
Sentirás a sinceridade do tremor das minhas mãos?
Se eu te falar de saudades, meu amor
Acreditarás num mundo que me aprisiona enquanto te aguardo
Acreditarás nestas correntes
Que prendem todos os meus passos se nenhum deles me levar a ti?...
Sentirás na emoção com que te falo
A alegria infantil de te rever?...
Sentirás na emoção das minhas palavras
A ternura com que te guardo em mim?

Se eu te falar de saudades, meu doce amor
Será que sentes no teu rosto o toque dos meus lábios?
Será que sentes no teu coração a verdade do meu?...

13/Abril/2005

Pequenas coisas

Desde que te conheci
Trago o sorriso nos lábios
Que contigo eu aprendi
Nos beijos que sonhámos…
Tornaste mais sábios
Todos os meus sentidos
E no silêncio em que ficámos
Ouvi suspiros vividos
Que se perderam no espaço
Na ternura do teu abraço…
Ouvi-te murmurar
Ao passar à tua janela…
Sentei-me debaixo dela
Esperando que o teu sussurrar
Fosse ficando mais forte
E quem sabe até com sorte
Te pudesse ouvir cantar…
Desde que te conheci
Que tenho o sol no peito
E a lua no meu olhar
Porque te tenho a ti
Como num dia perfeito
Nascido só para te amar…
Tenho esquecida a tristeza
Que mil noites me visitou
As lágrimas que em mim deixou
Este coração de incerteza…
Desde que te conheci
Que me sento à tua janela
Porque em tudo o que vivi
Não senti doçura como aquela
Que experimento perto de ti
Porque em tudo o que sonhei
Nem por momentos ousei
Tocar-te com a minha mão
Sentir-te no coração
No dia em que te conheci
Num instante te pertenci
E em tudo o que faço
De ti coloco um pedaço
Porque cada pensamento meu
Só tem razão de ser
Se por ti ele nasceu
Se por ti ele viver…
Desde que te conheci
Que te amo todos os dias
Como no dia em que descobri
Que és a dona dos meus dias…

8/Fevereiro/2005

terça-feira, 7 de novembro de 2006

O resto

São as estrelas
É a Lua...
És tu como luar...
É o Sol e o vento e tu como céu...
É o verde, o amarelo e o castanho
E tu a terra de onde nascem as árvores...
És o princípio
O começo...
Tiro de partida, sei lá...
Existes tu
E depois existe o resto...
Porque os pássaros voam
E tu sopras o vento que os sustenta...
As flores crescem
E tu choras a chuva que as rega...
Tu caminhas
E o Outono deixa cair a folhagem
Para te amaciar os pés...
Existes tu...
Imensa como o céu
Pujante como a terra...
Depois o resto...

11/Dezembro/2004

domingo, 5 de novembro de 2006

Vim chorar

Vim chorar contigo noite amiga
Que tantas vezes amparaste minhas lágrimas.
Vim partilhar contigo toda a dor que sinto dentro do meu coração
E que me deixa sedento de insónias sem fim.
Já nem sei porque choro tanta é a neblina
Onde me escondo de todos os males que me perseguem.
Por vezes sinto que me é negada a felicidade
Sinto que todos me escondem a mais pura e simples verdade
E em troca me presenteiam
Com mentiras piedosas que insistem em servir
Com amargos traços de solidão

Este vazio que vive na minha alma
Que me sufoca, que me destroi
Todos os dias um pouco
Sem que nada faça para o evitar
É uma tormenta de que não consigo fugir
De que nem tento fugir
Pois que há muito se tornou parte de mim
Como se não pudesse viver sem ela
Como se estivesse presente no ar que respiro

Nada mais tenho a fazer
Se não entregar-me na noite
Colhendo nos seus braços o aconchego de coisa nenhuma
O calor das coisas inexistentes... o fracasso dos meus sonhos
Tento abraçar a dor para que não me engula
Enquanto desesperadamente tento guardar em local seguro
Uma restea de esperança tão fina... tão frágil
Que se esfuma numa brisa suave de Verão.

Pego num papel
Desenho todas as lágrimas que ainda tenho para chorar
Desenho o mundo longe de mim porque não lhe pretenço
Desde que esqueci o meu sorriso junto de alguém que o levou.

Quero dormir
Mas não quero voltar a sonhar
Quero dormir
Mas não quero voltar a sorrir...

4/Outubro/2004

Relembrar

Relembro em silêncio os sons de uma noite de amor
O bater do desejo dentro do coração
O desenho da tua boca doce
Os teus lábios macios e quentes
O teu corpo de toque sedoso

Relembro todas as sensações que aprendi nessa noite de amor
Todo o tremor que senti dentro de mim
Todas as palavras que receoso, não ousei dizer-te
Toda a beleza de um momento
Que as minhas mãos foram incapazes de reter por inteiro

Relembro o que vi em ti
Quando a tua alma reflectida nos teus olhos
Me disse tantos dos teus medos

Relembro os teus sabores que meus dedos provaram
Que a minha boca saciaram em todos os beijos que te dei
Em todos os beijos que ficaram por te dar
Os sabores da pele com que me embriagaste
Pelo toque, pelo pulsar, pelo existir.
Desejando que aquela tua pele macia
Jamais partisse para longe dos meus braços

Relembro a história do amor que fizemos
De como ouvimos a mesma música sem a ouvirmos
De como partilhámos nossos pensamentos pelo contacto das nossas mãos
De como nossos olhares se tornaram gémeos
Em cada pedido de um beijo...

Relembro a minha respiração sofrida
Enquanto procurava guardar na memória
Cada momento, cada instante
De um amor imenso contigo...
Melhor do que tudo o que vivi
Melhor do que tudo o que sonhei

Relembro o abraço em que deixámos de existir
Relembro uma noite de amor contigo
Em que quase te supliquei
Que ficasses comigo para sempre...

21/Outubro/2004