domingo, 29 de janeiro de 2006

Onde estás?...

Onde estás?

Onde estás?
Procuro-te nos meus braços e não te encontro...
Procuro-te nos nossos lugares
Nos caminhos que sabemos de cor
E não te encontro...
Onde estás?
Onde estás, meu amor?...
Quero mostrar-te esta saudade
Esta dolência em que repouso
Desde que o Sol abandonou o céu
E levou com ele a Lua e as estrelas
Onde estás?...
Quero pintar o teu corpo nas minhas mãos
Ouvir no vento a doçura da tua voz...
Quero mostrar-te a vida que construí
Com a saudade dos nossos momentos...

9/Fevereiro/2005

Estás tão longe

Uma noite destas conversei com a Lua
Perguntei-lhe se te via
Lá do seu lugar no céu...
Respondeu afirmativamente
Dizendo que dormias...
Perguntei-lhe se continuavas bela
Como na última memória que guardo de ti...
Se o brilho do teu sorriso ainda lhe provocava inveja...
Acenou num gesto... dizendo que sim...
Pedi-lhe que desenhasse os contornos do teu rosto
Para que te pudesse ver...
Ela pegou em todas as estrelas
E pacientemente foi construindo
Os teus traços, princesa...
Sentei-me à beira do mar
E ouvindo o murmurar das ondas
Fui-te descobrindo no céu...
Os teus cabelos macios
Teus olhos adormecidos
Teus lábios serenos...
Enquanto chorava de felicidade
Relembrei todas as imagens que de ti guardo...
Com o olhar cheio de lágrimas vejo-te no céu...
Milhões de estrelas desenhando o teu rosto...
Quero... tocar-te... sentir-te...
Mas estás tão longe...
A Lua abraça-me
E o seu luar acalma o meu coração...
Peço ao vento que te leve um beijo meu
E nesse instante...
As estrelas compõem o teu sorriso
E nos meus lábios
Sinto a frescura da tua pele...

25/Novembro/2004

Perdido

Perdido me sinto…
Sem ti…
Sem sangue que me corra nas veias
Sem amanhã que me sossegue...
Sem ti…
Perdido me sinto…
No centro do Mundo
Sem Mundo…
No meio de olhares
Sem olhos…
Tocado por mãos
Sem tacto…
Sem ti…
Sem paz...
Com ferida no peito
Com dor na alma...
Perdido me sinto
Sem ti…
Sem o brilho das coisas brilhantes
A beleza das coisas belas
Sem um sonho... um caminho... ou um tesouro…
Sem ti…
Perdido me sinto…
Perto de um mar que secou
Sentindo um vento que não sopra
Olhando um céu sem estrelas nem Lua…
Sem ti…
Perdido me sinto…
Desejando que me encontres…

3/Dezembro/2004

Confissões

Eu confesso...
Amar-te é loucura
Que sinto e não meço...
É luz que perdura
Na noite em que te espero
É sono que não tenho
Beijo em que te quero
É pedaço de vento
Em que vou e venho
É esquecido lamento
Num sorriso inventado...
Amar-te é doçura
É compasso ritmado
Longínqua amargura...
É mão que te sente
É olhar que chora
Por teu corpo ausente...
É sonhar um gesto teu
É face que cora
Por um beijo que se deu...
Amar-te é magia
É invejar o teu dia
É viajar à tua lua
Adormecer num abraço
Declamar-te num traço
Pintar-te nas paredes da rua...
Amar-te é pensamento
É guardar-te no Sol
Sonhar-te ao luar
É doce momento
Que gosto de recordar
No meu coração mole
Amar-te é sorriso
É sentir que te preciso
Correr para te ver
Para te cheirar
Para te sentir e te ter
É batida acelerada
Que não consigo acalmar
É longa madrugada
Em que te completo
Amar-te é coração repleto
De canções de amor
É peito cheio de dor
Com a mágoa da saudade
É sonho sem idade
Carinho que te dedico
Estado de alma em que fico
Quando te olho assim
Como flor num jardim
Amar-te é destino
É desejar-te sem tino
Querer-te loucamente
É olhar que não mente
É lágrima que te sente
Amar-te é loucura
De que vivo e me alimento
É tua voz no vento
É tranquilidade que dura
É razão de existir
Porque amar-te é vida
É poção, é elixir
É ter a alma perdida
Amar-te é como me sinto
É verdade que não finto
E a ti me entrego sem hesitar
Sem sequer ousar pensar
Que um dia poderás partir
Desaparecer do meu mundo...
Deixar-me num sono profundo
De que jamais quererei sair...

6/Novembro/2004

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Perto de ti

Perto de ti
Sou tudo...
Perto de ti
Sou alto... sou bonito... sou forte...
Mas também baixo, feio e fraco...

Ao pé de ti
Sou capaz de ser tudo
Sem deixar de ser apenas eu...
Sou poeta... sou pintor
Sou um riso alegre... um choro com dor...

Perto de ti
Estou quase a ser tudo
Sem chegar a ser coisa alguma
Sou carente... sou triste... sou dormente ou cheio de vida...

Perto de ti... sou tudo...
Sabendo que continuo a ser eu mesmo...

15/Setembro/2004

Dormes

Olho para ti
E vais dormindo…
No silêncio fico ensaiando
Mil maneiras de te falar do que sinto…
Em nenhuma delas tive a coragem...
Já escrevi e reescrevi tantos poemas de amor
Que não passam da primeira linha...
Enquanto te pinto,
Nos meus sonhos vou sentido a tua pele nos meus beijos,
O teu respirar nas minhas mãos...
Vais dormindo…
E vejo-te sorrindo…
Em silêncio fico desejando que seja por mim…
Que mesmo sem o ter dito
Tenhas descoberto
O que trago comigo para ti…

13/Setembro/2004

Impossibilidade

Não sei como pretendes
Passar despercebida aos meus sentidos
Mas aviso-te de que é impossível...
Quem te manda ser
Água, ar, pedra, flor e montanha...
És tudo em ti...
Nada além de ti...
Aviso-te de que é impossível...
Esconderes-te atrás desse espelho que não te reflecte
Essa névoa que constróis à tua volta
E onde desenhas os teus defeitos...
Já há muito te descobri...
Já há muito sei da harmonia do teu movimento...
És tu quem amo...
A mulher de doce mar
Os olhos de ternos beijos
A mulher que sabes existir em ti
Mas que enclausuras em labirintos de medo...
És tu quem amo
E aviso-te de que é impossível
Acreditar nos teus fantasmas
Aceitar as roupas negras com que te vestes e te mascaras
Apenas para enganar o teu dia...
Porque já te senti essência
Já te senti corpo e alma passeando em minhas mãos...
O verdadeiro tu que amo...

13/Abril/2005

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Amor contigo

Fiz amor contigo...
Não de corpos suados... de beijos loucos...
Mas um amor de olhares
Um amor de gestos...
Em que suavemente beijei
Todos os recantos do teu rosto...
Um amor em que eras flor
E eu... água borrifada em tuas pétalas

Fiz amor contigo
Mas não um amor frenético feito de instintos e paixão...
Antes um amor sereno
Construído com as nuvens...
Amor em que tu és o Sol
E eu o céu que iluminas...
Um amor tecido de seda
Um amor inocente...
Onde a minha mão e a tua timidamente se tocam...

Fiz amor contigo
Sem o coração acelerado
Sem a loucura do desejo...
Um amor feito de sonho e sorriso...
De insantes tão doces que todo o mundo pára
Invejando a paz que emanamos...

Fiz amor contigo no meu sonho
Um amor profundo...
Em que te dei a minha alma...
Em que cada toque no teu rosto
Foi emoção incontida...

Fiz amor contigo
Na mais bela das suas formas
As formas com que te revelo o meu coração...

25/Novembro/2004

Na rua chovia...

Na rua chovia

Na rua chovia
A água caía
E eu nada via

Virei-me para ali
E foi quando me vi
Tão perto de ti

Com tanta emoção
Deixei pelo chão
O que tinha na mão

Fiquei sem saber
O que havia de fazer
Só queria te ver

A tua mão beijei
O teu rosto olhei
E para dentro chorei

Lembrei-me do mar
Da solidão ao luar
E de tanto te esperar

Lembrei-me da magia
Do teu olhar de alegria
E uma lágrima corria

Abracei-te no vento
E naquele momento
Senti-me sedento

De todo o desejo
De sentir um beijo
Do amor como o vejo

Então vi-te partir
Querendo te seguir
Mas sem conseguir

Vi a tua imagem
Perder-se na paisagem
Como uma miragem

E sozinho fiquei
Sem saber se sonhei
Se num pesadelo entrei

Resta-me a vida
Tantas vezes sofrida
Tantas vezes ferida

E uma ténue esperança
Como um sorrir de criança
Enquanto a alma se não cansa

Guardei a tua luz
Que tanto me seduz
E à menoridade me reduz

Tenho-te em mim
E sempre será assim
Minha flor, meu jardim

29/Dezembro/2004

Tortura

Lembro a cor do teu beijo...
O teu sabor...
Da sede em meus lábios...
Fecho os olhos para melhor te provar…
Estremeço…
Quase enlouqueço…
Suave tortura que me deixa feliz…

13/Abril/2005

Salvação

Quem me salva?
Quererei eu salvação?
Preciso mesmo de ser salvo?
Sei lá...
Sinto-me bem...
No fundo sinto saudades
Das minhas lágrimas frias,
Das noites de solidão
Em que as paredes do quarto
De tão geladas me aquecem a alma... me aconchegam o pensamento...
Sinto saudades da tristeza
Saudades de olhar e não ver nada.
Que prazer tão sem prazer que me faz tão feliz...
Eu e o mundo...
Que felicidade suprema...
Eu e o mundo, não...
Apenas eu...
Nem o mundo me quer...

Junho/1999

Recordações

Lutar é vontade que não tenho,
Lutar é solução que não alcanço,
É vento em que vou e não venho,
É estrada em que ando e me canso

Lutar pelo que não acredito,
Lutar por um amor maldito
Que me corroeu o coração
E me trouxe de volta a solidão

Não, chega de tentar fugir
Da verdade que tenho de viver
Não, chega de querer iludir
O que o destino tem para oferecer

Sonhar... sim, mas já nem isso.
A noite escureceu assustadora
E tenho tudo o que preciso
Para uma melancolia tentadora

O amor é agora impossível,
A sua visão torna-se nublada,
A sua falta adivinha-se terrível
Para a minha alma dilacerada

Nada pode ser como era,
Não quero voltar a sofrer.
O meu mundo é uma esfera
Onde procuro me esconder

A emoção está controlada,
O coração foi aprisionado
Por uma razão já cansada
De um amor condenado

Estou solitário, sou solitário
E tento expiar minha amargura
Nestes versos sem destinatário
Testemunhos da minha loucura

Loucura que não enlouquece,
Sede que não pode ser saciada,
Uma verdade que não aparece
Quando a vida é menos que nada

A solidão não me dá dor,
A solidão é-me até familiar,
É antes uma forma de amor
Para a minha mágoa aliviar

Os meus olhos imploram chorar
Para que possam finalmente
Conseguir em paz descansar
De olhares que me deixam dormente

A esperança já não abunda
Num coração profundamente ferido
E é a alma que se afunda
Entre pensamentos sem sentido

Já nem sinto triste a tristeza,
Em nada muda o meu dia.
E contudo, sempre a certeza
De que é pouco mais que sombria

Escrevo o que sinto,
E vou sentido o que escrevo.
Falo de mim mas minto,
Não falo a verdade, não me atrevo

Vivo mas não respiro,
Olho mas não vejo
Quando nada a que aspiro
É aquilo que desejo

É triste? Não, é a vida.
São os caminhos errados,
Noites de alma sofrida,
De sonhos já toldados

Em tempos tudo foi diferente,
A brisa trazia frescura,
O sol era resplandescente,
A alegria era imensa e pura

E tudo acabou
E tudo se desvaneceu.
O amor me abandonou
E o sonho se esbateu

Tinha uma vida e ela foi roubada.
Tinha um coração e ele morreu.
E agora que não tenho nada
Olho as cinzas do que ardeu

Recupero o que se salvou,
Procuro algo onde nada existe,
Procuro o que não se esfumou
Para não me sentir tão triste

Recordar é viver
E eu vivo para recordar,
Recordo para não morrer
E morro por só recordar...

Maio/1999

quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Facas de seda

Facas de seda...
Sinto-as leves no corpo…
Punhais de frases
De lâminas transparentes…
Seco a garganta
Em correrias loucas atrás do que corro atrás...
Afogo-me numa gota de água
Sem precisar da chuva
Sem necessitar da noite...
Adormeço numa peça de teatro
Com cenários de pensamentos
Com guiões de pesadelos
Entre actores desconhecidos...
Tenho nas mãos a vida que não sinto
E pergunto-me onde estou…
Se alguém me reconhece…
Se ainda me reconheço…
Ouço-te na plateia onde sempre estiveste
De onde nunca saíste…
Onde sei que sempre estarás…
E choro sorrisos tontos
Que guardas no teu coração…
E o frio acaba…

22/Abril/2005

Quero tocar-te...

Quero tocar-te

Eu quero tocar-te da cabeça aos pés
Explicar-te porque adoro o teu corpo inteiro
Quero dar-te um beijo... depois dar-te outro
E sentir-me assim louco quando não te vejo
Quero ver o teu sorriso e tê-lo só para mim
Sentir o teu coração bater perto do meu.
Quero guardar-te bem nos meus braços
Sentir-me estremeçer quando dizes que me amas.
Quero sentir a tua pele... fria... quente.
E sentir os teus lábios massajando a minha...
Quero ter-te nas minhas mãos e não te perder
Sentir o teu corpo chamando p'lo meu...
Quero amar-te devagarinho até à eternidade
Quero ouvir os teus olhos falando de amor
Sentir o teu toque falar de saudades
Quero sentir-te adormecer dentro do meu peito.
Para depois olhar para ti
E sentir-me feliz... muito feliz mesmo...

Maio/2000

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Amo-te

Amo-te em silêncio
Sem palavras...
Porque te olho e te amo
Porque te penso e te amo...
Amo-te quando adormeço
E te sonho uma flor...
Amo-te quando acordo
E o sol traz o teu calor...
Amo-te quando os ventos
Me segredam o teu nome
Quando os mares
Me refrescam com a tua pele...
Amo-te quando caminhas e me fazes seguir-te...
Amo-te quando me olhas e me embaraças com teu carinho...
Amo-te quando me tocas e estremeço de felicidade...
Amo-te quando sem ti desejo que venhas...
Amo-te em silêncio
Com todas as palavras...

19/Setembro/2004

Volta

Volta...
Volta para mim que estou aqui
Riscando todos os segundos
Num interminável calendário...

Volta...
Que te preciso...
Tanto que já não guardo o vazio que me doi no peito
A parte de mim que ficou perdida
Algures no caminho que traçaste...
Fecho os olhos para não ver a solidão
Para não ver os locais que não visitas
As frases que não dizes...
Ficou ouvindo canções de amor que me falam de ti
Em todos os acordes e em todas as notas...
Uma lágrima...
Depois muitas...
Trazem o teu sabor pelo meu rosto
E por instantes sinto um beijo teu...

24/Setembro/2004

Partes

Partes...
Vejo na esquina
A solidão que me espera...
Mas sinto a vontade de lhe dizer não...
A vontade de lhe fugir...
Porque tenho na alma
A serenidade da tua voz...

Vejo a solidão que me espera
Mas vou transformá-la em poesia
Vou enfeitá-la com as estrelas que brilham nos teus olhos
Vou moldá-la com os teus gestos...
Colocar nos seus passos a harmonia do teu corpo...

Vejo a solidão
Sinto-a tomar conta de mim
Mas vou mostrar-lhe
Cada momento que nos une
Partilharei com ela
O teu rio que corre em mim...
Vou dizer-lhe
Que nunca mais me sentirei só
Mesmo que esteja sem ti...
Chorando... sorrindo...
Mas nunca mais me sentirei só...

4/Fevereiro/2005