sexta-feira, 17 de março de 2006

Acordar

Olhos tristes... alma sem vida...
Fechada neste buraco onde sozinha procura
O rumo... o sentido...
Onde sozinha vai chorando
Lágrimas de sangue... de medo...

Dias cinzentos, sem música
As noites frias arrefecem o coração.
E aumenta a dor nesse peito sofredor...
E a dor é forte,
Mais forte que tudo,
Mais forte que a vida,
Mais forte que a morte...
Esse buraco... refúgio... abrigo...
Esconderijo predilecto
Quando nada parece real
Quando tudo parece pesadelo...

Acabou-se o sonho e por isso dormes
De olhos bem abertos para a dor não te fintar.
Para a dor não te iludir de novo...
Até que um dia...
Uma tímida luz toma conta dos teus olhos
Uma ténue esperança traz um pouco de vida à tua alma.
Ao longe uma música faz-se ouvir
Cada vez mais alto... cada vez mais clara...
Nesse buraco as paredes desmoronam-se...
Os dias são mais longos... mais bonitos... mais apetecíveis...
A noite é mais quente
E o coração bate de novo... ansioso...
A dor já é leve... passado... já é recordação.
Não recordação triste... mas apenas recordação...

E o refúgio torna-se ridículo
E o abrigo torna-se sufocante
É tempo de viver... é tempo de emoções
É tempo de amar outra vez...
E a vida espera-te na mesma esquina onde a abandonaste...
Ela espera-te... alegre... saudosa
Pronta para te fazer feliz
Pronta para te fazer infeliz
Pronta para te fazer viver...

Julho/1999

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