quinta-feira, 22 de março de 2007

Lugares

A vida mudou-se
Lá para cima, penso eu...
Ainda pensei seguir-lhe o rasto...
Mas estou tão bem aqui
Perto do sol
E das muralhas do castelo
Finalmente...

22/Março/2007

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Palavras inventadas

Lembro...
As palavras inventadas
As palavras vestidas de noite
Sentidas de frio e estrelas...
Palavras tão fortes de ás e ós
Doces de solidão... verdes de orvalho...
Lembro...

10/Janeiro/2007

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Partida

Vejo-te partir...
Sigo os teus passos com o olhar turvo
Pela tristeza que de mim se apodera...
Vejo teu corpo tornar-se mar
A tua voz misturar-se na natureza...
Segues o teu caminho
E eu me escondo para que não vejas as minhas lágrimas
O coração suplica-me
Mas meus braços não podem impedir-te de partir...

Vejo ainda o teu cabelo ao vento
E no meu rosto a frescura da tua pele
É trazida pela brisa com que o mar me sopra poemas de ti...
Partes...
E nas mãos sinto o soluçar da minha alma...
Sinto a solidão que me aguarda serena...
Choro agora todas as lágrimas do mundo
Enquanto aperto no peito a ilusão do teu corpo
Enquanto beijo suavemente a lembrança dos teus olhos...
És linha do horizonte... desapareceste de mim...
Levaste as formas do meu sorriso...
E aqui estou agora
Procurando por ti...
Fixando o infinito
Esperando por ti...

2/Dezembro/2004

Súplicas

Suplico ao vento que te traga adormecida
Para o calor dos meus braços...
Para te olhar dormindo
E deliciar meus sentidos com as linhas do teu rosto...

Quero-te tanto
Que cada instante do dia que vivo
É um tormento que me adoça a alma
Um sofrimento sem dor que repousa no meu coração...
As lágrimas que choro em silêncio
São gritos em que desespero por ti...
Em que te canto o mais belo poema de amor
Em que te toco tão levemente que quase não te sinto...
São a simplicidade com que te amo...

Suplico ao sol que me ilumine com a tua luz
Que me aqueça com os teus olhos...
Que te traga inteira

Suplico ao vento que te diga a cor das minhas lágrimas
De como elas gritam o teu nome
Suplico ao mundo que te mostre a verdade de mim

Faltam-me as palavras e fico desejando que entendas
No meu gesto desajeitado... na tremura da minha voz
O sentimento que me arrebata
E me faz correr atrás de todos os momentos que ainda sinto tão vivos...

Fico desejando que entendas
Que te amo com a força deste mar que rebentou as muralhas
Do porto onde me refugiei... onde me escondi das tempestades...
Fico desejando que entendas
Que te amo... te cuido
Que te beijo
Em cada segundo... em cada inspiração...

21/Novembro/2004

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Penhasco

Sentei-me contigo na beira de um penhasco...
Observámos o Mundo inteiro com os mesmos olhos...
Sentimos no corpo a mesma vibração...
Voámos de mão dada sobre o mar partilhando os mesmos cheiros...

Em silêncio falámos
Dos nossos sonhos... das nossas mágoas...
Eu senti no meu peito a tua dor passada
E o teu coração chorou as minhas lágrimas...

Tudo ficou mais belo
Tudo ficou mais claro
Porque estavas comigo...
Na beira de um penhasco...

15/Janeiro/2005

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Poema

"Tu estás em mim como eu estive no berço
como a árvore sob a sua crosta
como o navio no fundo do mar"

Mário Cesariny

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Falar de saudades...

Falar de saudades

Se eu te falar de saudades
Será que sentes na minha voz a tristeza de todas as noites
O frio da insónia de te pensar?
Será que sentes na minha voz
A ilusão em que ouvi teus gestos ecoando pelo meu quarto
A solidão que me abraçou
Quando o teu sorriso ficou ainda mais distante?

Se eu te falar de saudades
Acreditarás nos suspiros do meu coração
Nos relatos da minha alma que vazia te quis sonhar
Te quis sentir... beijar?...
Se eu te falar de saudades
Acreditarás na dor que ficou quando te senti partir?...
Acreditarás na escuridão da minha vida sem ti?...

Se eu te falar de saudades
Sentirás o aroma das lágrimas que cegaram os meus olhos?
Sentirás a sinceridade do tremor das minhas mãos?
Se eu te falar de saudades, meu amor
Acreditarás num mundo que me aprisiona enquanto te aguardo
Acreditarás nestas correntes
Que prendem todos os meus passos se nenhum deles me levar a ti?...
Sentirás na emoção com que te falo
A alegria infantil de te rever?...
Sentirás na emoção das minhas palavras
A ternura com que te guardo em mim?

Se eu te falar de saudades, meu doce amor
Será que sentes no teu rosto o toque dos meus lábios?
Será que sentes no teu coração a verdade do meu?...

13/Abril/2005

Pequenas coisas

Desde que te conheci
Trago o sorriso nos lábios
Que contigo eu aprendi
Nos beijos que sonhámos…
Tornaste mais sábios
Todos os meus sentidos
E no silêncio em que ficámos
Ouvi suspiros vividos
Que se perderam no espaço
Na ternura do teu abraço…
Ouvi-te murmurar
Ao passar à tua janela…
Sentei-me debaixo dela
Esperando que o teu sussurrar
Fosse ficando mais forte
E quem sabe até com sorte
Te pudesse ouvir cantar…
Desde que te conheci
Que tenho o sol no peito
E a lua no meu olhar
Porque te tenho a ti
Como num dia perfeito
Nascido só para te amar…
Tenho esquecida a tristeza
Que mil noites me visitou
As lágrimas que em mim deixou
Este coração de incerteza…
Desde que te conheci
Que me sento à tua janela
Porque em tudo o que vivi
Não senti doçura como aquela
Que experimento perto de ti
Porque em tudo o que sonhei
Nem por momentos ousei
Tocar-te com a minha mão
Sentir-te no coração
No dia em que te conheci
Num instante te pertenci
E em tudo o que faço
De ti coloco um pedaço
Porque cada pensamento meu
Só tem razão de ser
Se por ti ele nasceu
Se por ti ele viver…
Desde que te conheci
Que te amo todos os dias
Como no dia em que descobri
Que és a dona dos meus dias…

8/Fevereiro/2005

terça-feira, 7 de novembro de 2006

O resto

São as estrelas
É a Lua...
És tu como luar...
É o Sol e o vento e tu como céu...
É o verde, o amarelo e o castanho
E tu a terra de onde nascem as árvores...
És o princípio
O começo...
Tiro de partida, sei lá...
Existes tu
E depois existe o resto...
Porque os pássaros voam
E tu sopras o vento que os sustenta...
As flores crescem
E tu choras a chuva que as rega...
Tu caminhas
E o Outono deixa cair a folhagem
Para te amaciar os pés...
Existes tu...
Imensa como o céu
Pujante como a terra...
Depois o resto...

11/Dezembro/2004

domingo, 5 de novembro de 2006

Vim chorar

Vim chorar contigo noite amiga
Que tantas vezes amparaste minhas lágrimas.
Vim partilhar contigo toda a dor que sinto dentro do meu coração
E que me deixa sedento de insónias sem fim.
Já nem sei porque choro tanta é a neblina
Onde me escondo de todos os males que me perseguem.
Por vezes sinto que me é negada a felicidade
Sinto que todos me escondem a mais pura e simples verdade
E em troca me presenteiam
Com mentiras piedosas que insistem em servir
Com amargos traços de solidão

Este vazio que vive na minha alma
Que me sufoca, que me destroi
Todos os dias um pouco
Sem que nada faça para o evitar
É uma tormenta de que não consigo fugir
De que nem tento fugir
Pois que há muito se tornou parte de mim
Como se não pudesse viver sem ela
Como se estivesse presente no ar que respiro

Nada mais tenho a fazer
Se não entregar-me na noite
Colhendo nos seus braços o aconchego de coisa nenhuma
O calor das coisas inexistentes... o fracasso dos meus sonhos
Tento abraçar a dor para que não me engula
Enquanto desesperadamente tento guardar em local seguro
Uma restea de esperança tão fina... tão frágil
Que se esfuma numa brisa suave de Verão.

Pego num papel
Desenho todas as lágrimas que ainda tenho para chorar
Desenho o mundo longe de mim porque não lhe pretenço
Desde que esqueci o meu sorriso junto de alguém que o levou.

Quero dormir
Mas não quero voltar a sonhar
Quero dormir
Mas não quero voltar a sorrir...

4/Outubro/2004

Relembrar

Relembro em silêncio os sons de uma noite de amor
O bater do desejo dentro do coração
O desenho da tua boca doce
Os teus lábios macios e quentes
O teu corpo de toque sedoso

Relembro todas as sensações que aprendi nessa noite de amor
Todo o tremor que senti dentro de mim
Todas as palavras que receoso, não ousei dizer-te
Toda a beleza de um momento
Que as minhas mãos foram incapazes de reter por inteiro

Relembro o que vi em ti
Quando a tua alma reflectida nos teus olhos
Me disse tantos dos teus medos

Relembro os teus sabores que meus dedos provaram
Que a minha boca saciaram em todos os beijos que te dei
Em todos os beijos que ficaram por te dar
Os sabores da pele com que me embriagaste
Pelo toque, pelo pulsar, pelo existir.
Desejando que aquela tua pele macia
Jamais partisse para longe dos meus braços

Relembro a história do amor que fizemos
De como ouvimos a mesma música sem a ouvirmos
De como partilhámos nossos pensamentos pelo contacto das nossas mãos
De como nossos olhares se tornaram gémeos
Em cada pedido de um beijo...

Relembro a minha respiração sofrida
Enquanto procurava guardar na memória
Cada momento, cada instante
De um amor imenso contigo...
Melhor do que tudo o que vivi
Melhor do que tudo o que sonhei

Relembro o abraço em que deixámos de existir
Relembro uma noite de amor contigo
Em que quase te supliquei
Que ficasses comigo para sempre...

21/Outubro/2004

terça-feira, 31 de outubro de 2006

Momentos

Em todos os momentos da tua ausência
Senti que te amo...
Em cada segundo desta espera desesperei...
Em cada instante da tua ausência
Fechei-me ao mundo... ignorei as horas
Não diferenciei o dia da noite...

Fechei-me em mim
Isolado de todo o movimento
De todos os ruídos... e esperei-te...
Segurando em meus braços
Todo o amor que cresce em mim...
Guardando em meus lábios
Todos os beijos que sonhei para ti...

Sem ti nenhum lugar é lugar
Sem ti nenhuma luz é luz...
Esperei-te
No silêncio das lágrimas... no frio da solidão...
E em cada momento da tua ausência
Senti que te amava...
Porque não tive pensamento
Que não te pertencesse...
Não chorei lágrima que não tivesse o teu nome...

Em todos os momentos desta espera
Me senti adormecido para a vida
Sem rumo... sem horizonte...
Senti que te amava
Porque preciso de ti
Porque te esperaria sempre
Com a mesma ansiedade... a mesma ternura...
Com que te digo...
Amo-te...

5/Novembro/2004

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

O teu olhar...

O teu olhar

Quando me encontrar com os teus olhos
Vou ser feito de vidro...
Vou ser transparente...
Terei na pele desejos e sonhos
Pedaços de ti desenhados pelo céu...

Terei o mar guardado no olhar
E pedir-te-ei que navegues em mim
Que percorras as encruzilhadas
Onde me perdi... onde me destruí...

Terei a verdade nas minhas mãos
Com ela tocarei o teu rosto
E em silêncio
Ouvirás o meu coração chorar o teu nome...

Terei no corpo
A inspiração dos poetas
A liberdade dos pássaros
A força do ventro
Quando me encontrar com os teus olhos
Serei transparente... feito de vidro...
Sentir-me-ei tremer
E deixarei a teus pés o poema da minha vida
Escrito com o teu sorriso
Com o brilho dos teus olhos...
Deixarei a teus pés
Este amor com o teu nome...
E ficarei olhando para ti...
Seduzido... imóvel...
Decorando cada instante teu
Sentindo que além de ti não há o que procurar
Perder-me-ei em cada momento
Sem me aperceber de que o tempo parou

Quando me encontrar com os teus olhos
Oferecer-te-ei lágrimas de felicidade
E em cada uma colocarei
Uma parte de mim...
Uma parte do coração
A palavra amo-te...

6/Dezembro/2004

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Preciso

Preciso de ti
Adormecida nos meus braços
Entregue ao amor que te dedico...

Preciso de ti
Naquela praia onde os sonhos são eternos...

Preciso de ti
Para voarmos sobre os campos...
Sobre a escuridão…

14/Fevereiro/2005

Longa noite

A noite vai longa...
O sono que perdi no dia em que partiste
Continua em parte incerta...
Sinto um frio no corpo que me gela o olhar...
Procuro consolo em velhas canções de amor
Tentando descobrir-te cantada numa delas...
Mergulho em cada acorde
Procurando teus lábios... procurando tua voz... teu corpo
Por vezes, encontro o teu rosto desenhado numa rima
Noutras, sinto a harmonia do teu gesto na voz de uma guitarra...
E sonho acordado
Em te cantar a música com que te amo
A música que fiz para ti com lágrimas de saudade
A música que meus olhos tocarão só para ti
Quando perto dos teus viverem felizes...
Um piano toca os teus passos
E chora-te em cada nota
Partilhando a dor que meu coração abriga...
Em cada palavra cantada
Te vejo e te sinto...
Aqui tão perto de mim
Aqui tão dentro de mim...
E sinto um prazer desmedido
Por te amar desta maneira
Por encontrar em ti
Toda a razão da emoção
Com que te recordo, te aguardo...
De coração aberto para te receber...
Se um dia precisares...

4/Dezembro/2004

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Conquista de paz

Sentei-me a ouvir a chuva
Cada pingo traz-me ao dia de hoje
O olhar triste de ontem.
Reparo na semelhança
E sinto em mim a melancolia
Que tantas outras vezes senti
Quando a chuva parecia
Chamar por mim.
A chuva cai dentro de mim
Como lágrimas que tanto quero chorar.
Olho os meus dias
E são mais os olhares distantes
Do que os sorrisos
Porque é assim?
Se o que quero da vida
É tão pouco...
Comparado com o que preciso
Sinto uma dor profunda
Tão intensa que recuso medi-la
Tão intensa que quero ignora-la
Para não me dar conta
Da minha realidade
Da solidão em que realmente vivo
E que em momentos tão raros
Finjo desconhecer...
Pela janela conto os dias
Pergunto-me se faltará muito
Para conquistar a paz...
Uma paz que me embale o sono
Que me faça dormir todas as noites
E não me deixe acordar...

4/Outubro/2004

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Se procurares

Se procurares
Encontrarei...
Se sorrires
Sofrerei teus males...
Se voares
Dar-te-ei as minhas asas...
Se chorares
Dar-te-ei as minhas lágrimas...
Se caminhares
Levar-te-ei em meus braços...

Se quiseres...

Ao outro lado do mundo
Correrei para te ver feliz...

6/Novembro/2004

domingo, 1 de outubro de 2006

Impotência

Sinto a impotência
Dos momentos imperdíveis...
Em todo o meu corpo
Milhares de vozes gritam a melancolia
Que hoje me invadiu...

Procuro razões para entender
O que não é entendível...
Que caminhos me trouxeram
A uma fonte de que não posso beber...

Uma ligeira brisa
Leva-me para longe do meu porto seguro
E de novo navego sob as estrelas
Sem esperança de me guiar por elas...

A inquietação do que não tenho faz-me serenar...
Relembro o ontem e adormeço numa nuvem escura
Para que não me sinta chorar...

Procuro na ilusão de um sorriso
Apagar a verdade das minhas noites...
Enquanto o conseguir...
Viverei...

10/Outubro/2004