Sentei-me a ouvir a chuva
Cada pingo traz-me ao dia de hoje
O olhar triste de ontem.
Reparo na semelhança
E sinto em mim a melancolia
Que tantas outras vezes senti
Quando a chuva parecia
Chamar por mim.
A chuva cai dentro de mim
Como lágrimas que tanto quero chorar.
Olho os meus dias
E são mais os olhares distantes
Do que os sorrisos
Porque é assim?
Se o que quero da vida
É tão pouco...
Comparado com o que preciso
Sinto uma dor profunda
Tão intensa que recuso medi-la
Tão intensa que quero ignora-la
Para não me dar conta
Da minha realidade
Da solidão em que realmente vivo
E que em momentos tão raros
Finjo desconhecer...
Pela janela conto os dias
Pergunto-me se faltará muito
Para conquistar a paz...
Uma paz que me embale o sono
Que me faça dormir todas as noites
E não me deixe acordar...
4/Outubro/2004
Sem comentários:
Enviar um comentário