quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Poema

"Tu estás em mim como eu estive no berço
como a árvore sob a sua crosta
como o navio no fundo do mar"

Mário Cesariny

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Falar de saudades...

Falar de saudades

Se eu te falar de saudades
Será que sentes na minha voz a tristeza de todas as noites
O frio da insónia de te pensar?
Será que sentes na minha voz
A ilusão em que ouvi teus gestos ecoando pelo meu quarto
A solidão que me abraçou
Quando o teu sorriso ficou ainda mais distante?

Se eu te falar de saudades
Acreditarás nos suspiros do meu coração
Nos relatos da minha alma que vazia te quis sonhar
Te quis sentir... beijar?...
Se eu te falar de saudades
Acreditarás na dor que ficou quando te senti partir?...
Acreditarás na escuridão da minha vida sem ti?...

Se eu te falar de saudades
Sentirás o aroma das lágrimas que cegaram os meus olhos?
Sentirás a sinceridade do tremor das minhas mãos?
Se eu te falar de saudades, meu amor
Acreditarás num mundo que me aprisiona enquanto te aguardo
Acreditarás nestas correntes
Que prendem todos os meus passos se nenhum deles me levar a ti?...
Sentirás na emoção com que te falo
A alegria infantil de te rever?...
Sentirás na emoção das minhas palavras
A ternura com que te guardo em mim?

Se eu te falar de saudades, meu doce amor
Será que sentes no teu rosto o toque dos meus lábios?
Será que sentes no teu coração a verdade do meu?...

13/Abril/2005

Pequenas coisas

Desde que te conheci
Trago o sorriso nos lábios
Que contigo eu aprendi
Nos beijos que sonhámos…
Tornaste mais sábios
Todos os meus sentidos
E no silêncio em que ficámos
Ouvi suspiros vividos
Que se perderam no espaço
Na ternura do teu abraço…
Ouvi-te murmurar
Ao passar à tua janela…
Sentei-me debaixo dela
Esperando que o teu sussurrar
Fosse ficando mais forte
E quem sabe até com sorte
Te pudesse ouvir cantar…
Desde que te conheci
Que tenho o sol no peito
E a lua no meu olhar
Porque te tenho a ti
Como num dia perfeito
Nascido só para te amar…
Tenho esquecida a tristeza
Que mil noites me visitou
As lágrimas que em mim deixou
Este coração de incerteza…
Desde que te conheci
Que me sento à tua janela
Porque em tudo o que vivi
Não senti doçura como aquela
Que experimento perto de ti
Porque em tudo o que sonhei
Nem por momentos ousei
Tocar-te com a minha mão
Sentir-te no coração
No dia em que te conheci
Num instante te pertenci
E em tudo o que faço
De ti coloco um pedaço
Porque cada pensamento meu
Só tem razão de ser
Se por ti ele nasceu
Se por ti ele viver…
Desde que te conheci
Que te amo todos os dias
Como no dia em que descobri
Que és a dona dos meus dias…

8/Fevereiro/2005

terça-feira, 7 de novembro de 2006

O resto

São as estrelas
É a Lua...
És tu como luar...
É o Sol e o vento e tu como céu...
É o verde, o amarelo e o castanho
E tu a terra de onde nascem as árvores...
És o princípio
O começo...
Tiro de partida, sei lá...
Existes tu
E depois existe o resto...
Porque os pássaros voam
E tu sopras o vento que os sustenta...
As flores crescem
E tu choras a chuva que as rega...
Tu caminhas
E o Outono deixa cair a folhagem
Para te amaciar os pés...
Existes tu...
Imensa como o céu
Pujante como a terra...
Depois o resto...

11/Dezembro/2004

domingo, 5 de novembro de 2006

Vim chorar

Vim chorar contigo noite amiga
Que tantas vezes amparaste minhas lágrimas.
Vim partilhar contigo toda a dor que sinto dentro do meu coração
E que me deixa sedento de insónias sem fim.
Já nem sei porque choro tanta é a neblina
Onde me escondo de todos os males que me perseguem.
Por vezes sinto que me é negada a felicidade
Sinto que todos me escondem a mais pura e simples verdade
E em troca me presenteiam
Com mentiras piedosas que insistem em servir
Com amargos traços de solidão

Este vazio que vive na minha alma
Que me sufoca, que me destroi
Todos os dias um pouco
Sem que nada faça para o evitar
É uma tormenta de que não consigo fugir
De que nem tento fugir
Pois que há muito se tornou parte de mim
Como se não pudesse viver sem ela
Como se estivesse presente no ar que respiro

Nada mais tenho a fazer
Se não entregar-me na noite
Colhendo nos seus braços o aconchego de coisa nenhuma
O calor das coisas inexistentes... o fracasso dos meus sonhos
Tento abraçar a dor para que não me engula
Enquanto desesperadamente tento guardar em local seguro
Uma restea de esperança tão fina... tão frágil
Que se esfuma numa brisa suave de Verão.

Pego num papel
Desenho todas as lágrimas que ainda tenho para chorar
Desenho o mundo longe de mim porque não lhe pretenço
Desde que esqueci o meu sorriso junto de alguém que o levou.

Quero dormir
Mas não quero voltar a sonhar
Quero dormir
Mas não quero voltar a sorrir...

4/Outubro/2004

Relembrar

Relembro em silêncio os sons de uma noite de amor
O bater do desejo dentro do coração
O desenho da tua boca doce
Os teus lábios macios e quentes
O teu corpo de toque sedoso

Relembro todas as sensações que aprendi nessa noite de amor
Todo o tremor que senti dentro de mim
Todas as palavras que receoso, não ousei dizer-te
Toda a beleza de um momento
Que as minhas mãos foram incapazes de reter por inteiro

Relembro o que vi em ti
Quando a tua alma reflectida nos teus olhos
Me disse tantos dos teus medos

Relembro os teus sabores que meus dedos provaram
Que a minha boca saciaram em todos os beijos que te dei
Em todos os beijos que ficaram por te dar
Os sabores da pele com que me embriagaste
Pelo toque, pelo pulsar, pelo existir.
Desejando que aquela tua pele macia
Jamais partisse para longe dos meus braços

Relembro a história do amor que fizemos
De como ouvimos a mesma música sem a ouvirmos
De como partilhámos nossos pensamentos pelo contacto das nossas mãos
De como nossos olhares se tornaram gémeos
Em cada pedido de um beijo...

Relembro a minha respiração sofrida
Enquanto procurava guardar na memória
Cada momento, cada instante
De um amor imenso contigo...
Melhor do que tudo o que vivi
Melhor do que tudo o que sonhei

Relembro o abraço em que deixámos de existir
Relembro uma noite de amor contigo
Em que quase te supliquei
Que ficasses comigo para sempre...

21/Outubro/2004

terça-feira, 31 de outubro de 2006

Momentos

Em todos os momentos da tua ausência
Senti que te amo...
Em cada segundo desta espera desesperei...
Em cada instante da tua ausência
Fechei-me ao mundo... ignorei as horas
Não diferenciei o dia da noite...

Fechei-me em mim
Isolado de todo o movimento
De todos os ruídos... e esperei-te...
Segurando em meus braços
Todo o amor que cresce em mim...
Guardando em meus lábios
Todos os beijos que sonhei para ti...

Sem ti nenhum lugar é lugar
Sem ti nenhuma luz é luz...
Esperei-te
No silêncio das lágrimas... no frio da solidão...
E em cada momento da tua ausência
Senti que te amava...
Porque não tive pensamento
Que não te pertencesse...
Não chorei lágrima que não tivesse o teu nome...

Em todos os momentos desta espera
Me senti adormecido para a vida
Sem rumo... sem horizonte...
Senti que te amava
Porque preciso de ti
Porque te esperaria sempre
Com a mesma ansiedade... a mesma ternura...
Com que te digo...
Amo-te...

5/Novembro/2004

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

O teu olhar...

O teu olhar

Quando me encontrar com os teus olhos
Vou ser feito de vidro...
Vou ser transparente...
Terei na pele desejos e sonhos
Pedaços de ti desenhados pelo céu...

Terei o mar guardado no olhar
E pedir-te-ei que navegues em mim
Que percorras as encruzilhadas
Onde me perdi... onde me destruí...

Terei a verdade nas minhas mãos
Com ela tocarei o teu rosto
E em silêncio
Ouvirás o meu coração chorar o teu nome...

Terei no corpo
A inspiração dos poetas
A liberdade dos pássaros
A força do ventro
Quando me encontrar com os teus olhos
Serei transparente... feito de vidro...
Sentir-me-ei tremer
E deixarei a teus pés o poema da minha vida
Escrito com o teu sorriso
Com o brilho dos teus olhos...
Deixarei a teus pés
Este amor com o teu nome...
E ficarei olhando para ti...
Seduzido... imóvel...
Decorando cada instante teu
Sentindo que além de ti não há o que procurar
Perder-me-ei em cada momento
Sem me aperceber de que o tempo parou

Quando me encontrar com os teus olhos
Oferecer-te-ei lágrimas de felicidade
E em cada uma colocarei
Uma parte de mim...
Uma parte do coração
A palavra amo-te...

6/Dezembro/2004

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Preciso

Preciso de ti
Adormecida nos meus braços
Entregue ao amor que te dedico...

Preciso de ti
Naquela praia onde os sonhos são eternos...

Preciso de ti
Para voarmos sobre os campos...
Sobre a escuridão…

14/Fevereiro/2005

Longa noite

A noite vai longa...
O sono que perdi no dia em que partiste
Continua em parte incerta...
Sinto um frio no corpo que me gela o olhar...
Procuro consolo em velhas canções de amor
Tentando descobrir-te cantada numa delas...
Mergulho em cada acorde
Procurando teus lábios... procurando tua voz... teu corpo
Por vezes, encontro o teu rosto desenhado numa rima
Noutras, sinto a harmonia do teu gesto na voz de uma guitarra...
E sonho acordado
Em te cantar a música com que te amo
A música que fiz para ti com lágrimas de saudade
A música que meus olhos tocarão só para ti
Quando perto dos teus viverem felizes...
Um piano toca os teus passos
E chora-te em cada nota
Partilhando a dor que meu coração abriga...
Em cada palavra cantada
Te vejo e te sinto...
Aqui tão perto de mim
Aqui tão dentro de mim...
E sinto um prazer desmedido
Por te amar desta maneira
Por encontrar em ti
Toda a razão da emoção
Com que te recordo, te aguardo...
De coração aberto para te receber...
Se um dia precisares...

4/Dezembro/2004

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Conquista de paz

Sentei-me a ouvir a chuva
Cada pingo traz-me ao dia de hoje
O olhar triste de ontem.
Reparo na semelhança
E sinto em mim a melancolia
Que tantas outras vezes senti
Quando a chuva parecia
Chamar por mim.
A chuva cai dentro de mim
Como lágrimas que tanto quero chorar.
Olho os meus dias
E são mais os olhares distantes
Do que os sorrisos
Porque é assim?
Se o que quero da vida
É tão pouco...
Comparado com o que preciso
Sinto uma dor profunda
Tão intensa que recuso medi-la
Tão intensa que quero ignora-la
Para não me dar conta
Da minha realidade
Da solidão em que realmente vivo
E que em momentos tão raros
Finjo desconhecer...
Pela janela conto os dias
Pergunto-me se faltará muito
Para conquistar a paz...
Uma paz que me embale o sono
Que me faça dormir todas as noites
E não me deixe acordar...

4/Outubro/2004

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Se procurares

Se procurares
Encontrarei...
Se sorrires
Sofrerei teus males...
Se voares
Dar-te-ei as minhas asas...
Se chorares
Dar-te-ei as minhas lágrimas...
Se caminhares
Levar-te-ei em meus braços...

Se quiseres...

Ao outro lado do mundo
Correrei para te ver feliz...

6/Novembro/2004

domingo, 1 de outubro de 2006

Impotência

Sinto a impotência
Dos momentos imperdíveis...
Em todo o meu corpo
Milhares de vozes gritam a melancolia
Que hoje me invadiu...

Procuro razões para entender
O que não é entendível...
Que caminhos me trouxeram
A uma fonte de que não posso beber...

Uma ligeira brisa
Leva-me para longe do meu porto seguro
E de novo navego sob as estrelas
Sem esperança de me guiar por elas...

A inquietação do que não tenho faz-me serenar...
Relembro o ontem e adormeço numa nuvem escura
Para que não me sinta chorar...

Procuro na ilusão de um sorriso
Apagar a verdade das minhas noites...
Enquanto o conseguir...
Viverei...

10/Outubro/2004

Fado

Nas lágrimas que chorei...
Ouvi os acordes deste triste fado...
Solidão que vivo sem ti
As noites que não durmo
Enquanto te imagino longe de mim
Perto da minha saudade...

Procuro no mar o alento que já não sinto...
Nas árvores a força da vida
Que não te tendo não é vida...
Sinto-me perdido num deserto imenso
Onde vou caminhando em círculos
Guiado pelo teu rosto
Oásis onde sacio a sede que me fustiga...

Vem que me falha a respiração
Porque a batida do meu coração
Não te tem para com ela rimar...

Vem porque descobri em meus olhos
A falta de te ver acontecer
A falta de todos os teus olhares...

Nas lágrimas que chorei
Ouvi a dor deste triste fado...
Chamando pelo teu nome...

1/Novembro/2004

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Mão...

Mão

Vou caminhando sem saber para onde.
Vejo ao longe o abismo...
Chama-me... carente... e vou ter com ele...

Sinto resignação...
Vou ultrapassando obstáculos
Sem dificuldade... sem dor...

Sinto, por vezes, uma mão que me segura
Uma mão que me impede de avançar...
Agarro-me a ela com a pouca força que ainda me resta
Tento lutar para não a perder...

Talvez seja sôfrego demais
Talvez o desespero seja maior do que imaginava...
E ela foge...
A mão que sentia, desaparece e empurra-me para a frente...

O abismo cada vez mais perto...
A mão...
Sinto-a presente e ao mesmo tempo ausente.
A tranquilidade que me traz é igual ao desconsolo em que me deixa...
A mão...
Que me embala
Que me trata
Que me dá coragem
É a mesma mão que depois me larga
E me aprofunda a dor...

Estranho ou nem tanto...
Talvez estranho fosse
Se fosse de outra maneira...

Outubro/1999

Noites

Mais uma noite sem dormir
Uma saudade imensa habita em mim
E vai sugando o meu sangue
Como se me matasse todos os dias um pouco mais...

Recuso ver rostos
Se em nenhum deles está o teu
Nego-me as vozes
Se nenhuma delas é a tua...

Fecho-me
Não quero dormir
Para não sonhar que te não tenho
Para não acordar sem ti...

Sinto-me sem coração... sem batida...
Por dentro estou vazio
A minha alma perde-se
No meio da tristeza que me consome...

Não vou dormir
Não quero dormir...

24/Setembro/2004

Serenidades

Já te escrevi tantas linhas...
Em cada uma delas procurei a verdade do que sinto por ti
Para melhor compreender todo este sentimento
Que transborda de mim...

Releio todas as coisas e em nenhuma encontrei
O espelho do que vive comigo...

Falar do que se sente
Quando o que se sente
É maior do que as coisas explicáveis.
Maior do que tudo o que se imagina...

Olho para todos os lados
Pedindo ajuda....
Procurando encontrar palavras escritas
Palavras faladas... palavras sentidas
Que me ajudem a te dizer a minha verdade...

Que te amo...
De uma maneira simples
Intensa, forte, tranquila...
Amo o que vejo nos teus olhos
O que pressinto na tua alma...

Amo a forma
Como receosa tentas fugir da vida
Que te aguarda algures no teu caminho....

Amo o teu olhar necessitado
Amo o brilho que sei existir dentro de ti
Amo o sorriso com que iluminas
O dia dos que te rodeiam...
Mas amo ainda mais tudo aquilo
Que o teu sorriso anseia por viver...

São tantas as razões para te amar
E, por isso, acordei com o amor dentro de mim...
Sem que pudesse ou quisesse contrariá-lo...

Beijo as tuas mãos
Esperando que nesse beijo sintas
A imensidão do que quase me sufoca...

4/Outubro/2004