Entreguei a minha alma nas mãos desta caneta
Mil vezes testemunha de tantas palavras sentidas
Fechei meus olhos
Senti meus dedos num suave movimento
E deixei-me ficar recordando cada uma das lágrimas
Que colecciono no coração
Revivendo os medos de que me sinto prisioneiro...
Enquanto minha mão rabisca ao sabor da vontade da alma...
Ouço todas as mágoas... todo o sofrimento...
Toda a pena de mim próprio que tantas vezes me devorou
Em noites esquecidas do mundo...
Vi o caminho cheio de sonhos perdidos
De sonhos chorados que nunca passaram de frágeis desejos...
Sinto meus dedos frenéticos
Mas não me atrevo à luz...
Porque é imensa a dor de relembrar a dor
Que me prende neste porto sem abrigo onde me encontro sem esperança...
Sinto anos perdidos, beijos sem dono
Abraços frios como ténues lembranças
De todos os sorrisos que nunca conheci...
Sinto embriagada a caneta que seguro nas mãos agora trémulas...
Subitamente...
O silêncio é ensurdecedor
Abro os olhos...
Nos meus dedos repousa a caneta com ar feliz
Olho a folha de papel com sede de palavras por ti...
Não há palavras!
Apenas o desenho do teu rosto...
20/Novembro/2004
1 comentário:
Passei nesta morada ocasionalmente, gostei, parei e "postei"!
Escrever é um dos melhores exercícios de introspecção, continua!
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