quinta-feira, 13 de julho de 2006

Talvez

Talvez um dia acorde
Contigo num espelho de água
Talvez um dia acorde
Com o sorriso desenhado pelo teu corpo…
E esperarei como quem não espera
Debaixo dos sonhos nublados,
Dentro da criança que come chocolates
Na véspera da dor de barriga…

Talvez um dia acorde
Com a tua voz nas almofadas
Compondo o pequeno-almoço
Que trarei servido em poemas de ouro…
Talvez um dia haja uma noite
E logo a seguir outros dias e outras noites
Em que as minhas mãos falem com as tuas
E que com flores nos dedos,
No rodopio dos corações sem medo,
Dancemos as músicas das montanhas e dos mares…

Talvez um dia não exista a palavra talvez
E a colecção de desejos que escondo no bau amarelo
Seja devorada numa noite de estrelas e Lua…
Pendurei a chave do bau no cabide
Onde deveria pendurar as roupas com que te amo…
Mas é a minha pele… o meu osso… o meu pulmão…
Já não são roupas…
Arderam no meu corpo quando mergulhei
No incêndio dos meus sentidos
E agora são roteiros da minha alma…

Espero como quem não espera
Desejando como quem não deseja…
Talvez um dia percebas as estátuas com que te idolatro…

27/Março/2005

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