sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Sou ou não


Não sei quanto sou
Se sou muito ou perto de tudo
Se sou pouco ou apenas pouco mais que nada

Não sei quanto sou
Se sou um monte de alguma coisa relevante
Se uma rasteira quantidade de coisa nenhuma

Não sei quanto sou
Se sou vivo para mais alguém
Se apenas morto para mim mesmo

Não sei que quantidade de mim deva reportar
Se um zero ou dois ou três milhões de zeros
Se um apenas, único e irrepetível

Não sei quanto sou
Se uma dúvida sem esclarecimento
Se certeza sem prova científica
Não sei quanto sou
Ainda não medi a minha altura em gente
Ainda não pesei o peso das costas

Não sei quanto sou
Não sei quando sou
Se ali atrás
Se aqui
Se ali mais à frente

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Desejo final

Quero morrer bem morto
Morrer enquanto ainda for bem vivo
Morrer cheio de vida
E não morrer moribundo e ineficaz
Quero morrer sem ser aos poucos sem ser de uma só vez

Quero morrer pomar na colheita
Rede de pescador esbanjando pescaria
Não quero morrer incompleto
Morrer quando já tiver perdido o pulso
Sem tempo para me lembrar de esquecer de todas as coisas
Mesmo as inprescindíveis
Mesmo as imperdíveis

Não quero morrer num segundo preso num relógio sem corda
Quero morrer pedaço a pedaço
Despedaçado nas mãos de quem me quiser enterrar
Morrer sem gaveta por arrumar
Morrer quando a minha vontade for mais forte
Quando já não tiver vida por viver

junho/2011

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Esperança

Sem nunca te perder
Nunca foste minha
Procurei-te com a fome dos idiotas
Para te ver fugir em mãos alheias
A esperança de ser esperança
Definha ao ocasional luar
Sob um olhar entediado
Só mais dia...


18/Julho/2012

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Ficar assim

Podia ficar aqui toda a noite
Só para contar quantas vezes quis sair
Todas as partidas com que ilustrei as minhas manhãs
Podia ficar assim por aqui
Juntando uma pilha de vontades escondidas
Um longo rol de sentidos proibidos
Podia sentar-me a um destes cantos
A ver as últimas résteas de luz
E ficar aqui toda a noite
Só para contar quantas vezes quis sair

Janeiro/2011

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Dia bom

Hoje foi dia bom
Dia de lembrar os esquecimentos todos
Reprimir os coletes de forças
Foi dia bom para ver a chuva autoritária
Dia de secar a garganta com tanto silêncio
Foi bom o dia
Quer dizer...

20/Novembro/2010