quarta-feira, 19 de março de 2008

Nevoeiro Cerrado

Nevoeiro cerrado

No cimo da esperança
A revolta no grito

A dor dos outros
Que gravo na noite

Sinto a explosão
Sem sangue a escorrer
Sem cabeças a rolar

Nevoeiro cerrado
Enche os olhos de noites

Abismos escondidos
Sorriem-me a cada passo

Sento-me perto do mar
Esperando o ruir de castelos

E a lua grita-me
Sussura-me
E a lua beija-me

Que saudade de mim!

19/Março/2008

Solidão

Solidão
Porque não me deixas
Porque não procuras outra alma
A quem roubar a felicidade?
Porque insistes em me prender
Com teus macabros encantos?

Vai-te... deixa-me
Odeio-te com todas as forças que me restam
E que me dão esperança para lutar até ao fim

16/Setembro/1988

Pedra preciosa...

Pedra preciosa

És pedra preciosa na fortuna que não tenho
Estrela que brilha na minha escuridão
És pedaços de sonho em que vou e venho
Brisa suave numa noite de Verão

És conto de fadas que não existe
História de amor por acontecer
És pensamento alegre, pensamento triste
Mar em que navego sem me perder

É por isso que te quero tanto
Por isso é triste o meu pranto
Quando me sinto assim sozinho

Por isso é que a vida tem sentido
Por isso é que me sinto agradecido
Teres entrado em meu caminho

Dezembro/1987

A mão

Vou caminhando sem saber para onde.
Vejo ao longe o abismo
Chama-me... carente
E vou ter com ele

Sinto resignação
Ultrapasso obstáculos sem dificuldade... sem dor

Sinto uma mão que me segura
Que me impede de avançar.
Agarro-me a ela com a pouca força que ainda me resta
Tento lutar para não a perder

Talvez seja sôfrego demais
O desespero... maior do que imaginava

E ela foge...
A mão
Empurro-me para a frente
O abismo está cada vez mais perto

A mão
Sinto-a presente
E tão ausente
A tranquilidade que me traz
Igual ao desconsolo em que me deixa.

A mão que me embala me trata
Que me dá coragem
É a mão que depois me larga
E me aprofunda a dor

Estranho ou nem tanto
Talvez estranho fosse
Se fosse de outra maneira...

Novembro/1999

Impossíveis

É impossível esquecer-te
Porque em cada brisa a doçura da tua voz
Em cada momento te procuro meu redor

É impossível esquecer-te
Porque em cada lágrima um pedaço de mim
Em cada escuridão te procuro nas sombras
Em cada esquina os teus passos

É impossível esquecer-te
Porque em cada olhar os teus olhos
Em cada instante o teu corpo
Em cada céu o teu esvoaçar...

É impossível esquecer-te
Porque em cada flor o teu cheiro
Em cada mar o teu azul
Em cada árvore o teu verde

É impossível esquecer-te
Porque és o beijo de todos os lábios
Beleza de todos os rostos
O calor de todos os abraços

É impossível esquecer-te
Porque és o sangue de cada veia

É impossível esquecer-te
Porque és todos os meus sonhos
Todos os meus poemas

17/Outubro/2004

Inexplicável

Inexplicável
A razão do que sinto
O que me preenche
E não me obriga a correr
O que me faz sorrir
E não me desespera
Sinto e basta-me

Vou procurando todas as formas de chegar a ti
E acalmo o tremor das minhas mãos.
Não encontro explicação
Para serem teus os pensamentos
Para me sentir preso em ti
E ao mesmo tempo tão livre

Dou-te o melhor de mim
Sem de ti querer nada
Secretamente desejando que me dês tudo.
Não sinto a pressão da vida
Não sinto as lágrimas de ontem
Apenas sinto amar-te

Aqui
No silêncio onde te contemplo
No silêncio onde componho
Todas as linhas da minha emoção
Apenas sinto amar-te
Como um privilégio que me foi dado
Pelo amanhecer de um dos meus dias

É inexplicável
A razão do que sinto
Mas quero tanto sentir
Que adormeço embalado
Pela certeza do bater do meu coração...

23/Outubro/2004

quarta-feira, 12 de março de 2008

O teu mar...

O teu mar

A lua ilumina-te o rosto
E vejo-te reflectida nas ondas do mar
Na areia fico sorrindo às águas
Esperando poder banhar-me no teu abraço salgado

A luz das estrelas aquece todos os poros da minha pele
E apetece-me gritar por ti

Contar às sombras como descobri que te amava...
Correr pelas ruas pintando o sorriso onde te guardo

Vai amanhecendo
E na areia onde adormeci
O mar deixou escrito o teu nome
As nuvens desenham os teus olhos em tons avermelhados

Sinto-me invadido por imensa saudade
Quando recordo a cor intensa do teu universo

Os sons lembram-me a harmonia
Em que vivem todas partes de ti

Ouço a tua voz no cantar dos pássaros pela manhã
No descansar dos ventos

E adormeço de novo
Abraçando toda a dor da saudade

23/Outubro/2004

quarta-feira, 5 de março de 2008

Um só olhar

Olhar dorido
Cansado
Olhar de frente risonho
Escondido das névoas
Perdido nas ruelas
Olhar que mente e desmente
Que vive e morre
Quando o vento lhe assobia fins e princípios...

Olhar dormente
Esperando um beijo
Olhar silencioso
Gritando as cores dos sonhos
Olhar que flutua entre o sim e o não...

Olhar meu que é teu
Olhar teu que é único
Olhar nosso que construímos
Com tijolos de amor e sexo
Refrescante de luz e suor...

Olhar que perde rumos
Olhar que persegue fugas
Olhar que olha e não vê
Que olha e não quer ver

Olhar...
Um olhar e tantos olhares
Uma vida e tantas vidas
Tantos risos, tantos choros
Tantos olhares...
Num só olhar...

14/Fevereiro/2008

Querer

Queria escrever-te o amor como o conheço
Queria falar-te do amor como eu sinto
Pegar na tua mão e levar-te ao céu
Passear-te por todos os jardins... por todas as montanhas

Queria contar-te o amor como o conto
Uma flor
Um perfume
Um olhar deslumbrado

Queria dar-te o amor como eu o dou
Toque no rosto
Beijo demorado
Abraço sem fim
Amor de palavras simples

Queria mostrar-te o amor que me dói no peito
A saudade que sinto quando partes sem mim
A saudade que te espera
Te sonha e te anseia

Queria dizer-te do amor que queria sentir
Por ti...

19/Setembro/2004